28 de setembro | 2014

Falta de indícios de provas inibe a investigação de fogo em matas

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A falta de pelo menos indícios da autoria ou até mesmo da forma como incêndio iniciou, não permite que os casos de fogo colocados em matas sejam investigados pela Polícia Civil. O problema é que muitas vezes a situação leva a circunstâncias que colocam em risco a vida de pessoas que necessariamente estejam passando pelo local da ocorrência.

A explicação é do comandante do Corpo de Bombeiros de Olímpia, tenente Eri­ck Da­niel Remanoce Coc­ce (foto), que concedeu entrevista à esta Folha da Região, quan­do falou a respeito do problema que, principalmente neste ano, gerou muitas reclamações da população.

Se é fato que o fogo é ateado em mato, em alguns casos na zona rural, também é fato que tem sido registrados muitos focos de incêndio na zona urbana, causando problemas diversos para a população como um todo, entre eles para a saúde das pessoas.

“É muito difícil ser investigado porque quando o Corpo de Bombeiros é acionado ou mesmo outra autoridade policial se depara com o incêndio, o causador daquele evento, seja de maneira dolosa ou mesmo com outros artifícios, já não está mais presente no local. Ele não deixa vestígio. O vestígio é o estrago na mata”, explica o tenente.

De acordo com ele, se houve como chegar ao suspeito, a situação seria diferente: “É claro que se o Corpo de Bombeiros deparar com um incendiário ou mesmo com alguma pessoa que dê causa a esse tipo de sinistro, nós iremos dar a voz de prisão e conduzi-lo à delegacia para as investigações, tendo em vista que se enquadra em crime ambi­en­tal”.

Até mesmo a forma como o fogo iniciou é difícil identificar: “Muito difícil porque o próprio incêndio destrói os vestígios, as provas. Então, a gente fica de mãos amarradas”, se queixa.

BANALIZAÇÃO

Em razão dessas dificuldades é que a maioria dos casos é tratada até de maneira comum: “Como não temos a identificação ou mesmo provas no local comumente nós atribuímos esse fogo a um evento não conhecido, tratamos de eliminá-lo e retor­na­mos ao quartel”.

De acordo com o comandante, está sendo registrado de três a quatro ocorrências do gênero por dia, o que proporciona uma média de 20 a 25 casos por semana. “Nessa época do ano a quantidade das ocorrências aumentam e muito. E uma somatória de eventos que causam um maior número de incêndios, principalmente em matas”, justifica.

A estiagem é uma das causas que favorecem esse aumento. “A falta de chuva e o tempo seco colaboram sobremaneira para o agravamento desse tipo de incêndio”.

No entanto, outra questão que implica no início de um fogo em matas, segundo o tenente, são as intervenções humanas na natureza. “Dentre elas podemos dizer que duas ou três formas de causa do fator humano. A questão do lançamento de bituca de cigarro; a realização de cultos religiosos no meio de matas e canaviais, com o uso de velas; e podemos dizer também que tem fundamento a questão da soltura de balões. A gente também tem acompanhado denúncias que incendiários propositadamente, por conduta dolosa, vem colocando fogo nas matas. Então, além do fator climático tem a questão humana envolvida no assunto”.

Mas a notícia boa é que com a chegada das chuvas a tendência é a situação melhorar, principalmente com a chegada da primavera, período em que a umidade relativa do ar aumenta consideravelmente possibilitando a ocorrência de ma­is chuvas.

Por exemplo, um trabalho grande feito no Estado de São Paulo para combater esse tipo de incêndio é a O­peração Corta Fogo que está chegando ao final justamente por causa da chegada das chuvas. “O que vai ame­ni­nar esse problema ou até mesmo eliminá-lo”, finaliza.

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