20 de julho | 2014
Olímpia e Guaraci constam na lista de ações do MP contra Máfia do Asfalto
O nome de Olímpia e de Guaraci, na comaraca de Olímpia aparecem na lista das cidades que já têm ações civis ou penais protocoloadas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, contra integrantes da chamada Máfia do Asfalto, que foi desbaratada no dia 9 de abril de 2013 pela operação Fratelli – irmãos em italiano – realizada pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de São José do Rio Preto, em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF).
Por outro lado, nesta semana o Gaeco ingressou com mais sete ações penais contra integrantes da Máfia do Asfalto, que tem como chefe o empresário Olívio Scamatti, de Votuporanga.
Desta feita, 79 pessoas acusadas de participação em esquema de fraude em licitações, geralmente para obras de pavimentação asfáltica e recapeamento, foram denunciadas nas ações protocoladas.
O crime de fraude em licitação é punido com até quatro anos de prisão. Além dos empresários que comandavam as empresas que fraudaram as licitações, também são acusados os ex-prefeitos que concorreram para os crimes.
Os promotores de Justiça dizem que as fraudes causaram prejuízo de R$ 6,7 milhões aos cofres públicos. O Gaeco não divulgou os nomes dos denunciados. As ações tramitam em sigilo.
De acordo com informações divulgadas pelo Gaeco ao jornal Diário da Região, as sete ações penais “têm como objeto 52 crimes de fraudes a licitações, todas decorrentes de convênios firmados com o governo estadual”.
Os envolvidos são acusados de desviar recursos decorrentes de convênios firmados entre os municípios e os governos estadual e federal, também por meio de emendas parlamentares.
A investigação do Gaeco indicou que as licitações eram todas vencidas por empresas ligadas ao Grupo Scamatti, com sede em Votuporanga. Empresas “parceiras” também participavam do esquema.
A LISTA É GRANDE
Foram denunciadas em Cardoso 14 pessoas por fraude em licitação, outras 13 pessoas em José Bonifácio, mais oito acusados de cometer irregularidades em processos licitatórios em Indiaporã .
Na lista consta ainda denúncia de 21 pessoas de Floreal e Nhandeara, além de ação envolvendo mais 16 indivíduos de Urupês. No Fórum de Taquaritinga foram denunciadas outras sete pessoas por fraudes em licitações do município de Fernando Prestes.
“Em todas as acusações oferecidas à Justiça Olívio Scamatti figura como acusado, além de parte das outras 30 pessoas que já haviam sido denunciadas pelo Gaeco no Juízo da 1ª Vara Criminal de Fernandópolis, objetivando a responsabilização do grupo criminoso pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, fraude a licitações na Comarca de Fernandópolis e falsidade ideológica”, consta na nota divulgada pelo Gaeco.
De acordo com a investigação realizada pelo Ministério Público, o esquema para fraudar licitações ocorreu em mais de 62 municípios do Noroeste Paulista. “As denúncias agora oferecidas decorrem da descoberta, ao longo da investigação, da enorme potencialidade lesiva aos cofres públicos decorrente da ação da organização criminosa dos Scamattis, que ramificou suas ações delituosas para dezenas de cidades do nosso interior paulista”, consta na nota.
OUTRAS AÇÕES
Além das sete ações civis propostas nos últimos dias pelo Gaeco, pelo menos outras 25 ações civis de improbidade e nove penais já foram propostas pelo Gaeco de Rio Preto contra os integrantes do esquema em 19 municípios.
Mas há também ações penais e civis na esfera federal. No total, já foram pedidos pelo menos R$ 25 milhões em ressarcimentos ao erário. As ações começaram a ser protocoladas no final do ano passado em vários municípios da região de Rio Preto.
OLÍMPIA
Pelo menos até onde se tem conhecimento, em junho próximo passado, a promotora de Justiça Valéria Andréa Ferreira de Lima, titular da 2.ª Promotoria da Comarca de Olímpia, protocolou denúncia acusando o prefeito Eugênio José Zuliani de tentar liberar pagamentos a uma empresa ligada à Máfia do Asfalto.
