23 de fevereiro | 2011
Globo flagra ex-prefeito de Severínia emitindo atestado médico falso a professores
Uma reportagem levada ao ar no início da
tarde da quarta-feira, dia 23, por volta das 13h20, em rede nacional, dentro do
Jornal Hoje, da Rede Globo de Televisão, mostrou o flagrante registrado pela
produção do programa, com o ex-prefeito de Severínia, Isidro João Camacho,
emitindo atestado médico falso, a uma pessoa que lhe afirmou ser professor da
rede de ensino do município.
Segundo a reportagem que a emissora mostrou, o ex-prefeito aparece vendendo
atestados para professores, cobrando o valor de R$ 50. A imagem mostra,
inclusive, o produtor da emissora entregando uma cédula no valor cobrado. Ao
pagar, o professor poderia escolher quanto tempo e até mesmo a partir de quando
pretendia ficar afastado.
Uma professora que está de licença médica confessa para a equipe que conseguiu
facilmente um atestado falso.
Professora: "Eu nem entro no consultório, eu já pago e ele deixa pronto”.
Produtor: "Você é professora de quê?
Professora: “Da pré-escola”.
O médico citado pela professora é Isidro João Camacho, ex-prefeito de
Severinia, diz o repórter.
O produtor foi ao consultório de Camacho e se apresentou como professor e pediu
um atestado médico, mas deixando claro que não estava doente. O médico cobrou
50 reais pela consulta e informou ao produtor que ele tinha direito de escolher
quantos dias queria ficar fora do trabalho.
Veja o diálogo entre os dois:
Médico: "Você vai precisar por quanto tempo?”.
Produtor: "Acho que trinta dias no mínimo doutor".
Médico: "Eu tenho que achar um código aqui que seja passível de
afastamento pra ninguém ficar te investigando. Vão perguntar porque você está
se afastando. Aí você fala: ‘eu tive uma isquemia cerebral e agora nós vamos
retomar os exames’.
Produtor: "Tá".
Médico: "E aí eu vou precisar ficar afastado".
A matéria mostra também os dois – produtor e médico – combinando a data em que
o suposto professor vai adoecer.
Médico. "Hoje é 15, pode por a partir do dia 17…"
Produtor: "Dia 17, que é quinta feira, ótimo".
Médico. "Só que você só entrega dia 17, tá?”.
Produtor: "Tá".
As imagens também mostram o médico envaidecido e confirmando que é bastante
procurado para conceder atestados.
Produtor: "Doutor, os professores vem sempre aqui com o senhor?
Médico. "É, eles vêm, viu. Quando precisa algum atestado, alguma coisa
assim. É que é o seguinte, quando eu fui prefeito eu sempre entendi o lado dos
professores, dos funcionários… E o professor não está doente, ele precisa
resolver assuntos particulares, tal, e acaba dando uma brecha a pessoa
aí…".
Consta que a Secretaria Municipal de Educação começou a desconfiar da grande
quantidade de atestados do mesmo médico. Foram 200 ao todo no ano passado. Um
número alto, já que a cidade tem 196 professores municipais.
Algumas situações absurdas estão sendo investigadas, como um atestado,
protocolado na secretaria de Educação três dias antes da professora ficar
doente. Em 2010, foram gastos R$ 250 mil para repor aulas de professores que
faltaram.
O dinheiro poderia ser investido em melhorias na educação. "Poderia
investir na frota escolar, na merenda, até em reformas nas escolas e no próprio
ensino", afirma o secretário municipal de Educação, José Carlos Moreira.
Ainda de acordo com reportagem exibida, o médico nega as acusações. Ele
disse que não beneficiou nenhuma pessoa e nenhum funcionário público, e que não
emitiu 200 atestados só no ano passado.
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