18 de maio | 2008

Manifestação da PRE expõe detalhes de denúncias eleitorais contra Carneiro

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 A manifestação do procurador regional eleitoral Mário Luiz Bonsaglia, no recurso impetrado pelo prefeito Luiz Fernando Carneiro (foto), que teve o diploma eleitoral cassado pela juíza da 80.ª zona eleitoral, comarca de Olímpia, Adriane Bandeira Pereira, expõe as várias denúncias de atos ilícitos que teriam sido praticados durante a campanha de 2004, que constam na representação que, quando em primeira instância tramitou sob segredo de justiça.

Cópia do documento juntado ao processo que ainda não tem data para julgamento no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, conseguida nesta semana pela editoria desta Folha, mostra as denúncias que culminaram na decisão da juíza Adriane Bandeira.

De acordo com o entendimento do procurador Carneiro participou "da distribuição de cestas básicas a eleitores, doou pedras para a casa da eleitora Cláudia Maria de Camargo, bem como auxiliou financeiramente o casamento de Cléber Aparecido Campos, sempre em troca de voto, beneficiando-se de tais fatos para que fosse reeleito ao cargo de prefeito do município de Olímpia".

Consta no documento que o depoimento prestado por Cláudia Maria de Camargo, durante a instrução probatória, demonstra que a eleitora efetivamente recebeu no próprio comitê de Carneiro, certa quantidade de pedras a ser usada e sua casa, "tendo afirmado que, em decorrência de tal fato, sentia-se "comprometida" a votar em Luiz Fernando Carneiro".

"Recebi no Comitê do atual Prefeito a quantidade de pedras que havia pedido para usar em minha casa (…) recebi as pedras em minha casa em um caminhão da loja de construções Nakamura, com a nota fiscal. (…) Dr. André esteve em minha casa e foi pedir votos para o candidato deles, que não sei dizer quem é. Disse que não podia, pois já havia me comprometido a votar no atual Prefeito, pois havia ganhado as pedras referidas. Ganhei as pedras no dia 12 de agosto de 2004. Pedi as pedras no comitê do requerido (…) Fui ao comitê porque existiam outras pessoas pedindo e ganhando coisas, por isso eu arrisquei", consta no documento.

CESTA BÁSICA
Outra testemunha, Railda Nogueira da Cruz, confirma a distribuição de cestas básicas, o que comprovaria a captação ilícita de votos, inclusive, segundo o entendimento do procurador, com participação direta do prefeito e também da ex-secretária Izabel Cristina Reale Thereza: "(…) A requerida Isabel esteve em minha residência, vinte dias antes das eleições. Foi a primeira vez que esteve em minha residência. Ela me procurou oferecendo uma cesta básica se acaso eu votasse no Senhor Carneiro (…) Naquele momento, nada lhe respondi, afirmei apenas que esperaria a cesta. Ela me falou isso por umas três vezes (…) Ela me disse que estaria fazendo o pedido a mando do Prefeito nas três vezes em que me ofereceu a cesta (…) Isabel, por ocasião de nossa conversa, entregou-me um bloco de "santinhos" do candidato Carneiro. Ela também me disse que se ele ganhasse ela continuaria me dando cestas; se não não (…) A requerida Isabel disse que o Prefeito forneceria a cesta básica (…)".

FESTA DE CASAMENTO
Há também o depoimento de Cléber Aparecido dos Santos: "(…) fui ao Fundo Social e conversei com a requerida Isabel Cristina, pois sou pobre e iria casar naquela época e precisava de algum dinheiro para conseguir pagar a festa. Eu, minha mulher e minha filha estivemos neste local e a menina ganhou uma boneca da requerida. Levei uma lista do que precisava e em troca da entrega foi pedida "uma força" para reeleição do requerido Luiz Fernando Carneiro para melhorar a cidade (…) Recebemos arroz, frango, fardo de guaraná, legumes, tudo foi entregue na cada da minha irmã de igreja Salma. Foi um funcionário do Fundo Social que entregou os bens na casa da Salma (…) Foram dadas fotografias do casamento, mas não as recebi até hoje. Tentei por várias vezes receber as fotos (…) foi o fotógrafo da Prefeitura, chamado "Gudu", que tirou as fotos do meu casamento. Ele disse que não entregaria as fotos, pois eu estava com problema com a dona Cristina Reale (…).

LEITE E CESTA BÁSICA
Há também o depoimento de Maria Isabel de Oliveira Teixeira: "Isabel nunca foi à minha casa, mas manda suas (…) sic, por exemplo, a Edna e a Josi, assistentes sociais. Certo dia, por telefone, conversei com a Josi, pedindo explicações sobre a não entrega de cesta básica. Dez minutos após, Edna e Josi apareceram em minha casa. Sei que foram a pedido de Isabel porque elas me disseram. Alegaram que se Carneiro ganhasse a eleição, eu continuaria recebendo meu leite e a cesta básica, mas até hoje não recebi mais nada. A última cesta eu recebi quinze dias antes das eleições, depois não recebi mais nada. (…) a senhora Isabel Cristina foi até a casa de minha irmã Maria Cristina e foi também atrás de Maria de Fátima, jogando-as contra mim (…)".

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