Além de Zuliani, mais duas pessoas também são acusadas de prática de ato de improbidade administrativa. Ela também pede que a justiça casse o mandato do prefeito. Entretanto, não se pode afirmar que a denúncia tenha por base dados obtidos pela operação Fratelli – irmãos em italiano.
De acordo com a informação divulgada, o prefeito teria fraudado licitação para execução de obra no sistema de captação, tratamento e distribuição de água do rio Cachoeirinha.
Além do prefeito, também são alvos da ação civil pública o ex-secretário de Administração Walter José Trindade; Mauro Celso Marcucci e as empresas MVX Construções, Scamatti & Seller Infraestrutura Ltda. e Bentontix Tecnologia e Comércio Ltda.
De acordo com a investigação do MP, a empresa Scamatti & Seller venceu a licitação aberta pela Prefeitura Municipal, que foi contemplada com o repasse de verbas no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O valor repassado foi de R$ 6,4 milhões.
GUARACI
Em dezembro de 2013, o Ministério Público de Olímpia, através da promotora de justiça Renata Sanches Fernandes, ajuizou a primeira ação civil pública com a finalidade de apurar eventuais irregularidades praticadas por políticos, no caso da chamada Máfia do Asfalto, desbaratada pela operação Fratelli – irmãos em italiano. Foi contra o ex-prefeito de Guaraci, Jorge Luiz Levi, acusado de prática de ato de improbidade administrativa, por eventual envolvimento com as empresas do Grupo Scamatti, dentre elas a Demop Participações Ltda., de Votuporanga.
De acordo com o que foi apurado no site do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ), a ação foi protocolada na tarde do dia 19 de dezembro de 2013, às 16h43, tem o valor de R$ 9.988.082,10 e foi distribuída para o juiz de direito da 2.ª Vara de Olímpia, Lucas Figueiredo Alves da Silva.
Na ação, além de Levi, também são denunciados os irmãos Scamatti: Olívio, Edson, Pedro, Dorival e Mauro; também visa atingir a Luiz Carlos Seller, Maria Augusta Seller Scamatti (esposa de Olívio), Guilherme Pansani do Livramento, Valdir Miotto, Maria das Dores Piovesan Miotto, Osvaldo Ferreira Filho, Carlos Gilberto Zanata, Edson Cesar de Souza, Valdovir Gonçales, Ciro Spadacio, João Carlos Alves Machado, João Batista Zocaratto Júnior, Eduardo Bicalho Geo, Ademir Brito, Vanderlei Boleli, Yoshitaka Fugi e José Tolentino Marques.
Além das pessoas físicas, visa também investigar a Prefeitura Municipal de Guaraci e as empresas: Ciro Spadácio Engenharia e Construção Ltda.; Ultrapav Engenharia de Pavimentos Ltda.; Demop Participações Ltda.; Scamvias Construções e Empreendimentos Ltda.; Antiga Mineração Scamatti, atual Scamatti & Seller Infraestrutura Ltda.; Mirapav Mirassol Pavimentação Ltda.; Construtora Piovesan Ltda.; CBR Construtora Brasileira Ltda.; Transterra Engenharia e Comércio Ltda.; Trindade Locações e Serviços Ltda.; Transterra Engenharia e Comercio Ltda. e Caso Construtora Ltda.
BENS BLOQUEADOS PELA JUSTIÇA
Por outro lado, o juiz de direito da 2.ª Vara de Olímpia, Lucas Figueiredo Alves da Silva, determinou bloqueio de bens do ex-prefeito de Guaraci.
Na prática ele é acusado de ter praticado ato de improbidade administrativa, por eventual envolvimento com as empresas do Grupo Scamatti, dentre elas a Demop Participações Ltda., de Votuporanga.
Consta que entre os anos de 2007 e 2008, diversas licitações que foram realizadas no município teriam favorecido as empresas.
Na decisão, Alves da Silva cita que o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) apontou fracionamento indevido de licitações.
O juiz determinou ainda bloqueio de bens de proprietários do Grupo Scamatti e empresas que seriam “parceiras”, o que inclui Olívio Scamatti, apontado como chefe da Máfia, no valor de R$ 9,9 milhões.
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