22 de junho | 2008

Patrono do Thermas pode ter sido secretário do Papa Pio XII

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 O Patrono do Parque Aquático Thermas dos Laranjais, Dr. Antônio Augusto Reis Neves, pode ter sido secretário do Papa Pio XII, que comandou a igreja católica no período de março de 1939 a outubro de 1958. Pelo menos esta foi a informação passada pelo professor e engenheiro hidráulico Kokei Uehara (foto), de 80 anos de idade, durante participação no Programa do Jô, da Rede Globo de Televisão, levado ao ar na noite da quarta-feira desta semana, dia 18.

A informação surgiu quando Uehara explicava o motivo porque não enfrentou dificuldades durante a 2.ª Grande Guerra Mundial, o que ocorreu com outros patrícios seus. O engenheiro justificou que o período foi tranquilo para ele porque estudava no Colégio Olímpia, que era dirigido pelo Dr. Antônio Augusto Reis Neves, pessoa de origem portuguesa que se formou em Coimbra, Portugal, e passou depois pela Universidade de Roma.

"Porque estava no internato no ginásio em Olímpia os quatros anos de guerra. Não havia problema porque o diretor do Ginásio Olímpia era uma pessoa muito educada, erudita, por sinal, foi, inclusive, do Papa Pio IX. Nasceu em Portugal e foi morar no Rio Grande do Sul, teve algum problema de saúde na família e foi criado numa outra família, mas depois ele reagiu e terminou em primeiro lugar na Universidade de Coimbra. Dr. Antônio Augusto dos Reis Neves, depois aparece formando em doutoramento na Universidade de Roma e aparece como secretário do Papa Pio XII e tive sorte de estudar no ginásio dele", afirmou.

Imigração japonesa

Uehara esteve no programa por ser o presidente do Colegiado Administrativo da ACCIJB (Associação para Comemoração do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil), entidade civil sem fins lucrativos fundada em setembro de 2003, tendo em vista o planejamento das comemorações do Centenário em 2008. Kokei Uehara é também o presidente da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social – Bunkyo.

Ele veio para o Brasil no mês de dezembro de 1936 quando estava com nove anos de idade e depois de passar pelo Colégio Olímpia, tornou-se professor emérito da USP (Universidade de São Paulo), onde estudou engenharia civil na Escola Politécnica e formou-se em 1953, especializado em hidráulica. O engenheiro foi responsável pelo projeto da represa de contenção do Recco.

"Vim (para o Brasil) no mês de dezembro de 1936, com nove anos de idade. Estou com 80 anos. Fui para a fazenda em Sertãozinho. Eu vim com meu tio e minha tia e deveria ficar uns dois anos na fazenda de café, mas fui dispensado porque era muito pequenininho e, graças a Deus, o todo poderoso, o capataz da fazenda, porque meu irmão estava aqui no Brasil, através de um interprete, pediu se poderia me dispensar. De cima do cavalo nem falou. Com isso ganhei minha alforria e fui morar com meus irmãos e tive muita sorte porque meus irmãos trabalharam a vida toda e fizeram com que eu estudasse. Eles trabalhavam no sítio. Depois eles moraram muito tempo em Olímpia, no interior, perto de Rio Preto, perto de Catanduva, perto de Barretos", contou.

Uehara deixou o Japão quando estava no terceiro ano da escola e no Brasil teve que reiniciar tudo até porque não entendia nada ainda da Língua Portuguesa.

Grupo em Altair

"Fui no grupo escolar de Altair, no município de Olímpia, era distrito (Altair) hoje é município. É uma pequena cidade e eu andava quatro quilômetros para ir e quatro quilômetros para voltar, à pé. Muitas vezes descalço porque a botina que eu trabalhava, para puxar a enxada, falava que era testa de touro, era o nome que dava para a botina no interior. Ficava muito dura e tinha que andar a pé, às vezes, porque não dava. Eu ia à pé, descalço, e na volta às vezes, o sol era tão quente, o solo ficava tão quente que queimava meu pezinho, então procurava capinzinho verde, pisando o capinzinho verde para voltar. Acho que essa história vem repetindo muitos anos com os imigrantes italianos e os outros, alemães", explicou.

A situação no Japão, segundo ele, era muito ruim: "todos os migrantes saem de sua terra contra a vontade porque não tem outro jeito. Vai para buscar vida melhor, sonho melhor e assim que nós viemos para o Brasil".

O pai e a mãe, porém, permaneceram no Japão: "minha mãe sobreviveu à guerra e após veio e passou três, quatro anos aqui no Brasil, depois ela voltou e já morreu lá". O pai, segundo ele, embora não servisse o exército, morreu na guerra: "estava doente e uma bomba caiu em cima e morreu".

Além do Parque Aquático Thermas dos Laranjais, inicialmente batizado por Clube Dr. Antônio Augusto Reis Neves, há uma escola da rede estadual de ensino de Olímpia, que também batizada com o seu nome, construída no terreno onde era o antigo campo do Terrão.

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