20 de fevereiro | 2011

Condições precárias levam o diretor clínico a pedir demissão da Sta. Casa

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Além do atraso nos pagamentos da remuneração dos médicos que realizam o chamado plantão à distância, aqueles que não permanecem o dia todo no hospital, mas são acionados quando surgem emergências, as condições precárias consideradas pelo médico Fábio Martinez (foto à direita), o levaram a pedir demissão do cargo de diretor clínico da Santa Casa.

A informação foi confirmada na tarde desta sexta-feira, dia 18, pelo advogado Gilson Eduardo Delgado (foto à esquerda), que defende a categoria nas questões relacionadas a esses plantonistas e, agora, especialmente, no desligamento de Martinez do cargo de diretor.


“Ele já comunicou ao Ministério Público, à Comissão de Ética Médica da Santa Casa, à provedoria e ao Conselho Regional de Medicina (CRM). Martinez não está tendo mais como continuar no cargo. As condições do hospital são precárias, a ponto de colocar em risco sua própria carreira”, avaliou Delgado.


Delgado relata que não foi cumprido o acordo firmado há cerca de um ano, entre os plantonistas e o hospital, que, inclusive, foi acompanhado de perto pelo promotor de justiça, Gilberto Ramos de Oliveira Júnior, cujo desenvolvimento culminou também, no decreto do prefeito Eugênio José Zuliani, Geninho, para a intervenção na direção do hospital.


Na oportunidade, um dos pontos acertados foi que a Santa Casa ficaria responsável por reestruturar o corpo clínico e garantir condições dignas de trabalho. “Lamentavelmente isso não aconteceu. Sem falar na remuneração que já está atrasada, acho que dois meses”.


A questão, segundo o advogado, não seria propriamente a falta de pagamento dos plantonistas à distância, mas o fato que os próprios funcionários estariam todos insatisfeitos, principalmente por não terem recebido o 13.º (pelo menos até nesta sexta-feira).


“Martinez me falou que está difícil porque os funcionários da Santa Casa estão insatisfeitos, os médicos não querem mais prestar serviço, não querem cumprir escala. Ele está trabalhando praticamente todos os dias para não deixar descoberto, até porque é o diretor clínico”, informou.


“Então, para evitar problema para a população, para o hospital, porque sem o diretor clínico o hospital tem de fechar, de maneira responsável e até preocupado, tanto com a população, quanto pela responsabilidade que tem,  ele resolveu renunciar”, acrescentou.


Assim como no caso do diretor clínico, também haveria um comunicado de demissão do médico Márcio Henrique Eiti Iquegami, que vinha ocupando o cargo de diretor técnico do hospital. “Eles estão tendo problemas. Não está tendo mais os plantonistas presenciais, ou seja, aqueles que vêm de fora e permanecem todo o dia no pronto socorro. Ele (Martinez) falou que não tem condições e que enquanto não tiver estrutura não dá para continuar”, explicou.


Agora, segundo Delgado, o Conselho Médico da Santa Casa deverá convocar nova eleição para preencher os dois cargos. “A situação está critica”, observou o advogado.


Já sobre o pronto socorro o advogado relata que Martinez vem sanando problemas durante todo o mês, chegando a trabalhar jornadas de 14 horas diárias. Por isso, deu um aviso prévio para atender as disposições legais existentes, comunicando, inclusive ao Ministério Público (MP), a decisão.


INTERVENÇÃO INÓCUA


Segundo o advogado, que defende os interesses dos médicos desde o início do processo, a intervenção não resolveu nada em relação aos problemas que antes existiam na Santa Casa.


“Só protelaram. Deram uma amenizada na crise. Acho que precisa ter um pouco mais de seriedade e preocupação do poder constituído, pois a Santa Casa é o único hospital da cidade e está à bancarrota. Está naufragando. Daqui a pouco nenhum médico mais vai querer prestar serviço e quem vai acabar pagando é a população”, lamentou Gilson Delgado.


No entanto, ao mesmo tempo deixa claro que o interesse dos médicos, nesse caso específico de Fábio Martinez e, possivelmente de Marcio Iquegami, é puramente dar sobrevida ao hospital.


“Estão lutando ao máximo para não prejudicar o atendimento à população e o próprio hospital, para que não venha a fechar. Mas está difícil. A situação está se tornando quase que insustentável”, asseverou.


Embora sem ter em mãos informações oficiais, Delgado disse que ainda não há falta de medicamentos ou mesmo materiais cirúrgicos, mas problemas nesse setor também não estariam descartados por Fábio Martinez. “Aparentemente, embora ele não tenha certeza, parece que já há atrasos também para algum fornecedor e ele teme também que isso venha a ocorrer”, avisou.


Por outro lado, até o fechamento da edição não foi possível manter contatar o outro médico, Marcio Iquegami, mas a informação obtida com a secretária Franciele, foi que ele retornaria à clinica apenas na segunda-feira e que não possuía o número do telefone celular dele.

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