14 de outubro | 2014
Jornalista protocola documentos que comprovariam origem de dinheiro que envolve deputado federal eleito Bruno Covas
O jornalista Mário Welber(foto) protocolou na sexta-feira, 10, documentos na Superintendência da Polícia Federal (PF) de São Paulo com o objetivo de comprovar a origem de R$ 102 mil apreendidos no dia 27 de setembro, quando ele tentava embarcar no aeroporto de Congonhas com destino a Rio Preto. Além do dinheiro, foram apreendidas com Welber folhas de cheque em branco da campanha do deputado Bruno Covas (PSDB), que seriam direcionados a pagamento de despesas de campanha no município de Severínia.
No pedido de restituição do valor e de outros objetos apreendidos pela PF, Welber reafirmou que o dinheiro é fruto de economias oriundas de seu trabalho de assessor da Cetesb, de cerimonialista e de conferencista. Welber diz que acumula as quantias desde 2010, e que carregava dinheiro vivo para facilitar a compra de um automóvel.
O jornalista disse que saiu de Rio Preto com R$ 80 mil e que não teve problemas para embarcar com a quantia. Disse ainda que recebeu outros R$ 20 mil em São Paulo como pagamento de um serviço prestado. "Desde o primeiro momento, o requerente declarou que o dinheiro lhe pertencia e que tinha ido a São Paulo para compromissos profissionais e também para comprar um carro, pensando que tendo dinheiro em mãos seria mais fácil fechar melhor negócio", diz a defesa assinada pelo advogado Evandro Capano.
Welber, que trabalhou como assessor de campanha de Covas, anexou demonstrativos de pagamento recebidos por ela na Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) no valor aproximado de R$ 96 mil. Cerca de R$ 8 mil mensais. Ele apresentou ainda notas fiscais de sua empresa "que comprovam a origem do dinheiro que foi acumulado" e que o montante apreendido "tem lastro legal" resultado do seu trabalho.
De acordo com os documentos, o assessor afirmou que recebeu entre 2010 e 2014 – na sua empresa e Cetesb – cerca de R$ 268 mil. Welber pediu também para serem anexados ao inquérito policial extratos de sua conta poupança. Welber afirmou que não se opõe à quebra do seu sigilo fiscal e bancário. Ele é alvo de inquérito policial que apura suposto crime de lavagem de dinheiro.
INVESTIGAÇÃO
De acordo com nota divulgada pela assessoria da PF, "os documentos serão encaminhados à delegacia onde tramita o inquérito e será analisada para que seja verificado se é suficiente, ou não, para comprovar a origem do numerário apreendido".
"Após análise, caso a documentação seja considerada apta para justificar a origem lícita do dinheiro, o inquérito será encaminhado ao Ministério Público e ao Juiz, com conclusão de que não há crime e opinando pelo arquivamento do inquérito. Caso seja considerada inapta à demonstração da origem lícita do dinheiro, a investigação continuará para que seja verificado se há crime e qual é a origem desse numerário", consta na nota da PF.
O assessor nega qualquer tipo de irregularidade, tanto que ele retornará ao trabalho na Cetesb na próxima segunda-feira. Ele havia se afastado do cargo para atuar na campanha de Covas na região.
CONSELHO DE ÉTICA
Por outro lado, o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa vai analisar denúncia contra o deputado estadual Bruno Covas (PSDB) no dia 15. A bancada do PT exige que o tucano apresente esclarecimentos sobre a apreensão dos R$ 102 mil com o seu assessor Mário Welber.
Na mesma audiência, o conselho vai analisar a situação do deputado Luiz Moura, do PT, acusado de ter realizado reunião com integrantes do PCC. A representação do PT levanta a suspeita de que o dinheiro apreendido com Welber fosse proveniente de caixa 2 eleitoral. De acordo com a assessoria de Covas, a representação tem como objetivo provocar desgaste político.
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