08 de junho | 2024
Áudio revela que prefeito tentou “comprar” os âncoras do Pod Pai
POLÊMICA NO PODCAST POD PAI E FILHA? ASSISTA AOS RECORTES DO VÍDEO!
Bruna e Arantes disseram que divulgação do áudio foi medida de proteção. Só questionamento na justiça da derrubada do referendo pela Câmara poderia evitar a concessão.Clique no vídeo abaixo e veja os comentários dos jornalistas.
Na última quinta-feira, 6 de junho, os jornalistas do podcast Pod Pai e Filha, transmitido pela Rádio Cidade FM, YouTube e Facebook, divulgaram um áudio em que o Prefeito Nandão teria enviado recentemente um representante para tentar comprar o apoio dos radialistas. O objetivo seria que os jornalistas apoiassem seu candidato a prefeito nas próximas eleições e, consequentemente, silenciassem suas críticas.
O áudio, revelado ao vivo durante o programa, expôs a tentativa de acordo verbal entre o prefeito e os jornalistas, que seria, segundo eles, um “contrato de boca”. Arantes, um dos apresentadores, comentou: “É a conversa entre dois homens que deveria ser mantida e não rompida”.
A radialista Bruna Arantes detalhou que seu pai havia firmado um contrato particular de prestação de serviços de marketing geral e político com o prefeito, sem envolver a rádio ou o jornal. Ela explicou: “Não foi um serviço do jornal, foi um serviço particular de assessoria de marketing e consultoria política do meu pai, não tinha nada a ver com o jornal, com a rádio, com nada.”
PROJETO DE MARKETING E CONSULTORIA POLÍTICA
Arantes mencionou a extensão dos serviços prestados: “Toda a campanha é gerada em cima do projeto. Não só a campanha em termos de Facebook, vídeos, banners, mas também no bate-papo, na conversa, na explicação, enfim, também de marketing político”. Ele enfatizou que o acordo era pessoal e que o pagamento pelo serviço seria feito pelo prefeito, da forma que ele entendesse como correta. Ele de forma parcelada mas pagou alguns meses e depois parou de pagar.
Os jornalistas expressaram frustração com o não pagamento pelos serviços prestados e apontaram a tentativa do prefeito de usar a dívida para garantir apoio político. “É nítido o interesse de comprar um apoio político usando uma dívida. E não paga uma e nem outra”, declarou Arantes.
Durante o programa, foi destacada a importância de esclarecer que a empresa de comunicação vende espaço publicitário e serviços de marketing, não produtos tangíveis. “Nós não somos uma loja que vende roupa, comida ou perfume. Nós vendemos publicidade e assessoria”, esclareceu Bruna Arantes.
SÓ QUESTIONAMENTO DO FIM DO REFERENDO PODERIA REVERTER A SITUAÇÃO
Em meio à discussão, foi citado um estudo realizado sobre a concessão do Daemo, que teria sido conduzido por Arantes. “O estudo que eu fiz chegou à conclusão de que a única forma de reverter a concessão era entrar na justiça e pedir a anulação da lei que acabou com o referendo”, explicou ele.
O jornalista destacou ainda sua experiência e contribuição para campanhas eleitorais, reforçando a legitimidade dos serviços prestados na área do marketing político por ocasião da concessão. “Foi meu o projeto que deu aproximadamente 7 mil votos para um candidato até então desconhecido. Eu que coordenei e criei”, afirmou.
FIZ O QUE MINHA CONSCIÊNCIA DITAVA NA HORA
Arantes expressou indignação com as tentativas de desqualificar o trabalho realizado. “Vocês podem questionar o projeto de marketing, mas eu tinha consciência de que aquilo naquele momento era o certo. Pode ter sido um erro meu, mas eu faço aquilo que minha consciência dita como certo”.
O clima no programa foi tenso, com os jornalistas relembrando episódios de ameaça e estrangulamento financeiro que sofreram em razão de suas posições críticas. Arantes mencionou: “A gente passou um processo de estrangulamento financeiro em razão da questão de defender a ciência contra a ignorância. Um grupo de pessoas entrou com 16 processos contra nós e perderam todos”.
