28 de março | 2010

Água na região noroeste equivale ao Tietê na capital

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A qualidade da água dos rios que cortam a região noroeste, inclusive no município de Olímpia, tem a pior qualidade de todo o Estado de São Paulo. Estudos demonstram inclusive, que se equivalem à do trecho do rio Tietê, dentro da cidade de São Paulo. A informação é de estudo inédito divulgado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, que mediu a qualidade das águas das 22 bacias hidrográficas paulistas.

Enquanto a água da maioria dos rios paulistas é considerada boa, segundo o Índice de Qualidade das Águas (IQA) entre 51 e 79, na região o índice atinge 45, enquanto que o Tietê em São Paulo ficou em 46, ambos considerados regulares (IQA entre 36 e 51). Mesmo assim, é o pior nível no Estado, e tem se agravado ao longo dos anos. Em 1999, o índice do Turvo/Grande era de 58.

Segundo reportagem publicada pelo jornal Diário da Região, de São José do Rio Preto, a má qualidade da água na bacia do Turvo (foto)/Grande, na qual estão as principais cidades da região, é consequência do baixo índice de tratamento de esgoto e da alta concentração urbana e industrial, as mesmas causas da poluição do Tietê no trecho urbano da Capital.

De acordo com a Cetesb, 50% do esgoto gerado na região é despejado in natura nos rios. "A grande maioria dos municípios da bacia já trata o esgoto. Mas as maiores cidades, Rio Preto, Catanduva, Votuporanga, Olímpia e Mirassol, ainda despejam quase todos os dejetos nos cursos d’água", avisava o gerente regional do órgão, José Benites de Oliveira.

Por causa do não tratamento do esgoto, a principal fonte de contaminação da água na bacia Turvo/Grande são os efluentes domésticos, seguida por metais como cromo e níquel, segundo Márcia Bisinoti, professora do departamento de química e ciências ambientais da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo), em Rio Preto, que pesquisou a qualidade da água dos rios Preto, Turvo e Grande no ano passado. "Parte desses metais são provenientes de atividade industrial, principalmente curtumes", afirma.

Em doses elevadas, tanto o cromo quanto o níquel são altamente prejudiciais à saúde, diz o toxicologista da Universidade Federal Paulista (Unifesp) Sérgio Graffi. O cromo pode causar reações alérgicas e úlceras na pele, enquanto o níquel é cancerígeno. Márcia Bisinoti ressalva que a concentração desses metais não ultrapassa os limites considerados aceitáveis.

O contraponto positivo do estudo para a região são as águas subterrâneas. Nesse item as bacias Turvo/Grande e Pardo/Grande são as únicas do Estado com água 100% potável. Para o biólogo Arif Cais, a explicação está no aquífero Guarani, um dos maiores do mundo, que serve essas duas regiões.

ESGOTO E LIXO

Todos os dias, segundo o estudo, os quatro maiores municípios da bacia do Turvo/Grande despejam 142.489 metros cúbicos de esgoto nos rios da região, volume que daria para encher 57 piscinas olímpicas. Desse total, apenas 9.975 metros cúbicos recebem tratamento antes de chegar aos cursos d’água.

No estudo da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o índice de coleta e tratamento de esgoto do Turvo/Grande foi o terceiro pior do Estado, abaixo da média estadual.

Se no esgoto a bacia Turvo/Grande apresenta problemas, o depósito de resíduos evoluiu nos últimos dez anos, e hoje apresenta índice classificado como adequado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente.

O Índice de Qualidade de Aterro de Resíduos (IQR) foi definido com base na localização do aterro, infraestrutura e operacionalidade. Em 1999, a bacia atingiu IQR de 6,1; no último ano, o índice subiu para 8,4, próximo à média do Estado, 8,9.

Dois anos antes, em 1997, de acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Turvo/Grande, apenas quatro dos 64 municípios tinham sistemas de tratamento e disposição de resíduos sólidos: Rio Preto, Mirassol, Jales e Orindiúva. Em 2007, a situação se inverteu, e apenas 12 municípios não tinham sistemas adequados de tratamento dos resíduos.

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