19 de outubro | 2014

Descoberta na Usina Cruz Alta confirma três povos indígenas

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Embora ainda sem uma definição precisa de quanto tempo aconteceu, o fato é que a descoberta de novos sítios arqueológicos na Fazenda Cruz Alta, localizada na região do distrito de Baguaçu, noroeste do município, mostra que as terras onde atual­mente se encontra a centenária cidade de Olímpia também teve as presenças dos povos indígenas tupi-guarani, uru e aratu há pelo menos dois mil anos atrás.

A informação foi confirmada na ocasião pelo arqueólogo Paulo Eduardo Zanettini. Essa é, pelo menos, a primeira conclusão que chegaram os arqueólogos da empresa Zanettini Arqueologia, responsáveis pela descoberta histórica em terras onde a Açúcar Gua­rani já preparava mais uma expansão da produção de cana-de-açúcar.

Foram sete novas áreas onde foram encontrados fragmentos de utensílios domésticos e armas artesanais pertencentes a culturas, embora prevalecentes mesmo que cambaleantes ainda em outros estados, já extintas em nossa região.

Os trabalhos, segundo consta, tiveram início através de peças que surgiram durante o início do preparo das terras pertencente ao grupo Açúcar Guarani para o plantio de cana-de-açúcar.

Dentre os materiais já recuperados há fragmentos de cerâmica e peças de pedra lascada e polida que afloraram à superfície dos sítios, inicialmente, com a passagem dos arados.

Alguns dos sítios, segundo avaliação preliminar dos arqueólogos envolvidos na descoberta, seguramente têm mais de dois mil anos.

“Contava-se com apenas um sítio arqueológico estudado na cidade de Olímpia. Essas descobertas na área do empreendimento da Açúcar Guarani mudam completamente o panorama que se dispunha, quer em termos quantitativos, quer do ponto de vista qualitativo”, afirmou à época a arqueóloga Camila Moraes, que coordenou a equipe.

Já é definitivo que as áreas habitadas pelos índios variam de 800 metros quadrados a 1,2 mil metros quadrados. Os vestígios mais primitivos encontrados foram dos umbus, que, segundo Paulo Zanettini, são caçadores e pesca­dores.

No entanto, outros dois povos: urus e tupi-guarani, que tinham costumes parecidos, porém, já mais civilizados, também teriam habitado o lugar. Embora ainda dependendo de muitos estudos científicos, não está descartada a hipótese de interação entre esses grupos.

Prefeitura diz que não podia investir em área de terceiros

Embora não tenha sido afirmado categoricamente por ninguém, a Prefeitura Municipal de Olímpia estaria alegando que não poderia realizar investimentos na área onde está o Cemitério Maranata, também conhecido por “cemitério dos índios”, por ser tratar de um terreno que não pertence ao município, mas a terceiros, no caso a Construtora Faganello, de Araçatuba.

Pelo menos é isso que se pode entender de uma reportagem elaborada pelo repórter André Modesto com imagens do cine­grafista Francisco Brauna, que foi exibida pela TV TEM, afiliada da Rede Globo, em São José do Rio Preto, na quarta-feira, dia 15.

O Ministério Público Federal (MPF) notificou o proprietário da área e a Prefeitura Municipal de Olímpia exigindo que sejam interrompidas todas as atividades econômicas e que sejam providenciados cuidados e vigilância especiais no local.

Mas a Prefeitura justifica a falta de investimentos por se tratar de uma área particular.

Mas agora, o município aguarda as exigências que serão feitas pelo IPHAN. “Para delimitar a área correta em que situado o sítio arqueológico, cercar essa área com placas indicativas e colocar uma segurança especializada”, afirmou o diretor de Cultura de Olímpia, Caio Longhi (foto).

De acordo com ele, a pista motocross foi fechada na terça-feira, dia 14.

