Utilizando-se do subterfúgio de vários recursos impetrados contra uma cobrança judicial, oriunda de uma dívida indeniza­tória, por causa de um grave acidente registrado na estrada vicinal Natal Bre­da, no município de Olím­pia, que resultou na morte de uma criança de apenas 12 anos de idade, o prefeito Eugênio José Zuliani en­rolou e está deixando uma dívida de mais de R$ 81 mil para que o prefeito eleito Fernando Augusto Cunha pague durante o seu mandato que iniciou no próximo dia 1.º de janeiro de 2017.

De acordo com o que a reportagem desta Folha da Região apurou no processo, o último recurso interposto, na modalidade de agravo de instrumento, foi protocolado com a da­ta do dia 3 de novembro de 2016, mais uma vez com a finalidade protelar mais uma vez o pagamento da dívida.

A medida é em reposta a um pedido com a data do dia 3 de maio de 2016, para que a justiça observa­sse o rito previsto no Artigo 222 e seguintes do Código Processo Civil, para que a Prefeitura Municipal de Olímpia pagasse a importância de R$ 81.394,28, a Alexandra Cristina de Jesus, uma das vítimas do acidente e mãe da criança que faleceu.

Ocorre que desta feita, o prefeito Eugênio José Zuli­ani está contestando os cál­culos elaborados no pro­cesso, alegando que “verifica-se excesso de execução, visto que nos valores correspondentes a condenação não deve cons­tar atualização monetária, bem como juros mo­ratórios. Vale ressaltar ainda, que consta com juros moratórios no cálculo da impugnada 1% ao mês, contrariando a legislação pertinente à matéria”.

E acrescentou: “Contudo, os danos morais arbitrados em primeiro grau, no valor de R$ 10.000,00, comportam majoração pa­ra 50 salários mínimos, que hoje correspondem a R$ 36.200,00, que repara de forma mais criteriosa os danos sofridos pela autora, não só pelas graves le­sões por ela sofridas, bem como pela perda de um filho de 12 (doze) a­nos, falecido no local do acidente”.

Esta pendenga judicial vem desde que foi prolata­da a sentença de condenação no dia 24 de maio de 2013. Desde então, a Prefeitura tenta protelar o pagamento, ora alegando cul­pa do condutor que não seria habilitado, ora tentando transferir a obrigação da manutenção da estrada vicinal a órgãos estaduais, além de tentar fazer com que o ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro fosse responsabilizado pelo pagamento.

BURACOS CAUSARAM ACIDENTE

Como se recorda, o acidente ocorreu no início da noite do dia 14 de janeiro de 2007, por volta das 19h10, na estrada vicinal Natal Breda, nas proximidades do Grêmio da Usina Guarani.

Consta que Roberto Car­los Garrido, então com 38 anos, companheiro de A­le­xandra Cristina de Jesus, que tinha 34 anos, dirigia um Passat ano 1983, e, ao tentar desviar de um buraco acabou perdendo o controle do veículo que capotou várias vezes.

No carro, além de Garrido e sua companheira, tam­bém estavam os filhos: Danilo Jesus Garrido, então com 13 anos; Anderson Garrido, então com 17; e Alexandre Jesus Garrido, que estava com 12 anos, e acabou falecendo no local.

Sobre Alexandra Cristi­na de Jesus, com suspeitas de traumatismo crani­ano foi socorrida até a San­ta Casa de Olímpia, mas depois foi transferida para a Santa Casa de Barre­tos, de onde recebeu alta hospitalar no dia 22 de janeiro de 2007.

Segundo foi apurado na época, a família retornava de um sítio, onde foi comemorar os aniversários de Roberto Carlos e de Alessandra, com um churrasco. Quando retorna­vam, Roberto Carlos tentou desviar de um buraco e acabou perdendo o controle do carro que capotou várias vezes, ficando imobilizado em meio a um matagal.

Alessandro, vítima fatal, teria sido arremessado pa­ra fora e quando o carro ca­potava teria caído em cima do menino numa das vezes, provocando a morte. Os outros dois irmãos sofreram apenas escoriações leves e foram liberados depois de medicados na Santa Casa de Olímpia. O pai Roberto Carlos e a mãe Alessandra, ainda na noite do acidente, foram transferidos para a Santa Casa de Barretos, com suspeita de traumatismo craniano.