08 de março | 2009

Delegada afirma que só 10% dos que agridem mulheres são denunciados

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 De acordo com a titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Maria Tereza Ferreira Vendramel (foto), apenas 10% das mulheres denunciam à Polícia as agressões que sofrem, principalmente de seus companheiros. Por isso acredita que a violência ainda é grande contra o chamado sexo frágil, embora não concorde com essa maneira que são consideradas. A violência, segundo ela, são em todos os sentidos: física, moral, emocional e patrimonial, além de outros vários tipos.

"Ocorre que para algumas mulheres ainda é muito difícil denunciar o seu agressor porque, a gente se coloca no lugar delas, é muito difícil denunciar uma pessoa que se ama ou que se amou um dia, uma pessoa com quem se tem um vínculo afetivo, com quem tem filhos. É complicado", explica.

Numa análise recente que fez, concluiu que apenas 10% das mulheres levam ao conhecimento da polícia as agressões que elas sofrem. No entanto, afirma que é um quadro em mutação que, com o passar do tempo, tende a uma transformação muito grande.

"A gente está notando que as mulheres estão ficando mais corajosas e estão mais decididas quanto a isso. Elas estão denunciando mais, recentemente, porque está aumentando o número de denúncias e também o pedido de prosseguimento de processos contra o agressor", comenta.

As próprias situações criadas recentemente, como a chamada Lei Maria da Penha, que possibilita a prisão em flagrante do agressor, favorece o encorajamento das mulheres agredidas a irem em frente com as denúncias, principalmente contra seus companheiros.

"Em alguns casos a autoridade policial representa pela prisão temporária ou preventiva e isso já faz com que o agressor seja tirado do convívio da vítima e fique preso até o julgamento final do processo. É uma forma de proteção maior à mulher", explicou contando os efeitos da recente lei criada para punir os agressores de mulheres.

Mas, avisa a delegada, que para que se combata realmente a violência praticada contra a mulher, é preciso que elas tenham coragem de denunciar seus agressores. "E não continuar a conviver com o inimigo debaixo do mesmo teto", enfatiza.

Força

Sobre a classificação de ‘sexo frágil’, atualmente odiada pela maioria das mulheres, a delegada entende que falta o reconhecimento de que não existe essa fragilidade tão comentada. "Porque as mulheres, acredito, suportam muito mais as suas dores físicas, as dores da alma que acho que são as piores do que as físicas, com coragem, resignação e persistência. A mulher não se entrega facilmente por qualquer motivo e continua com seus afazeres. Às vezes com dor ela vai à luta e o homem (alguns) faz um corpo mole", afirma.

Casada e com um filho, Tereza Vendramel conta que, embora a vida seja bastante "corrida" (sic), tem que conciliar o trabalho com a vida familiar: "tem dia que não dá tempo para nada, mas eu acho que essa luta do dia-a-dia é que dá um sabor à nossa vida. Temos que respirar fundo e confiar em Deus, por a mão na massa, e trabalhar".

De maneira geral, no entanto, acredita que as mulheres vem se destacando bastante em vários setores da sociedade. Atualmente, várias estão liderando e bem, diversos setores como o empresarial, educação, segurança pública e política, entre outros.

"A mulher às vezes tem até a fama de ser chata porque, acredito, ela é mais detalhista do que os homens. Ela tem quer fazer o melhor possível sempre, se empenha e acaba sendo mais exigente, como forma de provar cada vez mais o quanto são capazes intelectualmen te, tanto quanto aos homens", reforça.

A cidade de Olímpia é um exemplo vivo de destaque das mulheres, na sociedade, que atualmente a cidade conta com duas juízas de direito, duas promotoras públicas, uma delegada de polícia, e atualmente, mais recentemente a capitã, que é responsável pelo comando do policiamento militar da cidade, que chegou recentemente, eu acho que é um exemplo bem vivo disso.

Embora veja progressos com a mulher já se destacando no mercado de trabalho, o que significa, em tese, maior liberdade, destaca que o ‘machismo’ ainda predomina na sociedade. "Acredito que em todas as classes sociais", diz.

 

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