09 de novembro | 2008

Consumidores elegem supérfluos para cortar gastos e driblar a crise

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Há muito tempo o brasileiro aprendeu a conviver com as dificuldades financeiras. Há muito tempo a cada ano que passa elegem novos itens considerados supérfluos como forma de economizar e garantir o pagamento de todas as contas no final do mês. Agora, a criatividade volta ao campo de jogo e os consumidores elegem novos supérfluos, cada um à sua maneira, como forma de encarar a crise financeira mundial que, se ainda não chegou ao Brasil, não está descartado que venha interferir na economia de uma cidade do porte de Olímpia também.

Da reportagem feita por esta Folha nesta semana, pode-se depreender que há várias formas de encarar o problema. Mas uma coisa é certa: a preocupação da população é globalizada assim como as informações que recebem no dia-a-dia dos programas jornalísticos da televisão. "Acho que toda a população já está sentindo a crise. É claro, não tenho dúvida", comenta o corretor Otacílio de Oliveira Neto.

As informações que recebe diariamente fazem com que o corretor se preocupe a ponto de cortar o que considera dispensável para sua sobrevivência. "Os hábitos – conta ele – a gente vem mudando há vários meses só que hoje temos que mudar ainda mais". Mas as reservas para os cortes de gastos já são poucas.

No entanto, Neto avisa que não há muito que fazer em relação a esse cotidiano, porque grande parte da despesa é de alimentação. Para cortar os gastos tem que eleger o que é desnecessário. "Um exemplo: aquele final de semana que você sempre gostava de fazer uma festinha ou ir a um rancho, isso você tem que cortar", comenta.

A vendedora Lisandra Helena Maria Pereira tem certeza e acredita que todos os brasileiros estão sentindo o problema da crise e lamenta que isso afete de maneira geral todo o mercado, seja em qualquer segmento. No entanto, ainda não mudou seus hábitos de consumo: "A gente demora um pouco para se adequar a essas mudanças".

Mas os preços na hora de refazer os estoques da casa há muito incomodam a escriturária Maridalva Bassi Bitencourt. Por isso diz que ainda não sente os efeitos da atual crise: "porque, a gente como dona-de-casa, que vai ao supermercado todos os meses fazer a compra, vê que sempre há um aumento tanto na parte de alimentos, como na de higiênica. Se tem a ver com a crise ou não isso não sei distinguir".

Por isso a precaução com os hábitos de consumo é presente em sua vida: "porque não sabemos se pode ou não afetar nosso o país. Por enquanto parece que ainda não afetou".

Aposentado

Porém, há os que se vêem obrigados a cortar itens básicos, como no caso do aposentado Benedito Nelson Paschoalete, que foi enfático ao ser perguntado se já sente os efeitos do problema: "Já estou percebendo". Ele conta que teve que mudar metade de seus hábitos de consumo. E o que mais cortou: "alimentação, a carne, por exemplo, diminui cerca de 70%".

O também aposentado Artur de Carvalho, que prevê uma situação bem pior em 2009, vive, porém, uma situação diferente. "Eu, por exemplo, iria trocar de carro, já não vou trocar esse ano. Eu viajava três vezes ao ano para o litoral, capital, etc, e nesse ano vou diminuir para aguardar um futuro melhor", explicou.

O cabeleireiro Antônio Garcia também já está sentindo os efeitos e avisa que tem que mudar os hábitos de consumo para poder acompanhar: "Esse problema dos Estados Unidos afetou todo mundo. De consumir eu não deixei nada, mas a gente tem que dar uma maneirada, cortar alguma coisa desnecessária".

A comerciante Joalice Matheus Gallina acredita que assim como ela, todos estão sentido. No entanto, embora já planeje cortes, ainda não mudou seus hábitos de consumo: "mas estou pensando em cortar gastos, porque não se sabe o que vem aí". Ela pensa em diminuiu principalmente as compras: "passeios à gente está diminuindo um pouco, o lazer a gente está tirando".

 

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