24 de maio | 2009
Laranja perde espaço para cana mas mantém o mesmo nível de produção
Embora a produção de laranja tenha perdido áreas para o plantio da cana-de-açúcar, ainda mostra tendência de manter os índices de produção registrados, principalmente, nos últimos anos. Pelo menos isto é o que diz um estudo divulgado nesta semana pela Secretaria de Estado da Agricultura de São Paulo. Em relação a novos plantios, por exemplo, os produtores estão duplicando a quantidade de árvores por hectare. Situação, inclusive, já percebida pela reportagem no município de Olímpia.
De acordo com os dados divulgados, atualmente o Estado de São Paulo tem 724 mil hectares destinados à plantações de laranja, mostrando que o setor continua estável em relação, principalmente, à produção. Ocorre que se antes o citricultor plantava 320 pés de laranja por hectare, atualmente o total de plantas na mesma área passou para 561. Numa comparação, a média estadual já é de 346 árvores por hectares, levando-se em consideração os pomares antigos e as novas plantações.
O estudo apresenta a primeira estimativa da safra agrícola (2008/2009) e safra industrial (2009/2010), realizado em fevereiro deste ano, por meio do Instituto de Economia Agrícola (IEA) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), órgãos vinculados à Secretaria, que aponta uma produção em torno de 352 milhões de caixas (40,8 quilos).
Desse total, a laranja destinada à indústria representa cerca de 81%, ou seja, 284,59 milhões de caixas. O total da produção inclui também laranja para mesa e a fruta oriunda de pomares domésticos, que representa o total de 67 milhões de caixas, ou seja, em torno de 19% da produção da fruta.
No entanto, há projeção de pequena queda para a safra que está começando, que se deve a dois fatores: o greening (doença causada por bactérias que atacam o citrus) e a irregularidade de chuvas no período entre setembro e dezembro do ano passado, comumente usado para fazer projeções sobre a safra.
Somente no segundo semestre do ano passado a região perdeu ao menos 528 mil pés de laranja por causa do greening, de acordo com dados da própria secretaria. Esse fator fez com que essas plantas fossem substituídas e, com isso, deixam de produzir por pelo menos três anos.
A Secretaria está, também, preparando um convênio com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), para levantamento e divulgação da safra de laranja para o Brasil e organiza um grupo de trabalho com o objetivo de dar maior transparência nos dados do setor. Esse levantamento, embora envolva a produção de café, trará ainda um aditivo para laranja e cana.
Safra
A área deve permanecer estável, em torno de 723,91 mil hectares. Segundo os pesquisadores do IEA, embora esteja ocorrendo erradicação de pomares devido ao greening, há novos plantios nas regiões ainda livres ou pouco atacadas por doenças. Por conta das condições climáticas adversas nas épocas críticas ao desenvolvimento dos pomares e menos tratos culturais, o rendimento esperado para a presente safra agrícola (1,84 caixas por pé) deverá ser de 1,6% menor, comparativamente a 2007/08. Esse percentual indica uma perda de 0,03 caixas de 40,8 quilos por pé de laranja.
O volume total de produção esperado é de 352,57 milhões de caixas de 40,8 quilos, com diminuição de 0,6% ao obtido no ano agrícola anterior. Ressalta-se que o volume ora disponibilizado, por natureza do levantamento, inclui laranja destinada à indústria, à mesa e a fruta oriunda de pomares domésticos, como também da quantidade perdida que, por ventura, tenha ocorrido nos pomares.
Do volume a ser colhido na presente safra agrícola, estima-se, com base em informações locais, ao redor de 81% será destinada à indústria, ou seja, 284,59 milhões de caixas de laranja. As regionais de Barretos, Araraquara, São João da Boa Vista, Jaboticabal, Limeira, Mogi Mirim e São José do Rio Preto concentram aproximadamente 60% da produção para moagem.
Ainda segundo os dados, as regionais de Jales, São João da Boa Vista, Jaboticabal, Limeira, Barretos (inclusive Olímpia) e Jaú convergem para a laranja de mesa, somando aproximadamente 60% do volume estadual com essa finalidade, de um total de 67,97 milhões de caixas de 40,8 quilos.
O Censo Agropecuário Paulista, realizado recentemente pela Secretaria – Projeto Lupa, trouxe informações de densidade de plantio para a cultura da laranja. Nota-se que, nas regiões consideradas novas para a laranja a densidade de plantio chega a 561 pés por hectare ante os 320. Entretanto, nas regionais contempladas como tradicionais essa relação é menor. Para o Estado de São Paulo chega-se, em média, a 346 pés por hectare.
Associtrus
Por outro lado, o presidente da Associtrus (Associação Brasileira de Citricultores), Flávio Viegas, durante entrevista à imprensa da região, afirmou que a previsão do Estado, assim como os números fechados do ano passado, são superestimados. "As próprias indústrias fazem acompanhamentos, que dizem que no ano passado foram retiradas dos pés cerca de 305 milhões de caixas", afirmou.
Segundo Viegas, as casas de agricultura municipais não têm estrutura para checar a quantidade de pés. Além disso, segundo ele, muitos citricultores dizem que têm mais árvores do que realmente existem no pomar. "Eles acham que podem ganhar algo com isso, como um contrato mais fácil com uma indústria", disse.
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