29 de agosto | 2011

Migrantes são 75% na obra do Minha Casa Minha Vida

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Um exemplo bastante claro da migração que já está ocorrendo com grande parte das pessoas que buscaram oportunidades de terem uma vida melhor no Estado de São Paulo, é que aproximadamente 75% dos trabalhadores que atuam na obra do Projeto Minha Casa Minha Vida, que está construindo 786 moradias populares em Olímpia, são migrantes do norte e nordeste que, provavelmente, atuavam na colheita da cana-de-açúcar.


De acordo com reportagem publicada no jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, cerca de 350 dos 500 funcionários contratados pela Construtora Pacaembu, são de outros Estados, como Maranhão, no caso da maioria, além de Minas Gerais e Alagoas.


No total são aproximadamente 10 mil migrantes trabalhando na região noroeste, sete mil ainda no corte da cana-de-açúcar, cerca de 2,5 mil já atuam na construção civil e outros 500, aproximadamente, migraram para a colheita de laranja. No caso da construção civil, a presença deles é considerada solução.


Mas essa presença de migrantes na região de Rio Preto vai aumentar até o final deste ano. Pelo menos 1.500 trabalhadores originários do Nordeste serão contratados para construir 7.112 casas e apartamentos em oito cidades, empreendimentos que também fazem parte do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.


Mesmo assim, a Pacaembu, a principal construtora dessas obras, prevê dificuldade para selecionar mão de obra qualificada e cogita até a contratação de trabalhadores em países da América do Sul, como Bolívia e Peru.


“A contratação de estrangeiros é uma possibilidade real. Está cada vez mais difícil selecionar profissionais para tantas obras. A construção civil está aquecida não só em São Paulo, mas em todo o Brasil”, afirma Dênis Gomes da Silva, gerente da Pacaembu Construtora, que vai construir quatro mil imóveis em Rio Preto, Mirassol, Novo Horizonte e Cajobi.


Serão contratados pedreiros, ajudantes, serventes, carpinteiros, pintores, eletricistas e encanadores. Os salários variam de R$ 1 mil a R$ 4 mil – depende da produtividade. O jornal apurou que, num caso extraordinário, um azulejista faturou R$ 9 mil em um mês. Silva explica que é difícil encontrar, na região, profissionais para preencher todas as vagas. “O pessoal daqui quer outros setores”, afirma Gomes.


Os funcionários de fora são alojados e recebem alimentação. Somente homens são contratados. Mulheres são recrutadas em cidades próximas às obras. “São mais caprichosas e dão menos trabalho”, explica. Segundo Gomes, elas trabalham no acabamento, pintura e limpeza.


Embalados pelo sonho de uma vida melhor, cerca de dez mil nordestinos encaram o trabalho duro em canaviais, plantações de laranja e canteiros de obras da região de Rio Preto. São movidos pela necessidade financeira e a falta de oportunidades nas cidades de origem, e, aqui, sujeitam-se a condições de trabalho que a maioria dos paulistas rejeita, com jornadas exaustivas, serviço pesado sob o sol escaldante e até falta de registro em carteira. Tudo por salários que variam de R$ 1 mil a R$ 9 mil mensais, verdadeiras fábulas perto do que ganham na terra natal.


NO EMBALO DOS SONHOS


A migração não é nova, mas tem mudado de perfil. Começou nos anos 80, para suprir a demanda por mão de obra no corte da cana-de-açúcar. Nos últimos cinco anos, no entanto, com a mecanização nos canaviais, os nordestinos têm se transferido para a construção civil: hoje, são 2,5 mil trabalhadores “forasteiros”, originários dos Estados do Maranhão, Bahia e Pernambuco, que se aventuram no Noroeste paulista para construir moradias populares, condomínios fechados e estradas.


“A construção civil está acelerada. Em três anos, a demanda por trabalhadores na área aumentou 40%, e a mão de obra local passou a não dar conta da procura. A saída foi absorver essa migração de nordestinos”, diz Nelson Ioca, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e do Mobiliário, em Rio Preto.


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