01 de maio | 2016

Mecânico pretende andar 40 mil km de bicicleta pelo Brasil

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O mecânico Lucas Bernardo Roberto está pretendendo viajar por 40 mil quilômetros de bicicleta por vários estados brasileiros. Mas também não está descartando que em meio a tudo isso possa conhecer alguns países da América do Sul. Sem uma data prevista para iniciar a viagem, ele prevê que possa concluir todo o caminho em aproximadamente três anos.

“Essa é uma viagem que qualquer um pode fazer, basta ter tempo e um pouco de coragem de ficar sozinho. Mas a viagem que eu tenho em mente, vai dar em torno de uns 40 mil quilômetros”, contou à reportagem do jornal.

Ele fala em sair de Olímpia indo pra Diamantina em Minas Gerais, que é onde dá início ao Caminho da Estrada Real (Caminho dos Diamantes e do Ouro), o caminho começa em Diamantina e termina em Paraty no Rio de Janeiro.

“Depois eu pretendo seguir pelo litoral até Belém do Pará, cortar o Brasil pelo meio, e entrar pelo Mato Grosso no Paraguai, Argentina, Uruguai e talvez Bolívia. Esse aí que é o percurso que eu tenho em mente”, conta.

Mas o tempo da viagem pode durar até mais de três anos: “pode passar um pouco por causa de algum problema de clima e quebras, problemas de saúde. Então, pode passar um pouco desse período”.

Conta o mecânico que tem a viagem na cabeça desde quando ainda era uma criança: “porque meu pai viajava muito quando ele trabalhava em uma empresa e quando ele chegava dessas viagens, contava das pessoas e dos lugares que ele tinha conhecido. Eu tinha isso na minha cabeça e resolvi fazer. Agora, os riscos da viagem a gente conhece e sabe que tem e numa viagem dessas é numa proporção um pouco maior. Mas já está decidido, eu vou fazer, são riscos calculados, e vamos com Deus para ver o que dá”.

As maiores dificuldades, segundo ele, é que nunca terá um lugar certo para dormir, por exemplo. “Então, vou pedalar o dia inteiro, vou ter que arrumar um lugar para dormir. Vou levar uma barraca e equipamentos para cozinhar. Quero ser autossuficiente”, informa.

“Acredito que o frio também será complicado porque eu vou sair agora quando vai estar quase começando o inverno. Na Argentina e Uruguai sei que são muito frios também. Torcer para não ter problemas de saúde, porque sozinho é mais complicado, alguns lugares são completamente isolados. Eu pretendo fazer tudo sozinho”, acrescenta.

Dinheiro é preciso para as manutenções e alimentação: “algumas vezes se você pegar muita chuva é inviável ficar uma semana dentro de uma barraca, você tem que ter um dinheiro reservado para ter umas noites para o descanso”.

Mas o dinheiro ele conta que saiu da empresa e vai ter um seguro. Além disso, está rifando uma motocicleta: “estou fazendo uma rifa dela e juntando, vendendo uma coisa aqui, outra coisa ali, juntando e contando com ajuda dos amigos aí, que ajudam sempre com alguma coisa. Porque as pessoas ajudando vão estar participando também dessa viagem”.

Diz que algumas empresas já o procuraram demonstrando interesse em algum tipo de patrocínio, mas que até agora nada deu certo ainda: “não se concretizou nada”.

Sobre a alimentação diz que “para ter uma segurança caso exista algum lugar que eu não possa comer, vai levar algumas comidas liofilizadas, “para quem não sabe são comidas desidratadas, que são as mesmas que os astronautas, pessoas que fazem trekking, pessoas que andam no meio do mato carregam”.

A família é uma preocupação: “De primeiro momento a minha mãe e meu pai não apoiaram. E meu pai não está muito contente com a situação porque já estão de idade e somos ó eu e minha irmã; às vezes eles precisam de mim para alguma coisa”.

Andou 400 quilômetros em nove dias a pé até Aparecida do Norte

Não é apenas o gosto pela aventura que tem levado o mecânico Lucas Bernardo Roberto a deixar a cidade enfrentando dificuldades com a finalidade de cumprir algum planejamento. As questões religiosas também o levam a opções de dificuldades. Por isso, já realizou uma viagem a pé pelo Caminho da Fé até chegar à cidade de Aparecida do Norte.

“Na verdade eu tinha feito uma promessa e fui pagar. Eu fui agradecer. Sai de São João da Boa Vista, era pouco mais de 400 quilômetros que fiz em 9 dias. Foi bastante sofrido, mas foi compensador porque a questão física você acaba esquecendo quando você tem a questão espiritual na sua cabeça”.

Além da distância, a preocupação era ir rápido, porque precisava voltar para trabalhar: “mas foi uma experiência inesquecível que eu recomendo a todos a fazer esse Caminho da Fé”.

Conta o mecânico que as maiores dificuldades foram depois que passou por Campos de Jordão: “onde andei um dia e meio nos dormentes de um trilho de trem, porque era inviável andar dos lados. Quase pisei numa jararaca. Na realidade cheguei até pisar mesmo, mas graças a Deus, não sofri nenhum acidente”.

Além disso, precisou caminhar a noite para poder adiantar um pouco “e num caminho que você não conhece no meio da mata é complicado, mas graças a Deus deu tudo certo”.

Lucas Bernardo andou mais de 50 quilômetros por dia, “mas houve dias que tive que andar mais. Teve dia que eu andei um pouco menos. Eu acordava e já voltava a caminhar”.

A variação climática também incomodou: “todos os tipos de clima que a gente pode encontrar eu encontrei nesse caminho, teve dia de eu encontrar todos os climas num dia só”.

Embora com dificuldades, o caminho o surpreendeu: “é uma coisa que só quem já foi, quem já fez é quem pode descrever. É completamente surreal você saber que quando chega e lembra de tudo o que passou até chegar ali e se depara com aquele monumento, independente de religião, da fé e do credo de cada um, é muito emocionante, revigorante. São sensações incríveis. Eu acho que são coisas que todo mundo deveria passar antes de morrer”.

 

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