25 de março | 2018
Fotógrafo olimpiense assina exposição de fotos com Modelos Downs em Exposição no Rio Preto Shopping
DA REDAÇÃO COM DIÁRIO DA REGIÃO
O fotógrafo olimpiense, atualmente radicado em São José do Rio Preto, Bruno Arantes (na foto com o filho Enzo no colo), está expondo trabalho realizado com pessoas portadoras de Síndrome de Down dentro da Exposição Mundo Down, que vai até o dia 30 de março no Rio Preto Shopping Center.
A exposição do fotógrafo Bruno Arantes é em parceria com a artista plástica Stela Atanazio presidente do coletivo de mães Irmãs Down e tem como objetivo desmistificar a cultura de inclusão: “eles são capazes de tudo, precisam de respeito”.
Com cenários lúdicos e do dia a dia foram registradas cenas de cerca de 60 crianças com síndrome de Down que mostram que são capazes de viver e interagir normalmente com a sociedade.
A arte pode quebrar barreiras, desmistificar conceitos e derrubar preconceitos e é isso que a artista plástica Stela Maria Atanázio, presidente do coletivo Irmãs Down, e o fotógrafo Bruno Arantes esperam atingir com a exposição Mundo Down, uma coletânea de fotos resultado de um trabalho desenvolvido durante seis meses entre os dois artistas e crianças e adolescentes com Síndrome de Down. A ação, que fica em cartaz no Riopreto Shopping até o dia 29, é uma homenagem ao Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado na quarta-feira desta semana, dia 21.
São 29 imagens feitas a partir do sonho de Stela, um sonho de mais de dez anos motivado pelo próprio filho da artista, Judah, hoje com 22 anos, que tem Down. “Sempre tive esse sonho de realizar uma exposição apenas com modelos Down e depois que entrei no coletivo e que ele passou a ser ativo, trouxe para a comissão esse meu desejo. Mas não queria simplesmente pegar um fotógrafo e ir para um estúdio”, conta.
ENVOLVER AS CRIANÇAS
A intenção de Stela era envolver as crianças e os adolescentes do coletivo em todo o processo criativo. Tudo começou com uma conversa para descobrir o que eles gostavam e o que melhor os representaria em uma foto. O passo seguinte foi o desenvolvimento dos cenários a partir dos mundos apontados por eles.
“Fomos todos para a oficina e começamos a preparar o material cênico. Todos os cenários foram elaborados por eles com a minha orientação utilizando materiais reciclados. Mas o envolvimento não parou nisso. Eles produziram o material, participaram da montagem, da produção durante as sessões e foram os modelos”, diz Stela.
Por isso que, segundo a artista, a exposição se chama Mundo Down. Porque é o mundo deles, escolhido por eles, elaborado por eles, montado por eles e com eles como os protagonistas da história. E isso traz uma sensação de pertencimento, de empoderamento do Down, com aquela sensação de “eu criei tudo isso, desde o princípio”.
Para o fotógrafo Bruno Arantes, a intenção é, justamente, acabar com essa visão de que pessoas com Down seriam limitadas. “Quem não conhece vê uma pessoa com síndrome de Down como se ela tivesse alguma deficiência grave. Eles são capazes de trabalhar, de namorar, de fazer tudo que a gente faz. Até uso uma frase para ilustrar um pouco a exposição que é ‘o mundo seria melhor se todos fossem Down’, porque você não vê uma pessoa com Down sendo má, agressiva, desonesta.”
As fotos trazem os modelos em cenários diversos, retratando desde ambientes do cotidiano, com atividades diárias que eles gostam de realizar, até espaços lúdicos e recreativos.
“Foi uma forma de mostrar o dia a dia e que eles são capazes de tudo, de fazer tudo, que eles não precisam de pena, eles precisam de respeito e oportunidade”, explica Bruno.
APRENDIZADO
Quando Bruno conheceu Stela e o filho dela, Judah, ele tinha apenas 18 anos e nunca havia tido contato com uma pessoa com Down. Inicialmente, houve aquele estranhamento, lembra o fotógrafo. “Não sabia como lidar, como conversar, como me aproximar e entendê-lo. E é isso que acho que acontece com a maior parte da população”, diz o fotógrafo.
Com o tempo, e uma convivência de mais de dez anos, Bruno aprendeu a entender e compreender Judah. Só que a exposição veio para ensinar muito mais. “Mesmo eu que já conhecia, que tinha esse contato com o Judah, aprendi absurdamente mais com a exposição. Sobre a síndrome de Down e que mesmo com a Down cada um é diferente do outro”, explica.
Tratou-se de um processo de aprendizado grande para o fotógrafo, que aproveitou a oportunidade para expandir seu conhecimento e para aprender a lidar com a personalidade deles.
E o aprendizado é constante, conta Stela: “Judah veio para fazer uma transformação na minha vida. Eu era uma pessoa antes dele e hoje sou outra. Ele me ensina mais do que aprende comigo. Todos os dias ele me ensina a ser parceiro, a ter a paciência do Down, a compreensão do Down, a sensibilidade do Down. Coisas que são intrínsecas deles. A visão deles de mundo é outra”.
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