25 de maio | 2008

Alunos concluem Fundamental I sem o básico em português e matemática

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Embora não seja um problema localizado apenas no município de Olímpia, o fato é que os alunos estão concluindo o Ensino Fundamental I (EF I) – parte que cabe à Secretaria Municipal de Educação – sem terem conhecimentos básicos em Português e Matemática. Quer dizer, passam à fase seguinte sem ou quase nada de alfabetização, ou seja, sem saberem ler, escrever e mesmo as operações básicas de aritmética.

E a culpa – deve-se ressaltar – não é das secretarias municipais, mas do próprio sistema que vigora há muitos anos, embora sem afirmação categórica, proíbe a retenção de alunos com a justificativa de que podem desanimar e abandonar os bancos escolares.

Mas o coordenador da Escola Dalva Vieira Ittavo, professor José Luiz dos Santos, embora não veja necessidade de reprova, não concorda integralmente com a situação. "É preciso tentar rever o problema na base, implementando ações que resolvam o problema do aluno, durante esse tempo que está no período de 1.ª a 5.ª séries, fazendo uma recuperação de fato e de acordo com a necessidade do aluno", afirma.

Acrescenta: "É preciso evitar que o aluno chegue à 5.ª série com dificuldades ainda em operações fundamentais, leitura e de escrita, dificuldade de entendimento de um texto simples. É preciso que venha dominando esses conteúdos básicos".

O professor João Ricardo Tauyr Vicente, responsável pela coordenação do Ensino Médio na Escola Dr. Antônio Augusto Reis Neves, informa que alunos chegam com problemas muito sérios. "Percebemos que eles não conseguem ler o que eles escrevem. Como que o aluno passa quatro anos dentro de uma escola e sai analfabeto. Nós, na 5.ª série, quando os recebemos que temos que detectar isso", observa.

Para o professor Ivo de Souza, embora ressalte não querer culpar ninguém, os problemas são de base: "há algumas defasagens no aprendizado desses alunos que vem de 1.ª a 4.ª série que precisam ser sanadas, às vezes na 5.ª, 6.ª e até na 8.ª, então torna-se muito difícil".

Já o ex-secretário municipal de Educação, professor Neder Nadruz Filho, diretor da Escola Dona Anita Costa, embora no começo encontre algum problema, quando os alunos saem da escola estão preparados para que prestem o vestibular e tem dado certo: "tanto que temos obtidos as melhores notas desses alunos".

O professor Samir Mohamad Karfan, que atua na área de biologia na escola Anita Costa, concorda com a existência do problema: "Sentimos as dificuldade em passar os conteúdos e novos conhecimentos justamente por causa dessa defasagem. Isso é um problema sério que vem do começo, mostrando que a educação básica está falhando no momento ou que a progressão continuada não está sendo aplicada do jeito que deveria".

O professor Ademir Antonio de Freitas, consultor e ex-secretário municipal em Olímpia, justifica que os municípios são obrigados a seguir o sistema do Estado e do Governo Federal "e essa avaliação não é só no município de Olímpia, é de modo geral".

Já o professor Ivair Augusto Ribeiro relaciona a questão ao desleixo da própria sociedade que não cobra do Estado que realmente ofereça um ensino de qualidade e, ainda "o descaso das famílias que ao entregar os seus filhos para a escola, consideram que a sua responsabilidade em termos educacionais está interrompida".

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