06 de dezembro | 2015

Nasce na Santa Casa de Olímpia o 1.º bebê com microcefalia da região

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O primeiro bebê com microcefalia da região nasceu na tarde desta sexta-feira, dia 4, na Santa Casa de Olímpia. A mãe, que tem 20 anos de idade, e já teve u­ma criança quando tinha 17, contraiu a chamada Febre Zica em seu Estado de origem, ou seja, foi in­fec­­ta­da pelo Zica Vírus, do­ença que é transmitida pelo mosquito aedes-ae­gy­pti, o mesmo que é responsável pela transmissão da dengue e também da Febre Chikun­gunya.

A informação foi confirmada em entrevista concedida pelo diretor clínico da Santa Casa de Olímpia, Nil­ton Roberto Martinez (fo­to) também na tarde de ontem. De acordo com ele, a paciente veio da cidade Ribeirão, no Estado de Per­nam­­bu­co, já no quinto mês de gra­videz. No entanto, o bebê, que é do sexo masculino, passa bem.

“Nasceu agora. A médica Aline Teixeira quem fez o parto. A paciente veio de Pernambuco no quinto mês de gestação e continuou fazendo o pré-natal aqui. Está tudo bem. O bebê nasceu tranquilo, tem sinais de que está sugando (mamando) também”, acrescentou.

No entanto, além do susto que a equipe médica teve ao perceber o problema, surgiu o problema de como conduzir essa situação. Isso porque nem a Secretaria Municipal de Saúde e nem mesmo a Direção Regional têm o protocolo.

“Estamos telefonando para São Paulo para ver o que se faz com essa criança porque não temos experiência nenhuma. Mas a gente tem que tranquilizar a população de Olímpia porque na verdade não é um caso autóctone (quando é contraído na cidade), não é nos­so. É uma paciente que vem de uma região onde iniciou a epidemia do Zica Vírus”, explica.

É OU NÃO É ZICA VÍRUS

Além disso, Martinez afirma não ter certeza ainda como afirmar se esse caso de microcefalia é realmente consequência da Febre Zica. “Nós não podemos afirmar que seja consequência do Zica Vírus. Por isso que é interessante que as instituições estaduais da Saúde tomem conhecimento disso e façam alguma coisa para ter certeza: é ou não é Zica Vírus”, justifica.

Também segundo Marti­nez, o problema pode acontecer sem que seja causado pela Febre Zica, embora a mu­lher tenha migrado de uma região endêmica e ainda que essa doença está em progressão geométrica e já se espalhou por 16 estados. “O que faz crer que o mos­quitinho da dengue está fazendo um grande estrago no Brasil inteiro”, reforça.

Sem ter identificado o mo­tivo da vinda da mulher para Olímpia, reforça que ainda se trata de uma situação tranquila. “Não há nenhuma temeridade por enquanto porque é um caso vindo de fora. Isso causou uma surpresa enorme porque também não estamos acostumados com isso. Você leva um susto e fica apreensivo”, diz.

Mas em razão do município abrigar muita gente que veio para o Estado de São Paulo, principalmente com a finalidade de trabalhar na cana, Martinez não descarta a possibilidade de que surjam mais casos. “Porque esse pessoal que vem migrando de lá para cá, se a gestação foi iniciada lá, nesta área de contaminação, certamente daqui a seis a oito meses, quando houver o parto, poderá haver mais casos, sim”, comenta.

Segundo o diretor clínico, no caso do bebê, a Febre Zica atinge o sistema nervoso central. Mas ainda não sabe como será o futuro dessa criança. No entanto, prevê uma situação também muito preocupante. “Se essa criança apresentar um retardo mental, vamos ter uma legião de brasileiros com este problema”, avalia. Porém, acha que o menino tem condições de sobreviver normalmente, prin­cipalmente porque está se alimentando (sugando o leite materno). Por outro lado, Martinez não descarta o surgimento de outras doenças em razão dessa migração.

RESPOSTA RÁPIDA

Anda de acordo com Nil­ton Roberto Martinez, no final da tarde desta sexta-feira, a Secretaria Estadual da Saúde já tinha solicitado o envio de sangue para o Instituto Adolfo Lutz para fazer exames das seguintes sorologias: Citomegalovírus, Rubéola, To­xi­plasmose, Parvovírus B12, Dengue, Chikungunya e Zica Vírus.

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