23 de novembro | 2014

Estudo da Unesp mostra que desmatamento é responsável por falta de chuvas na região

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Da redação e assessoria

Um estudo coordenado pelo professor Orlando Necchi Júnior, do Departamento de Zoologia e Botânica, que foi recentemente realizado pelo Instituto de Bio­ciências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce), braço da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em São José do Rio Preto, aponta que o des­matamento é um dos responsáveis pela falta de chuvas na região.

O estudo mostra que a região é a que possui as menores porções de matas nativas no Estado de São Paulo. “Nossa região já tem algumas características que favorecem o clima seco. Ficamos em uma área do Estado bem distante do litoral e não temos serras a nossa volta. Quando uma massa de ar frio se aproxima, ela passa rapidamente, por causa da falta de serras”, afirma o professor.

Orlando Necchi Júnior acrescenta que “em regiões mais altas, que possuem obstáculos naturais, a massa de ar frio não passa com tanta rapidez, favorecendo climas mais amenos e úmidos”.

Por isso, é atualmente é comum ver leito de rios completamente secos, nascentes se verter, reservatórios com níveis ínfimos. Paisagem com chão rachado, animais aquáticos mortos e vegetação, antes submersa, totalmente fora d’água.

OLHOS D’ÁGUA PODE SECAR SEM SUA MATA CILIAR

Assim como já estampado algumas vezes por esta Folha, a cada vez maior ausência de mata nativa acaba refletindo na grande estiagem no caso de Olímpia, a maior da história.

Mas comprova também a estreita relação com problema das nascentes do córrego Olhos D’água, matéria pu­blicada recentemente, mostrando que a mata ciliar do rio está desaparecendo o que pode comprometer totalmente a vida do córrego.

Imagens mostram os efeitos do tempo seco nos dias atuais, mas a crise de água na região vem de longa data.

Dados do Comitê da Bacia Hidrográfica dos rios Turvo/Grande mostram que a oferta hídrica vem diminuindo ano a ano. Em seis anos, as bacias Turvo/Grande e São José dos Dourados, que atendem a região, perderam 274,9 mil litros por habitante/ano, quantidade correspondente a 109 piscinas olímpicas.

Em 2007, havia 11,35 milhões de litros de água por habitante/ano nas bacias. Em 2012, último dado disponível, eram 11,07 milhões. Os efeitos dessa falta d’água já podem ser sentidos pelos moradores de Olímpia, Bebedouro, Santa Fé do Sul e Uchoa. Nas quatro há racionamento de água em algum período do dia.

A diminuição da oferta de água se deve, segundo especialistas, a dois fatores: a população aumenta e a reposição não acompanha o mesmo ritmo. A região ganhou entre 2007 e 2012 o total de 68.659 mil habitantes, passando de 1.482.811 para 1.551.470.

Sondas monitoram situação do aquífero Guarani em Ribeirão

Da redação e Folha de São Paulo

De acordo com uma informação publicada na quinta-feira, dia 20, pelo Caderno Ribeirão, da Folha de São Paulo, seis sondas serão usadas para monitorar a qualidade e o nível de profundidade do aquífero Guarani em Ribeirão Preto. Segundo o jornal, três dos equipamentos já estão em uso. Como se sabe, o aquífero é a base dos negócios de turismo em Olímpia, a partir do Parque Aquático Thermas dos Laranjais.

O monitoramento irá identificar se há e em qual velocidade ocorre o rebaixamento do aquífero, única fonte de abastecimento do município, além de avaliar a qualidade da água captada para abastecer Ribeirão, de acordo com Carlos Alencastre, diretor do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica).

As seis sondas, que custaram R$ 400 mil ao Estado de São Paulo, serão colocadas em quatro regiões da cidade e no centro, onde o consumo é considerado maior. Somente na zona leste, área de recarga do aquífero, serão dois equipamentos.

“Vamos fazer o monitora­mento em Ribeirão porque é a cidade que mais capta água no aquífero e que depende exclusivamente dele para o abastecimento. É o município mais interessado em pre­servá-lo”, disse Alencastre.

Não há uma estimativa do total de água no aquífero. Segundo Alencastre, a principal preocupação é com o rebaixamento do nível no centro. Há dois anos, um estudo apontou que em 80 anos o aquífero havia abaixado 70 metros de profundidade na região.

Para Paulo Finotti, vice-presidente do comitê da bacia hidrográfica do rio Pardo, o monitoramento do aquífero já deveria ter acontecido para identificar, além do rebaixamento, a presença de poços clandestinos.

“O monitoramento vai iden­tificar se a água retirada é maior do que a que o Estado permite e se estão poluindo a água reservada.”

De acordo com Osvaldo Brunini, responsável técnico pela análise dos dados co­letados pelas sondas, não houve rebaixamento do aquífero nos últimos 15 dias, período em que três das sondas passaram a ser usadas. “Não há uma variação em função da ocorrência de chuvas ou aumento do consumo, mas isso pode resultar em um rebaixamento futuro”, diz.

As três sondas já em uso foram instaladas em poços desativados do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto).

As outras três sondas não foram colocadas porque os poços estão entupidos.

O Daerp informou que o cronograma para a instalação dos equipamentos já foi definido. No entanto, não informou quando irá fazer as intervenções necessárias para que os equipamentos restantes possam ser instalados.

Os recursos para o moni­toramento foram destinados pelo Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos) em 2010, mas só agora os equipamentos foram instalados.

 

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