21 de fevereiro | 2010

Bebê de Olímpia recebe novo coração em R. Preto

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“Agora será vida nova. Foram quatro meses de sofrimento vendo meu filho no hospital”. Dessa forma, a dona de casa Giseli Dutra de Oliveira, de 19 anos de idade, define o futuro da família depois da cirurgia realizada em seu filho Paulo Cezar Dutra Rocha, de um ano e oito meses, que reside na cidade de Olímpia. O bebê passa bem depois de ter recebido um coração novo em cirurgia realizada na terça-feira, dia 16, no Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto.

Ele sofria de uma doença congênita chamada miocárdio não compactado que faz o coração perder a força para bombear o sangue. Segundo o cirurgião car­dio­vascular que operou o bebê, Ulisses Alexandre Croti, chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca Pe­diá­trica do HB, na quarta-feira, dia 17, sua equipe realizou um ecocardiograma em Paulo Cezar, que detectou que o coração que ele recebeu da menina Gabrielly Alana Pivanti, de um ano e três meses, está absolutamente normal.

Na manhã desse mesmo dia, o bebê já respirava espontaneamente e começou a se alimentar. Ele comeu pela primeira vez às nove horas. Tomou leite e sopa de legumes. Por volta das 17 horas recebeu uma mamadeira com leite da mãe.Paulo Cezar está na UTI pe­diá­tri­ca do HB e é monitorado 24 horas por um aparelho que observa suas funções vitais, como ritmo cardíaco, quantidade de oxigênio no sangue, temperatura do corpo e pressão arterial.

O bebê toma medicações especiais para evitar que seu o organismo tenha rejeição ao coração implantado. O remédio é administrado via oral e endovenosa. Com o passar dos dias, será apenas via oral. “Por isso, mesmo que o estado de saúde dele esteja bem deve ficar internado de 15 a 20 dias, por causa da necessidade de adequação dessas medicações contra a rejeição”, afirma o cirurgião.

CIRURGIA INÉDITA
Foi uma cirurgia inédita em todo o interior do Brasil, que abre as portas para que crianças com defeito grave no coração façam o transplante na cidade, reconhecida como uma capital regional. A cirurgia para o implante do novo coração teve início às sete horas e terminou depois de aproximadamente seis horas e meia.

Segundo o médico que operou o menino, o cirurgião cardio­vas­cular Ulisses Alexandre Croti, chefe do Serviço de Cirurgia Cardíaca Pediátrica do HB, o menino estava com o coração cinco vezes maior que o tamanho normal e tinha prioridade na lista de transplante porque já recebia medicamentos na veia para que o órgão continuasse a funcionar.

“O gesto de nobreza da família doadora foi que permitiu o transplante e que a vida de uma criança fosse salva”, afirmou o médico.

Croti observou que o grande problema em transplantes cardíacos em crianças é a falta de doadores, não apenas na região, mas em todo o País. “Falta conscien­tização das pessoas sobre a importância da doação”, acrescentou.

Há aproximadamente um ano, Giseli, a mãe do bebê mudou-se para Olímpia com o marido, o cortador de cana Adaildo Dias da Rocha, de 23 anos. O casal veio de Itinga, no Vale do Jequi­tinhon­ha, no Estado de Minas Gerais.

DOAÇÃO
Paulo Cezar recebeu o órgão de Gabrielly Alana Pivanti, de 1 ano e três meses. A menina, que morava em Rubinéia, havia sido atropelada no dia 8 de fevereiro em Santa Fé do Sul, quando teve trauma­tismo craniano. Os sinais de morte cerebral foram confirmados no início da noite da segunda-feira, dia 15, por volta das 18h50.

A menina Gabrielly morreu na segunda-feira, depois de sete dias internada no HB. No dia 8 de fevereiro, ela brincava na rua em frente de casa em Esmeralda, distrito de Rubinéia, quando foi atropelada pelo carro do primo. Gabrielly foi socorrida e levada para o HB, mas não resistiu. O fígado do bebê também foi retirado e levado para a Escola Paulista de Medicina (Unifesp) em São Paulo.

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