27 de março | 2011

Olimpiense sofre com frio e racionamentos no Japão

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Embora em uma região aparentemente pouco afetada pelo terremoto que atingiu o Japão há alguns dias, o olimpiense Ricardo Alexandre Martins Yoshida (foto), de 35 anos de idade, que está em Fukuoka, região sul do Japão, está sofrendo com o frio e os racionamentos que estão enfrentando em razão da tragédia.


De acordo com sua mãe, a dona-de-casa Célia Aparecida Martins Yoshida, de 52 anos, que manteve contato com ele na quarta-feira, dia 23, por volta das 12 horas (horário brasileiro), meia noite no horário japonês, ele está passando muito frio por causa do racionamento de energia elétrica e por isso não pode ligar aquecedores.


Além disso, segundo a mãe, em Fukuoka, está havendo racionamentos de comida e água. “Ele disse que emagreceu 10 quilos e que está muito assustado. Conversando a gente sente que ele está bastante abalado”, disse.


Por causa disso neste sábado, dia 26, Ricardo Alexandre se mudaria para Nagoya, mais na região central onde espera as condições de trabalho, pelo menos, sejam melhores. “Está trabalhando pouco, entre 6 e 7 horas por dia, mas o normal é de 10 a 12 horas”, contou Célio Yoshida.


De acordo com ela, Ricardo trabalha numa empresa de alimentação que serve marmitas. “Com o racionamento não está muito bom e ele vai para Nagoya para ver se consegue alguma coisa melhor”, explicou.


“Ele está muito assustado e se pudesse viria embora já. Só não veio porque não está em condições (financeiras) agora. Ele quer quitar a passagem, levantar um dinheiro e vir embora. Aconselhei que viesse porque a vida está em primeiro lugar. Acho que não compensa mais ficar lá”, acrescentou.


A previsão é que fique no Japão por no máximo quatro meses. “Ele disse que não tem mais nada de concreto e que não sabe do jeito que vai ficar, porque os japoneses estão tentando se reerguer, mas está difícil porque de hora em hora dá terremotos, e acontecem novas coisas”, reforçou.


A radiação nuclear também preocupa. “Ele está com medo e disse que toda hora tem as sirenes anunciando que terá novos terremotos, maremotos. Inclusive, na madrugada desta quinta-feira teve terremoto de 4.9”, contou.


O medo está sempre presente. Célia conta que ele dorme e acorda com medo. “Ele fala que está tudo bem, para não passar mais preocupação para nós, mas pede para a gente orar muito para ele ter força até voltar”, explicou.


A comunicação é outro problema que enfrenta, além da destruição nos lugares por onde passa: “ele disse que está parecendo cemitério clandestino, só se vê montes de entulho e casas destruídas e está aumentando o número de desaparecidos e disse que dá dó de ver como todo mundo está abalado física e mentalmente, porque muitos perderam os entes queridos; disse que dá medo de ver o pessoal lá”.


Célia pensa no filho e compara a situação como se fosse “um pesadelo e querer acordar, vivendo com aflição e angústia. Foram 12 dias de intervalo entre uma ligação e outra. Foi muito difícil”.

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