11 de janeiro | 2009

Novo coordenador apóia a descaracterização do Fefol

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 No dia do 10.º aniversário da morte do idealizador e criador do maior encontro de grupos folclóricos do Brasil, professor José Sant’anna, o novo coordenador de Cultura do município de Olímpia, Vivaldo Mendes Vieira (foto), afirmou que acha viável a proposta de colocar shows populares no Recinto de Exposições e Atividades Folclóricas Professor José Sant’anna, durante a realização dos Festivais de Folclore.

Essa é uma proposta comentada pelo vereador Humberto José Puttini, em uma entrevista que concedeu no mês de dezembro de 2008 à rádio Menina AM. Puttini, segundo informado por Vivaldo, deverá assumir a Secretaria Municipal de Cultura, Esportes, Turismo e Lazer, que estaria para ser instalada nos próximos meses pelo prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho.

A afirmação de Vivaldo foi feita na quinta-feira desta semana, dia 8, quando concedia entrevista também à rádio Menina AM. “O folclore em si, o festival, é um conjunto de atrações, se você pensar, hoje você tem ações desenvolvidas que não é folclore”, foi uma de suas justificativas.

“Isso tudo pode ser aplicado em outro modelo. Não sou contra você ter uma programação. O momento das apresentações dos grupos folclóricos. Como é no dia de hoje? Apresentam-se primeiro os grupos folclóricos e depois, automaticamente, começam os parafolclóricos”, acrescentou.

Ele avisa que desde o festival de 2008 que o evento está sendo trabalhado com dois palcos, embora somente um deles tenha mais estrutura para atender aos grupos que se apresentam.
“Esse palco vai favorecer o término dos espetáculos mais cedo. Sobra tempo para fazer os shows, dá para se fazer e aproveitar também os jovens que vão lá, geralmente não assistem”, afirmou.

No entanto, destaca que a iniciativa de fazer o palco alternativo, inicialmente foi também para se aproximar do público que não participava do evento na arena cultural. “Depois que acaba os espetáculos de danças folclóricas, o jovem e a maior parte das pessoas ficam nas barracas bebendo. Se tiver shows, nada impede”, reforçou.


SHOWS
No entanto, não arriscou afirmar se os shows seriam gratuitos: “Não posso falar exatamente porque não sei como vai ser o modelo. O Beto Puttini tem uma grande experiência na formatação de eventos, é um profissional da área. Pode-se estudar um método. Ou um patrocínio, ou bancado. Hoje tem muitas bandas, tem muitos shows que são bancados. Tem permutas. Pega um determinado selo, uma determinada bebida, alguma coisa que vai patrocinar.

Você dá um espaço exclusivo e todo esse recurso vai para a contratação do show. Não sei, alguma coisa assim”.
Para ele, porém, mesmo um show de cantores do que se chama hoje de música sertaneja, não descaracterizaria o evento: “Desde que seja feito de uma forma bem profissionalizada, sem mistura, vejo que não. Viola é folclore?”, diz. “Você não sente falta de moda de viola?”, questiona.

“Vou dar um exemplo: existe um grande trabalho em São Paulo, feito por uma organização social, contratada pela Secretaria do Estado da Cultura, que gerencia várias atividades, inclusive, nos aportou R$ 150 mil nesse último festival, eles têm um espetáculo Revelando São Paulo. O Revelando São Paulo também tem os regionais, tem várias regiões, o espetáculo dele tem os shows de viola, tem grupos estrangeiros. Dentro do espetáculo em si, você cria atrações. Nada impede da gente ter um modelo parecido disso”, reforçou sua idéia.

DIVISÃO
“Não ouvi a entrevista do Beto Puttini, mas vamos supor que ele tivesse o seguinte modelo. Ia ver isso aí divido em duas partes. Temos uma coisa chamada recinto do folclore. Vamos passar para a organização do festival, um contrato em que ele vai organizar o festival de tal hora a tal hora.

Meia-noite então encerra o festival do folclore e todo mundo vai embora. Abre-se novamente as portas e agora vai ter show do Sacolejo que está alugado. Hoje aluga pra isso, aluga para festival de motoqueiros, fazer bingos, são vários assuntos que num tem nada a ver com folclore”.

Mas entende, pelo menos isso é o que se pode depreender, que dá para transformar tudo em um grande negócio. “Vamos supor que eu sou uma casa de show e vou alugar para fazer uma casa de show até maia noite e depois é uma nova atração. Vamos supor que a nova atração fala: eu não quero cobrar ingresso, quero que meu show lá fique de graça, quem está dentro fica e quem quiser pode ir embora. Não é diferente? Não são duas ações diferentes?”, afirmou.

Ao ser questionado que isso quebraria totalmente o objetivo do evento: “Paradigma se quebra, se não se quebrasse nós estaríamos numa administração pública verticalizada, burocrática, como era até então”.

 
 
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