16 de agosto | 2009

Geninho e comissão parecem querer transformar Fefol em festa religiosa

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 Pelo que se depreende das declarações publicadas pelo jornal Diário da Região, que seriam de autoria do padre Aparecido Torrente, da cidade de São José do Rio Preto, e pela própria declaração do prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, durante a solenidade de abertura oficial do 45.º Festival do Folclore (Fefol), a tendência parece ser querer transformar o evento, que foi idealizado pelo professor José Sant’anna para ser estritamente cultural, em uma verdadeira festa religiosa.

O folclorista falecido, segundo o jornalista José Antônio Arantes, editor desta Folha, abominava qualquer predominância de religiões nos eventos, pois entendia que o elemento folk tinha que ser visto de forma científica, livre das influências religiosas, levando-se em conta os costumes oriundos de diversas variantes, todas elas assimiladas e reinterpretadas pela população mais humilde, que compõe a maioria dos folguedos, com sua visão de mundo.

“Claro que todas as manifestações, de uma forma ou de outra, trazem no seu bojo aspectos religiosos e a crença em alguma coisa, mas quando se traz o elemento religioso mais diretamente ligado a uma religião, ou uma variante delas, abominando, por exemplo, o curupira, como ocorreu, sinaliza-se para o distanciamento dos princípios do professor.

Mostra-se que o caminho que está sendo pretendido é uma elitização da festa, enquanto no governo anterior, queriam a sua modernização. O fato de trazer uma Santa para abrir a festa e dizer que entregou a chave da cidade para Jesus Cristo, além de demagogia pura, deixa trans­parecer que o que se quer é atender pressões de religiosos e não preservar o folclore em si”.

Mostrando caminho

O que chamou inicialmente a atenção para a questão foi a fala do padre Aparecido Torrente, organizador da celebração na Basílica, ao jornal Diário da Região, quando a imagem da Santa ainda se encontrava em São José do Rio Preto, de onde viria em seguida para Olímpia, para, inclusive, participar da abertura do Fefol: “É uma forma de dar ao evento um cunho sagrado, religioso. Essa é a nossa intenção”.

Depois, já durante a abertura do Fefol, foi o prefeito quem fez re­ferência à possível intenção quando, ao discursar para o público presente, afirmou: “Existia uma tradição de entregar a chave da administração municipal para uma figura simbólica que era o Curupira, mas não temos mais chaves para entregar, porque a chave da administração nossa foi entregue dia 1.º de janeiro a Jesus Cristo, então só existe uma e está com ele”.

FORA CURUPIRA

Que o Curupira não seria mais a figura principal dos Festivais do Folclore foi anunciado pela professora Maria Aparecida (Ci­di­nha) de Araújo Manzolli, no início de agosto de 2002, cerca de três anos depois da morte do professor José Sant’anna. Na ocasião, assumiu ter solicitado a alteração diretamente ao ex-prefeito Luiz Fernando Carneiro.

A chave era entregue a um aluno da rede de ensino municipal que representava o mito. Porém, a tradição de o Curupira ser o ‘gover­nante da cidade’ durante uma semana, foi quebrada no anterior, em 2001, no primeiro ano do primeiro mandato do ex-prefeito Carneiro.

 

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