29 de julho | 2007

Construção de usina nuclear em Icem divide opinião de olimpienses

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A construção de uma usina nuclear, possivelmente no município de Icem, às margens do rio Grande, conforme foi anunciado no início do mês de julho pelo presidente da Eletronuclear, Othon Pinheiro, está dividindo as opiniões de olimpienses consultados nas últimas duas semanas pela reportagem desta Folha. De acordo com as informações, a construção da nova unidade está prevista no Plano Nacional de Energia (PNE) do Ministério das Minas e Energia.

O conselheiro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) de São Paulo e coordenador da Câmara Especializada em engenharia elétrica do conselho, engenheiro eletricista Luiz Antônio Moreira Salata, de 53 anos, por exemplo, defende a ampliação das hidrelétricas a invés dar continuidade ao projeto começado em Angras dos Reis.

Defende, o engenheiro, que as usinas já em funcionamento podem ser ampliadas e ter seus equipamentos substituídos, o que daria condições de atingir as metas do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), cuja finalidade é evitar um provável ‘apagão’ – insuficiência no abastecimento – no final desta década.

Além disso, destaca os riscos de um acidente numa usina nuclear que trariam prejuízos irreversíveis para a população. Ele aponta o que ocorreu há cerca de 21 anos em Chernobyl, antiga União Soviética, que deixou milhares de pessoas afetadas pela radioatividade e outras milhares que morreram. O risco potencial daquele acidente, segundo ele, se deu em milhares de quilômetros.

Já o frei Eduardo Chagas Nithack, de 70 anos, vigário paroquial da Paróquia de Nossa Senhora Aparecida, ao ser indagado, disse ter confiança que os cuidados necessários para evitar malefícios serão perfeitamente adotados. Ele destacou ainda que se for concretizada é porque há necessidade.

Estudos complexos

Na opinião do artista plástico e colaborador desta Folha, Willian Antônio Zanolli, de 55 anos, militante do Partido Verde (PV) de Olímpia, sigla partidária amplamente ambientalista, o projeto anunciado exige estudos mais complexos para que sejam evitados danos irreversíveis ao meio ambiente. Ele observa que as próprias usinas de açúcar e álcool, que entende não foram discutidas o bastante, também causam grandes impactos ambientais.

Já o biólogo Samir Mohamad Kharfan, de 28 anos, professor da Escola Estadual "Dona Anita Costa", é contra a implantação de uma unidade mesmo com a certeza de que, se bem implantada, vá produzir energia limpa. Por outro lado, entende que a solução para o problema energético seria mais simples, caso fosse atacado outro problema bem mais sério e que não tem recebido a mesma dedicação que é o sistema educacional.

Para o médico oftalmologista Guilherme Kiill Júnior, de 46 anos, ex vice-prefeito do município de Olímpia e um dos principais filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT) local, o Brasil primeiro necessita revolucionar o sistema educacional para, somente depois, pensar em desenvolver novas tecnologias.

A psicóloga Rejane Puttini também é contra e teme que um investimento do governo federal na implantação venha trazer prejuízos para o município, principalmente se acontecer algum acidente com o projeto. Por causa disto, declarou ser terminantemente contrária a possibilidade previamente anunciada.

 

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