18 de novembro | 2010
Esposa nega envolvimento de comerciante em tráfico internacional
A
comerciante Juliana Perpétuo Luciana da Silva, de 26 anos de idade,
declarou na tarde da quarta-feira, dia 17, que seu marido, o também
comerciante Ciro Marcondes Lourenço Plaza, de 32 anos, não tem
envolvimento com a quadrilha acusada de tráfico internacional de
entorpecentes, que foi presa no mesmo dia por agentes da Polícia
Federal (PF), de São José do Rio Preto.
A
declaração foi feita ao repórter José Luiz Lançoni do Diário da
Região, contestando a prisão preventiva de seu marido, quando da
prisão da quadrilha desbaratada pela operação Deserto,
desencadeada pela PF, no início da manhã da quarta-feira.
“A
única coisa errada que fez (Ciro Plaza) foi falar com o irmão
(Marcos Plaza), que está preso no Mato Grosso (do Sul)”, disse.
Segundo ela, a conversa interceptada pela polícia desencadeou a
prisão.
Além
de Ciro Plaza, detido em Olímpia, e do advogado Massao Ribeiro
Matuda, de 44 anos, em Rio Preto também foram presos Antonio de
Souza, de 46 anos, e Alex Gonçalves da Silva, de 30 anos.
Já
em Santa Fé do Sul, agentes da PF de Jales prenderam Eliane
Aparecida Novelli, de 43 anos, mulher do piloto de avião Aderval
Guimarães da Silveira, de 63 anos, que foi preso no dia 1º de
setembro deste ano, em Coxim (MS), ao transportar 254 quilos de
cocaína em seu avião. Eliane responderá pelo crime de associação
ao tráfico.
Segundo
o jornal, o advogado Matuda permaneceu em silêncio ao ser
interrogado pelo delegado Júlio Sávio Monfardini, na sede da
Polícia Federal. A mulher dele, Alessandra Matuda, também advogada,
não foi encontrada pelo jornal de Rio Preto.
Já
o advogado de Antonio de Souza, Wellinton Luiz de Souza, nega o
envolvimento do cliente com o narcotráfico. Para ele, as provas
baseadas em interceptações telefônicas são frágeis. “Procuravam
um tal de Toninho, acharam meu cliente e o prenderam”, disse.
O
advogado aguardará que o depoimento do acusado seja juntado ao
processo para tentar a revogação da prisão. “Se for negado,
entrarei com habeas corpus no Tribunal Federal da 3ª Região”,
disse o defensor.
De
acordo com o advogado Gualter João Augusto, seu cliente, Aléx
Gonçalves da Silva, é inocente. “Ele recebeu a visita de um amigo
e isso pode ter motivado a suspeita”, afirmou. O defensor aguardava
o desfecho da prisão para decidir a linha de defesa.
Já no
caso de Matuda, além da demissão do cargo em comissão na Câmara
de Pereira Barreto, ele pode ficar sem o registro profissional da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), obrigatório para exercer a
profissão.
A
expulsão do quadro profissional é a medida punitiva prevista pelo
regulamento estatutário da entidade classista, segundo a presidente
da subsede da OAB de Rio Preto, Suzana Quintana.
“É um
caso grave e o desligamento da entidade é a sanção legalmente
prevista em caso de condenação criminal”, disse. No entanto, até
o início da noite da quarta-feira, a OAB daquela cidade não havia
recebido aviso oficial da prisão do advogado.
Como
a prisão foi decretada pela Justiça Federal de São Paulo, o
comunicado pode ser feito à sede da entidade e, posteriormente,
remetido à unidade de Rio Preto. Para Suzana, a acusação de
envolvimento do profissional com o tráfico é lamentável. “É um
abalo a toda categoria”, disse.
Durante
a investigação, Matuda continuará com o registro ativo na OAB. O
processo administrativo é iniciado apenas em caso de condenação
judicial do advogado. “Até que se prove o contrário, ele é
inocente”, disse a presidente da OAB.
MUITO
DINHEIRO
Por
outro lado, segundo a Polícia Federal, o esquema chefiado por Matuda
era responsável pela movimentação de R$ 28 milhões em cocaína,
nos últimos 18 meses. Ele foi preso pela megaoperação no
condomínio de luxo Recanto Real, zona sul de Rio Preto.
No
total, 50 mandados de prisão e 38 mandados de busca e apreensão
foram cumpridos em quatro Estados (São Paulo, Mato Grosso do Sul,
Rio e Minas Gerais) pela PF, sendo que 20 correspondem a pessoas que
já haviam sido presas durante as investigações e 7 a criminosos
residentes em outros países, cuja prisão é de responsabilidade de
polícias estrangeiras e da Interpol.
O advogado, segundo a
PF, atuava como homem de confiança de dois irmãos colombianos
responsáveis por conseguir a droga em Santa Cruz de La Sierra, na
Bolívia, e também coordenava a atuação da quadrilha baseada em
São Paulo.
“Ele
(Matuda) era um dos cabeças que gerenciava toda a estrutura da
quadrilha no País”, disse o delegado Ivo Roberto Costa da Silva,
do Departamento de Repressão a Entorpecentes da Superintendência da
PF de São Paulo.
Segundo
o delegado, o grupo desbaratado era uma das maiores organizações
criminosas atuantes no País. Matuda, para a PF, era o maior
articulador entre os núcleos e a única pessoa que conhecia todos os
envolvidos.
ESQUEMA
Consta
que a droga chegava à região em aviões e seguia em carros ou
caminhões para depósitos mantidos pelos criminosos em São Paulo. A
cocaína era, então, embalada juntamente com cereais e seguia para o
Rio de Janeiro para ser “exportada” por navios para a África e
Europa.
De
acordo com a PF, cada carregamento mandava para ao exterior 250
quilos do entorpecente, o que rendia um faturamento bruto de R$ 2,5
milhões à quadrilha.
De acordo com a Polícia Federal, os
traficantes escondiam a droga na fuselagem das asas das aeronaves
(compartimento para armazenamento de combustível). Em outra forma de
transporte, a pasta de cocaína era embalada em sacos plásticos,
colocada nos aviões e descarregada em pistas clandestinas ou ainda
arremessada em voos rasantes em canaviais, de onde era recolhida
pelos integrantes da quadrilha.
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