“Na quinta-feira (dia 9) o Ministério Público Federal de São José do Rio Preto informou à Prefeitura de Olímpia que depois de 21 anos de processo, eles tinham chegado ao veredito que, mesmo a área não sendo da Prefeitura de Olímpia, a Prefeitura deve zelar pela área, preservar a área, mas não sozinha, em parceria com o IPHAN. Então, fica a critério do IPHAN a delimitação da área real do sítio arqueológico e a Prefeitura tem que manter esse local sem nenhum tipo de depredação pública”, afirmou Longhi em entrevista que concedeu à imprensa de Olímpia.

De acordo com ele, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), está se preparando para poder vir a Olímpia para fazer a delimitação exata.

“A área exata do cemitério eles já tem conhecimento qual é.

Mas dentro dos parâmetros usados pelo IPHAN existe uma área de apoio em volta do cemitério. Essa área de apoio por enquanto eles não sabem informar qual é porque eles não sabem ao certo o número de peças que existe”, explica Longhi.

Segundo ele, depois que for feito o escaneamento da terra e a delimitação correta, já há projetos para serem implantados na área, principalmente em relação ao setor turístico. “A Prefeitura fica incumbida de preservar o local, manter uma equipe e contar com a colaboração da Polícia Militar pra que essa área não seja invadida novamente”, diz.

“Hoje estamos trabalhando para que aquele local futuramente possa se transformar em um local turístico. Estamos com um projeto junto ao IPHAN para poder contratar uma equipe de arqueólogos para poder trabalhar em Olímpia realizando a prospecção dessas peças, das chamadas igaçabas que ainda existem no local e junto transformar o ponto num local turístico”, reforça.

Para esse projeto será utilizada toda a área que for delimitada, inclusive para a construção de um museu adequado: “essa área seria o mais próximo do terreno principal do cemitério Ma­ra­nata”.

Até mesmo a ideia de fazer o tombamento histórico da área está sendo conversada com o Conselho de Defesa do Pa­tri­mônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Con­de­phaat): “é uma área que vem a somar para a cultura e o turismo de Olímpia”.

Vale do Turvo tem mais de 40 sítios arqueológicos

A partir da informação a respeito de medidas que devem ser tomadas que estão sendo impostas pelo Ministério Público Federal (MPF), de São José do Rio Preto, em relação à preservação do sítio arqueológico, conhecido como Cemitério Maranata, que foi identificado em 1993 ao lado do Jardim Hélio Cazarini, conhecido por Cohab III, na zona sul de Olímpia, agora surgem mais informações a respeito de um eventual mapa arqueológico da região do chamado Vale do Turvo.

Uma reportagem exibida pela TV TEM, afiliada da Rede Globo, em São José do Rio Preto, na quarta-feira, dia 15, mostra que na região noroeste sítios arqueológicos são muito comuns.

Trata-se de um trabalho elaborado pelo repórter André Modesto com imagens do cine­grafista Francisco Brauna, que foi exibido pela emissora.

“Só no Vale do Turvo nós temos informação que já foram encontrados mais de 40 sítios arqueológicos. E são poucas as pessoas, poucos arqueólogos, que estão explorando”, conta o pes­qui­sador Antônio Carvalho (foto).

E, trata-se de informações consideradas bastante importantes para os estudiosos, algo que precisa ser defendido por toda a sociedade, mas que estão correndo o risco de desaparecerem.

“É a partir dessas evidências, desses sítios, que a gente pode conhecer melhor como era a vida deles e compreender até quem hoje vive aqui”, avalia a antropóloga Niminon Pinheiro (foto).

Segundo a reportagem a burocracia e a falta de atitude por parte de autoridades podem acabar com pelo menos uma parte da história da região, ou seja, com um dos sítios arqueológicos de Olímpia, que está ameaçado e o MPF quer que algumas providências sejam tomadas.

A reportagem fala do pasto e da riqueza histórica  que ele esconde, a partir das escavações realizadas em 1993, quando arqueólogos encontraram alguns objetos que confirmam que o local já foi ocupado por tribos indígenas.

Mas apesar da importância histórica o terreno sofre com o abandono e amaças constantes.

Agora é o gado e uma pista de motocross usada nos finais de semana que podem colocar fim a uma página dos primeiros habitantes da região.

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