DIVULGAÇÃO DO ÁUDIO FOI MEDIDA DE PROTEÇÃO
Eles relataram incidentes de ameaças físicas, como um incêndio criminoso em sua residência, que colocou em risco a vida de sua família. “Vocês não sabem o que é acordar no quarto da sua casa tomado por fumaça e ver a porta da sua casa com mais de 2 metros de altura de fogo”, relatou o advogado, filósofo e sociólogo.
Os jornalistas afirmaram que decidiram tornar o áudio público como medida de proteção e para informar a população sobre os acontecimentos. “A gente resolveu trazer isso à tona porque, se acontecer qualquer coisa com a gente, vocês sabem o porquê”, afirmou Arantes.
Eles destacaram que há outros áudios e vídeos que podem ser divulgados se necessário. “A gente trouxe isso à tona para a população realmente saber o que acontece, inclusive os capachos que acreditam na mentira alheia”.
SEMPRE FIZ TUDO QUE PODIA PARA A MINHA CIDADE
Ao final do programa, os jornalistas reafirmaram seu compromisso com a transparência e a ética em seu trabalho, apesar das adversidades. “A gente tem a consciência tranquila, põe a cabeça no travesseiro e dorme. Eu tenho 50 anos de profissão e sempre fiz tudo o que podia pela minha cidade”, concluiu Arantes.
A situação levantada pelo programa Pod Pai e Filha expõe uma série de questões sobre ética política e liberdade de imprensa na cidade, com desdobramentos que ainda precisam ser acompanhados de perto pela comunidade, já que a situação dos jornalistas pode ser ameaçada, principalmente em razão do atual momento político.
Clique no vídeo abaixo e ouça a tentativa.
OU LEIA NA SEQUÊNCIA OS PRINCIPAIS TRECHOS DO AUDIO EM QUE REPRESENTANTE DO PREFEITO TENTA “COMPRAR” JORNALISTAS
Zé: E aí Arantão, você pensou em alguma coisa, viu alguma coisa?
Arantes: Zé, eu fiquei muito triste. Eu achei que o Fernando pisou no tomate! Eu não esperava que o Fernando fosse fazer o que fez. Estou com um pé atrás. Aqui o lema é o seguinte, se ele não fizer cagada, não tem o que se falar. Mas, se fizer, vira notícia, entendeu? O jornal tá aberto, ele pode comprar espaço que quiser. Não tem problema nenhum. Até a entrevista pode.
Mas eu fiquei muito triste, cara, porque realmente influenciei e fiz o meu trabalho. E o que é pior é que vieram me contar que no dia que a gente fechou o serviço, ele ligou para a Câmara e falou: “Olha… Comprei o Arantão. Pode dar andamento no negócio (concessão do Daemo). Ele não tem noção. É complicado. Eu não tenho ódio nenhum dele. Com certeza. Tanto que poderia ter colocado uma entrevista no ar do cara da Bravos denunciando ele. Ele tinha documentos nas mãos. Mas eu fui ético e orientei o cara, que ele estaria confessando um crime e que poderia pagar por ele. Mas eu tenho a gravação feita aqui.
Zé: Até agora eu não entendi. A conversa que existe com o vagabundo lá. Eu vi a notícia do final, mas não entendi. Esse Paulo … eu não converso com ele.
Arantes: Você pode falar para o Fernando, que se ele quiser me pagar ele me paga. Porque ele sabe que ele me deve. Se ele não quiser pagar também não tem problema. Eu não vou morrer por causa disso. Nem vou ficar me matando por causa disso. Mas… me comprar não compra. Ele sabe disso. Quando eu fiz o projeto de Marketing me convenci que era o melhor para Olímpia. A concessão era a melhor saída. Porque na nova lei do saneamento a prefeitura não ia poder ter investimento do governo federal nem estadual.
Arantes: Eu estudei bastante o caso e cheguei à conclusão que a única forma de não deixar que a concessão ocorresse era entrar com processo contra o fim do Referendo derrubado pela Câmara obedecendo ordem do prefeito. Por isso que o Fernando ficou louco para poder acabar com o referendo.
Zé: Aliás quando eu me propus a privatizar era para Sabesp na época. Não sei se você lembra.
Arantes: É, mas na época não precisava de nada? Não precisava de licitação. Era só se assinar o contrato com aprovação da Câmara”.
