15 de agosto | 2017
Menino de quatro anos que presenciou pai matar a mãe e a irmã em Guaraci foi salvo por uma vizinha
DA REDAÇÃO COM DIÁRIO DA REGIÃO
Toda a cena do pai matando a mãe e a irmã e depois se matando com um tiro na cabeça foi presenciada pelo filho caçula do casal, um menino de quatro anos, único sobrevivente da tragédia. “Estávamos todos aqui almoçando na varanda de casa, quando ouvimos o barulho dos tiros e uma criança que gritava muito. Eu sou mãe e fiquei preocupada com a criança ali sozinha perto dos corpos dos pais e da irmã. Fui lá e peguei o menino. Ele estava muito abalado e chorava sem parar”, diz a vizinha da família Priscila Silva, 30 anos.
Ela relata que o menino repetia a todo momento a frase “papai matou a mamãe e a tata (irmã). Ele vai me pegar”. A criança foi entregue aos parentes do casal, que chegaram logo em seguida.
“Feliz Dia dos Pais, meu negão”, havia postado no Facebook a estudante Anna Victória de Oliveira Correa, de 19 anos, em foto junto com o pai, o agente penitenciário Ronaldo da Silva Correa, de 49 anos. Poucos minutos depois, porém, na hora do almoço, o barulho dos tiros chamou a atenção da vizinhança e o desfecho do caso chocou toda a cidade.
Com uma pistola automática calibre 380, Ronaldo disparou 10 tiros, que acertaram e mataram Anna Victória e a mulher dele, a professora Rosicleia de Oliveira Conceição, de 45 anos. Após matar a mulher e a filha, Ronaldo deu mais um tiro, dessa vez na própria cabeça. Chegou a ser socorrido em estado grave para Santa Casa de Barretos, mas morreu na madrugada de segunda-feira, dia 14.
Sem saber o que motivou o ocorrido, vizinhos ficaram assustados. Eles acreditavam que o casal tinha um casamento feliz e Ronaldo era apontado como um homem calmo, que sempre era visto ajudando a mulher nos serviços domésticos, além de passear com os filhos. Rosicleia era diretora de uma escola municipal.
Uma das vizinhas, Rosaria Alves Ferreira, de 82 anos, chegou a confundir o som dos tiros com estouro de fogos de artifício. Somente quando foi espiar pela janela percebeu o que estava acontecendo.
“Na hora, eu até imaginei que uma pessoa que passava pela rua tinha sido baleada, mas quando saí no portão vi que tudo tinha acontecido na casa da Rosicleia. Ela era uma moça muito boa e uma mãe dedicada”, diz Rosaria.
FUNCIONÁRIO EXEMPLAR
Ronaldo trabalhava no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Franca. O diretor da unidade, Valter Moretto, afirma que o agente penitenciário era um funcionário exemplar e que o duplo homicídio e o suicídio surpreenderam todos companheiros de trabalho.
“Ronaldo era uma pessoa 100%. Nunca se envolveu em confusão ou briga com quem quer que seja. E sempre demonstrou ser um homem apaixonado pela mulher e pela filha. Sinceramente, não sei o que pode ter provocado esta violência”, afirma o diretor. Segundo Moretto, Ronaldo estava de folga justamente para curtir o Dia dos Pais em família e só retornaria ao serviço na segunda-feira, dia 14.
SEPULTAMENTO
Os corpos dos três foram enviados para o Instituto Médico Legal de Barretos. Será analisado se Ronaldo teria ingerido alguma substância antes de cometer os homicídios.
Os corpos de Rosicleia e de Ana Vitória foram enterrados na tarde de segunda-feira, 14, no Cemitério de Guaraci. O corpo de Ronaldo estava sendo aguardado para ser enterrado na terça-feira, dia 15, no mesmo cemitério, mas não havia informação se o corpo irá para o mesmo túmulo da mulher e filha.
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