26 de agosto | 2007
Enquete confirma tendência observada no iFOLHA
Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais que serão realizadas no início de outubro de 2008, certamente vários assuntos ligados ao tema vêm à tona em todos os cantos da cidade. Um deles e talvez o mais crucial, está relacionado a gastos necessários para que um candidato, seja a prefeito ou vereador, se eleja, e quanto se tem que gastar para tanto.
Por isso nesta semana a editoria desta Folha mandou a reportagem para as ruas entrevistar algumas pessoas e saber, na opinião de cada uma, qual o percentual de votos acreditam são comercializados entre eleitores e candidatos.
Embora as pessoas tenham sido escolhidas aleatoriamente, houve uma preocupação para que houvesse divisão entre idades que variam dos 17 aos 48 anos, que, com toda certeza, embora não haja fundamento científico, representam grande parte do colégio eleitoral local.
O resultado, isto é pelo menos o que indicam os números encontrados durante esta semana, confirma a mesma tendência observada pela editoria do jornal, também no caso dos internautas que opinaram na enquete proposta através do jornal on-line.
No caso das ruas houve um tríplice empate entre escolhas feitas pelos entrevistados, porém, chamando a atenção para o fato de 20% deles entenderem que 80% dos eleitores comercializam seus votos para escolher um candidato. Este número pode e deve ser considerado impressionante.
Entretanto, mesmo para casos em que as opções se deram para percentuais menores, como no caso de que seriam 50% ou mesmo 40% dos eleitores vendendo seus votos, empatados com o mesmo percentual, também mostra situação que leva a imaginar que, o próprio eleitor grande parte do eleitorado não vota apenas pela proposta do candidato.
Os motivos que levam o eleitor a comercializar seu voto, segundo o entendimento dos entrevistados, variam bastante e alguns chegam a culpar o próprio agente político que aproveita a falta de instrução que permeia em grande parte dos eleitores.
Levar vantagem
Para a recepcionista Tatiane Ferreira dos Santos, de 22 anos, por exemplo, que acredita que 40% vendem o voto, o início de tudo está, pelo menos, na maioria dos candidatos. "Acho que são eles que levam a isso porque oferecem muitas vantagens à população", comentou.
A balconista Jaciane Araújo Teixeira, de 18 anos, que opina que 80% vendem o voto, opta pelo descrédito gerado pela corrupção que comumente é percebida. De acordo com ela, seria o principal fator a levar a este tipo de escolha pelo eleitor.
"Todas as pessoas que a gente vota acabam sendo corruptas. E você acaba vendendo o voto porque vai acabar ganhando com aquilo e saber que será a mesma coisa. Acho que a partir do momento que a pessoa se envolve na política já é corrupta", disparou.
Mesmo sem apontar um percentual definido, a ajudante geral Sidnéia Aparecida da Costa, de 37 anos, entende que ser grande o contingente de vendedores de votos: "acho que por debaixo dos panos são a maioria".
Já sobre os motivos ela cobra que os candidatos sempre prometem e nunca cumprem o que foi prometido. "Na época da eleição eles falam o mundo e o fundo, eu vou te dar isso, vou fazer aquilo e aquilo outro e aí, ganhou, nem bom dia para a gente eles falam", reclamou.
Corrupção
O segurança Jelson Maudo, de 48 anos, que acredita em 50% dos eleitores a venderem seus votos, aponta um motivo que pode estar ligado ao descaso social: "por causa da situação do Brasil. As pessoas estão mais necessitadas e sem emprego, então acabam aceitando a corrupção", disse.
Talvez um motivo seja a falta de entendimento da importância de uma eleição. Este foi o caminho escolhido pelo comerciante Flavio Rodrigo de Jesus, de 23 anos, que calcula que seja um contingente de 20% dos eleitores. "A maioria das pessoas não têm entendimento das coisas", afirmou.
Já para o engenheiro civil e também comerciante, Gilmar Nogueira, de 43 anos, chegam a 60% os eleitores que comercializam seus votos. Para ele a falta de instrução é fundamental para que isso ocorra. "Falta de educação", enfatizou.
Interesses pessoais, na opinião do atendente Anderson Nogueira Donaire, de 21 anos, seriam motivos para que 40% vendessem seus votos. "Tem muita gente interessada em ganhar festas e dinheiro dos vereadores. E eles fazem e ganham os votos", resumiu.
A questão social volta à cena nas palavras do balconista Danilo Henrique Gallina, de 17 anos, que acredita que 90% vendem seus votos. "Devido a falta de emprego e de dinheiro para a população. É tudo isso", asseverou.
A busca pelo necessário para o bem pessoal foi colocada na lista de motivos pela balconista Simone Cristina Tognon, de 18 anos. Ela que acredita que 80% vendam seus votos e justificou: "Porque o cidadão não corre atrás do que realmente precisa. É onde os vereadores (candidatos) se aproveitam disso e compram os votos".
Trocar favores pelo voto ou mesmo o fator amizade, é o que entende a balconista Maria Lucia Reginaldo Rocha, de 38 anos, que acredita em 50%. "Política normalmente, creio que é assim: porque fica devendo favores ou porque é amigo. Muita coisa existe no meio disso", destacou.
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