05 de dezembro | 2008

Carneiro deixa cidade sem uma das principais atrações turísticas

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O prefeito Luiz Fernando Carneiro está deixando a cidade de Olímpia sem uma de suas principais atrações turísticas. Embora sem uma informação oficial dos motivos, o fato é que a reportagem desta Folha apurou, nesta semana, que o Museu de História e Folclore Maria Olímpia, fundado há cerca de 50 anos, está fechado há pelo menos 15 dias. O local, que era frequentemente visitado pelos turistas, guarda, agora no mais completo abandono, mais de cinco mil peças que retratam o folclore brasileiro.

Ao que consta, o museu estava acéfalo. A funcionária chefe do local, Maria Jesus de Miranda, há alguns meses se encontrava afastada do trabalho por motivos de doença e não houve, pelo oficial, a indicação de ninguém para substituí-la.

O motivo do fechamento, ao que consta, se deu em razão do encerramento dos contratos de funcionários da frente de trabalho, provavelmente no dia 31 de outubro próximo passado. Até então, seriam eles que estariam tomando conta do museu, mas não tiveram seus contratos renovados para diminuir despesas e fechar o caixa da prefeitura.

A reportagem verificou que apenas um vigia permanece no local, embora não em período integral. Esse funcionário seria o responsável pelos cuidados com as plantas dos jardins que ornamentam o velho casarão que pertenceu à Família Tonnani e foi desapropriado pelo município.

Para Roseane Nunes, que integra o Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande, da Comissão Paulista de Folclore, o museu é o maior patrimônio cultural material disponível o ano todo.

"Fica a impressão de que o poder público ainda não compreendeu que o funcionamento da cultura e do turismo não deva se submeter aos interesses de partidarismos e tendências políticas", descreveu em e-mail que encaminhou à redação desta Folha.

De acordo com ela, não é novidade a precariedade em que se encontra o antigo casarão e parte do "precioso acervo" (sic). "No entanto, sempre houve funcionários dedicados que, de qualquer forma, buscaram mostrar o melhor aos visitantes e, principalmente, aos pesquisadores, que são muitos", acrescentou.

Nunes ressalta que quando se toma algo emprestado ou alugado de alguém, a  obrigação é cuidar para que devolva os imóveis e equipamentos em perfeitas condições de funcionamento. "Independente de  qualquer problema burocrático, embargo ou outros entraves administrativos é dever do poder público cuidar e conservar o imóvel sob sua responsabilidade", afirma.

O prédio do Museu do Folclore, como é carinhosamente chamado pela população, está carente de investimentos urgentes e necessários. Precisa de imediato de um mínimo para oferecer  melhores condições aos visitantes e funcionar adequadamente.

"Ressaltamos que também é dever da população cobrar ações em favor da cultura local e contamos com a conscientização de todos e a lucidez dos nossos representantes, que estão no poder e os que assumirão em breve, para que este patrimônio de importância nacional e neste período de grande movimento turístico, reabra suas portas", assevera.

IOM

Por outro lado, a reportagem constatou na edição do 8 de novembro da Imprensa Oficial do município de Olímpia, que o prefeito Carneiro exonerou a funcionária Maria Jesus de Miranda, que ocupava o cargo em comissão de chefe do museu do folclore.

A reportagem, porém, não conseguiu falar com Maria de Miranda, mas ao que consta, ela se encontra enferma e teria até sido pega de surpresa ao saber de sua demissão do cargo.

De acordo com informação que ela passou a esta Folha no início de 2007, o Museu de História e Folclore Maria Olímpia, guarda cerca de cinco mil peças a serem mostradas a turistas.

O museu conta a história de Olímpia e mostra as principais manifestações folclóricas, não só da região e do Estado, mas de todo o Brasil.

"Isto daqui é uma coisa muito forte. Toda cidade tem história, tem memória e o museu conta a história de Olímpia", reforçou. A visitação constante devido ao movimento de turistas que vêm ao Parque Aquático Thermas dos Laranjais, aumenta nos meses de junho, julho, agosto – mês do Fefol – e setembro.

Carro de boi

De muito o estado de abandono vem sendo cobrado por esta Folha da Região, mas sem que se consiga uma solução para os problemas. Um exemplo disso é o fato de um carro de boi, que foi doado ao museu, se encontrar abandonado há pelo menos mais de 10 anos.

O Museu de História e Folclore Maria Olímpia, idealizado, principalmente pelos professores José Sant’anna e Victorio Sgorlon, há cerca de 45 anos, há muito pede socorro às autoridades do município

Pior que o descaso com o carro, o que verificou-se à época, foi o fato de nem mesmo haver um registro da entrada da peça que faz parte da história dos mais de 100 anos de Olímpia.

O carro de boi que ainda se encontra no mesmo local, embaixo de uma árvore, à mercê das intempéries do tempo, principalmente da chuva, não tem um registro de nascimento. Nem mesmo o nome do doador da peça é sabido oficialmente.

O espaço também não demonstra ser suficiente para o tanto de peças que o museu já recebeu em toda sua existência e embora no local haja um grande terreno, que também pertence à prefeitura e consta da mesma escritura, nenhuma construção adicional foi pensada até hoje.

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