23 de outubro | 2011

Assis Chateaubriand mata mais que Armando de Salles Oliveira

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Em razão dos acidentes com vítimas fatais envolvendo veículos de grande porte, ou seja, caminhões e carretas, a rodovia Assis Chateaubriand, SP-425, que corta o município de Olímpia no sentido leste-oeste, está se transformando na nova “Rodovia da Morte”, título popular que era destinado exclusivamente a Armando de Salles Oliveira, SP-322, que também corta o município, mas no sentido norte-sul.


A essa conclusão se pode chegar ao analisar um levantamento mostrado pelo jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, num reportagem publicada na edição da sexta-feira desta semana, dia 21. Os números mostram que de janeiro de 2009 a setembro deste ano, foram 12 acidentes com mortes envolvendo caminhões na SP-425, contra apenas três na SP-322.


Somente neste ano, por exemplo, os números também demonstram que atualmente a disparidade entre ambas é grande. Enquanto a SP-425 registrou cinco casos, a SP-322 registrou apenas um acidente do mesmo gênero. Mas se o levantamento considera também o trecho que passa pela região do rio Tietê, vale ressaltar que foram três acidentes do gênero neste ano somente no trecho do município de Olímpia. De acordo com o jornal, além dos acidentes registrados neste ano, a SP-425 teve duas ocorrência em 2009 e cinco em 2010. Já a SP-322 que não tinha registrado nenhum em 2009, teve duas ocorrências em 2010.


Mas os números mostram também que, pelo menos a partir de 2010, a Assis Chateaubriand está mais violenta do que a rodovia Transbrasiliana, BR-153, que neste ano registrou três mortes em acidentes envolvendo caminhões e outros veículos de grande porte. Nessa estrada que passa em plena região leste do perímetro urbano de Rio Preto, ligando os extremos sul e norte do Brasil, era até mais comum a ocorrência de acidentes com vítimas fatais, também envolvendo caminhões. Foram seis em 2009 e um em 2010.


Segundo o jornal os caminhões estão envolvidos em 57% dos acidentes com mortes registrados nas principais rodovias que cortam a região de Rio Preto, no período analisado. Mas apesar do alto índice, os veículos de carga representam 3,4% (37,9 mil) do total da frota regional (1,9 milhão).


Dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) indicam que o índice, que tem aumentado a cada ano, passou de 42,9% em 2009 para 56,5% em 2010. Em toda a região, somente neste ano, os caminhões tiveram envolvimento em 69 das 121 mortes nas estradas.


ACIDENTES NA REGIÃO


Considerado o mesmo período a partir de 2009, a campeã de acidentes fatais é a rodovia Euclides da Cunha (SP-320), que liga Mirassol a Rubineia, com 106 mortes, segundo dados das polícias rodoviárias Estadual e Federal. A rodovia Feliciano Salles da Cunha (SP-310), continuação da
Washington Luiz, no trecho de Mirassol a Ilha Solteira, aparece em segundo lugar, com 61mortes no mesmo período.


Em seguida aparece a própria Washington Luiz, também SP-310, no trecho a partir de Mirassol em direção a Catanduva, com o total de 48 casos. Além dessas mais conhecidas, há ainda a Péricles Bellini, SP-461, com 12 acidentes, e a Elyeser M. Magalhães, com seis.


Somente no total de 2011, os veículos de carga se envolveram em 643 dos 2.922 registrados pelas policias rodoviárias no período de janeiro a setembro (com ou sem vítimas), índice correspondente a 22% do universo total dos desastres nas estradas.


Para a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a imprudência é o principal motivo. “Nem sempre o caminhoneiro é o responsável”, diz o encarregado de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF), inspetor Edson Varanda. “Um caminhão com 60 ou 70 toneladas não para em curta distância.

Em caso de impacto, arrasta ou esmaga um veículo menor”, acrescenta.

O comandante da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), capitão Fabiano Ferreira do Nascimento, também atribui os acidentes a falhas humanas. Segundo ele, para combater esses abusos a polícia fiscaliza o comportamento ao volante e apreende veículos sem condições de segurança de circulação. O número de multas e recolhimentos, no entanto, não foi divulgado.


“Também utilizamos o etilômetro (bafômetro) no combate ao consumo de álcool pelos motoristas”, disse Nascimento. A polícia também tenta identificar o uso de psicotrópicos (rebite) para combater o sono, mas reconhece dificuldade na constatação dos sintomas.


Já para o presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários de Rio Preto, Daniel Caldeira, que indica um conjunto de causas, aponta como motivação principal a deficiência na sinalização e má conservação das estradas.


“É um conjunto de fatores que inclui também a imprudência de todos os motoristas”, afirma o sindicalista. Ele diz ainda que o sindicato alerta para os riscos do consumo de inibidores de sono.

“Tem profissional que fica 14 horas ao volante para chegar ao destino a tempo”, reforça.

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