10 de junho | 2019

Coordenador de Fandango que ilustra cartaz diz que Festival manteve o seu grupo vivo

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Durante entrevista que concedeu à rádio Cidade FM, o coordenador do Gru­po Fandango de Tamanco Cuitelo, Diogo Coelho, destacou a importância da existência do Festival Nacional de Folclore, Fefol, para a manutenção da manifestação po­pular em atividade. O destaque foi feito na tarde da terça-feira desta semana, dia 4, quando foi lançado o cartaz promocional oficial do 55.º Fefol, homenageando o grupo.

“O festival do folclore de O­lím­pia propicia aos grupos essa oportunidade de estar se apresentando e dar visibilidade à cultura popular que é um pouco deixada de lado. Então, o festival nacional de Olím­pia dis­ponibiliza aos grupos esse palco, essa visibilidade e isso oferece aos grupos e integrantes deles que tenham esse espaço. O festival nacional de O­límpia dá essa oportunidade aos grupos. Consequentemente, o grupo nosso tem um compromisso de todos os anos estar em Olímpia participando do festival. Então, nós agradecemos muito ao festival porque a nossa tradição se manteve graças a ele”, avaliou Diogo Coelho.

Diogo Coelho também falou da homenagem no cartaz: “Nós do grupo temos uma gran­de honra de estar em O­límpia. Para a gente é motivo de orgulho e fazemos questão de estar presentes todos os anos”.

Desde 1964 o grupo par­­­ticipa do Fefol. “E a no­va geração vem man­ten­do com muito carinho e orgulho, preservando a cultura e a origem do povo da zo­na rural do interior pau­lis­ta com essa dança que é cen­tenária que é o Fandan­go de Tamanco”.

O GRUPO

Fundado em 1964, no Bairro Ferreira dos Matos, zona rural de Ribeirão Gran­de, por Pedro Vilari­no Ferreira, o grupo de Fan­­dango de Tamanco ganhou o nome de Cuitelo. Apelido este que foi dado pelo próprio fundador, pois era um amante dos beija-flores, pássaro que no linguajar caipira é conhecido como ‘cuitelo’.

Sua primeira apresentação foi em 1964, na cidade de Ita­petininga. E foi nesta apresentação que estava presente o pro­fessor José Sant’anna, i­de­alizador e criador do Festival do Folclore. Conta a história que o professor ficou encantado com o grupo e o convidou para participar do e­vento em Olímpia. A partir daí, foram 54 anos inin­ter­ruptos de presença na Capital Nacional do Folclore. Assim, a ilustração do cartaz é uma homenagem ao Fandango de Tamanco por ser o grupo que participou de todas as edições do festival até hoje.

“Queremos muito agradecer a Deus, que nos deu o dom da vida e nos permitiu estar aqui hoje, às autoridades que nos proporcionaram estar aqui e também aos nossos antepassados que nos deixaram essa herança, que é essa viola, essa sanfona, o chapéu de palha, a camisa xadrez e o lenço no pescoço. Participar desse festival e ser homenageado no car­taz é motivo de muito orgulho porque é a história do povo do sertão, sendo reconhecida, tendo essa visibilidade. A gente fica imensamente agradecido a to­da a equipe do Festival e a toda população de Olímpia. Esse cartaz para nós é um troféu”, disse Diogo emocionado.

A TRADIÇÃO DO FANDANGO

O Fandango, dança sapa­te­ada e palmeada ao som de violas e gaitas, é de origem hi­bé­rica, especificamente da Es­panha, e chegou até a região do Sudoeste Paulista através dos Tropeiros, grupo de mula­de­iros, que vinham do sul do país, por volta de 1700. Em seu percurso desbravando o sertão pa­ulista, os tropeiros faziam suas paradas e, muitas vezes, criavam-se povoados, uma vez que os usos e costumes dos tro­pei­ros que eram formados por portugueses, espanhóis, italianos e outras etnias, instalavam-se por onde passavam e as culturas e tradições foram também transmitidas ao povo local.

A manifestação cultural era também uma forma de confraternização celebrada na comunidade após os “puxirões” ou mutirões, que eram os trabalhos coletivos nas lavouras e cultivo de cereais, como meio de a­gradecer todos os colaboradores, em um jantar com alegria e dança. Contam os mais velhos que o fandango durava a madrugada toda, a luz de lam­pa­rinas e fogueiras, que animavam os sertões paulis­tas.

Eram executados ao som das violas de dez cordas e gaitas o­ito baixos, acompanhados pelos tradicionais tamancos de laranjeira, que substituem as castanholas espanholas.

Sempre presente nas festas de quermesses, casamentos e outros eventos comemorativos, o fandango era uma das atrações principais, pois além do sapateado que era específico da dança, o fan­dango era a­companhado de cantadores, que ficavam responsáveis de intercalar com “queromanas” entre uma dança e outra. A queromana é um estilo de cantoria improvisada, elaborada instantaneamente com os fatos que ali ocorriam ou sobre o dia a dia do homem do campo, sempre entoado em duas vozes, acompanhados pelas violas caipiras, de cra­vilha de pau ou tarraxa.

Com o passar dos anos, essa dança ganhou grandes traços caipiras, adaptando-se ao povo da redondeza. Traços como a camisa xadrez, chapéu de palha, calças e o lenço no pescoço identificavam a cultura do homem do campo no seu dia a dia.

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