Zé: Mas vamos pensar do outro lado. Vamos pensar no Luiz Alberto.
Arantes: Não tenho nada contra ele. Mas é muita sacanagem. Tenho certeza que se Luiz Alberto se eleger o Fernando vai continuar mandando.
Bruna: Sabe o que acontece, Zé? Ele fica mandando recado. Entendeu? O que meu pai fica mais chateado, pois quando foi para ele fechar o contrato de publicidade ele veio aqui. Ele conversava com meu pai. Pediu para o meu pai. Contratou o serviço dele. Entendeu? E aí foi só conseguir… Ele agiu de má fé. Foi só conseguir a concessão para a Sabesp ele virou a cara. Entendeu? E fica mandando recado.
Zé: Tem coisa que a política e o político tem que ter muita delicadeza. Então se você muitas vezes fala o que não deve a coisa ficou comprida. Agora nem sempre você vai ter o poder de se controlar para poder falar. Você tem que dar a nota. E essa nota que é o problema. Mas tem que administrar. Está falando ao Fernando. Não tem controle. Tem que administrar.
Arantes: Ele sabia que eu precisava. Porque foi colocado para ele a situação que eu estava passando na época. Ele sabia que eu precisava do dinheiro. Ele tentou o quê com isso? Ele tentou me asfixiar financeiramente.
Zé: Nesse pacote entra o Luiz Alberto?
Bruna: Fala para o Fernando que a gente está vendendo pacote de publicidade de campanha eleitoral e ele tem que pagar só o serviço de assessoria de marketing do meu pai. Se ele quer fazer a publicidade do Luiz Alberto é comigo a publicidade. Então, peça para a Andressinha vir fechar o pacote publicitário.
Zé: Ela não sabe nada!
Bruna: Então, mas o que precisa ser acertado é a dívida dele de assessoria do meu pai só isso. Então aí depois a gente conversa.
Zé: A dívida entra nesse pacotão?
Arantes: Não, Zé! Não vou confundir as bolas. Não entra. A dívida é minha Zé. Paga a minha dívida aí eu converso o resto.
Zé: Mas quanto que é a tua dívida?
Arantes: É duzentos mil reais que ele deve. Ele pagava em várias parcelas, mas parou de pagar. Não é de jogar fora Zé.
Zé: Mas tem que entrar no pacote.
Bruna: Não vai entrar no pacote Zé. Isso aí não tem. A dívida que ele deve é uma coisa. Aí se ele quiser assessoria quiser o outro tudo bem. Nós fazemos.
Zé: E quanto que é esse pacote? Trinta mil. Trinta mil o quê?
Bruna: Por mês. A partir da candidatura? É. Menos de dois meses. Para todas as mídias que puder utilizar. Deixa eu te explicar o que ninguém tá entendendo. O meu pai hoje passou o jornal pra mim. Assuntos financeiros eles têm medo de vir tratar comigo porque acham que eu sou uma menininha e não é?
Zé: Não, mas ninguém fala isso.
Bruna: É simples. É só o Fernando pagar o que ele deve.
Zé: Ele vai pagar por ser…
Bruna: Mas não vai incluir na campanha eleitoral. Esse serviço… Esse serviço foi prestado ano passado.
Zé: Embola tudo que tem lá que deve. Embola 200 mil. E nós vamos fazer o pacote”.
Bruna: Fala pra ele tirar um pouquinho da conta dele lá. Ele tem dinheiro. Eu sei que ele tem.
Zé: Porque a gente não faz 20 por mês.
Bruna: Não. 20 por mês não adianta nada pra mim. E eu acho que foi muita sacanagem. Ele agiu de má fé com a gente.
Zé: Ele tem receita mensal, tem que tirar dela.
Arantes: Eu sei que ele tem condição. Esse dinheiro fazia parte da minha contabilidade. Tô numa situação difícil financeiramente. Fala para ele que se ele não for caloteiro para ele me pagar.
Zé: “Você sempre teve!
Arantes: Sempre tive, mas não como hoje. Eu trabalho hoje pra comer amanhã. Sempre foi assim a minha vida. Mas não tô nem aí com isso. O importante meu é fazer jornalismo.
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