31 de agosto | 2021

Advogado agora diz que Bombeiro incendiário não sabe o endereço de onde colocou fogo

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SIGILO DO QUE?
Também reclama que sua última petição com “memoriais” acusando que seu cliente não tinha sido intimado de medidas protetivas foi vazada para este jornal.
O jornalista garante que jamais o Arantes passou qualquer informação sigilosa para ele mesmo”.


Após colocar no processo de inquérito que investiga o atentado terrorista que incendiou a redação deste jornal e a residência de seu editor e quase matou o jornalista e sua família, que seu cliente não havia sido intimado das medidas protetivas decretadas há mais de dois meses, o advogado do ex-bombeiro incendiário Cláudio José de Azevedo Assis apresentou outra petição no processo, agora alegando que o juízo precisa explicitar onde o jornalista e sua família residem, pois presumivelmente o profissional do fogo não sabe o endereço onde incendiou.

O ex bombeiro, inclusive, só foi intimado das tais medidas no dia 23 último, quando começaram finalmente a valer (foram decretas em 09 de junho). E dois dias depois, no dia 25, o advogado protocolou mais uma petição, agora com esta alegação considerada pelo editor deste jornal como um despautério.

ALEGAÇÃO DESCONEXA DOS FATOS

Ao que tudo indica a alegação, que pode ser considerada desconexa dos fatos, serviu para o advogado reclamar que este jornal teve acesso e expos a outra alegação comunicando  que o próprio juízo não havia ainda intimado seu cliente das medidas protetivas decretadas há mais de dois meses atrás e que já tinha tido pedido de prisão preventiva julgada sem estas estarem em vigor.

O advogado, em sua mais recente petição no processo de investigação alega que, “preliminarmente, com intuito de dar integral cumprimento às medidas cautelares determinadas por Vossa Excelência, especialmente as que dizem respeito a não aproximação do Acusado às vítimas, seus familiares e respectivos endereços, de rigor que sejam elencados nos autos, os endereços dos quais o Acusado não pode se aproximar, uma vez que o mesmo, desconhece quais são os locais que residem a vítima e seus familiares, e que, consequentemente, não pode se aproximar”.

CORRIQUEIRO VAZAMENTO DE INFORMAÇÕES

“Por fim, ressalta-se que, embora o feito esteja tramitando sob segredo de justiça, com acesso restrito às partes e seus procuradores, tem-se tornado corriqueiro o vazamento de informações e manifestações exaradas nestes autos, na impressa local, a qual inclusive colacionou na integra a manifestação da defesa, de fls. 333/334, conforme documento anexo”, diz o advogado.

E conclui: “Assim sendo, REQUER-SE a Vossa Excelência, que sejam adotadas as medidas necessárias, a fim de que seja respeitado o segredo de justiça decretado nestes autos, com intuito de fazer cessar o vazamento das manifestações e andamento processual deste feito, ao público em geral, conforme vem ocorrendo”.

O jornalista e editor desta Folha, José Antônio Arantes, que é vítima do atentado terrorista levado a efeito pelo cliente do advogado, cujo processo investigativo não saiu do lugar, pois existe a suspeita de mais envolvidos no crime que podem ficar escondidos sob o manto da impunidade e que não tem nenhum dado sigiloso que esteja sendo divulgado, alegou que, como vítima, se sente constrangido de comentar as alegações do advogado.

SIGILO DO QUE SE O PROCESSO
NÃO ANDOU E MEDIDAS PROTETIVAS
COMEÇARAM M A VALER SOMENTE AGORA?

No entanto, como jornalista e editor deste jornal que é acusado de publicar as “notícias sigilosas” elencadas pelo advogado, apenas explicita que tem o direito constitucional de preservar o nome de sua fonte.

No entanto, não consegue entender o que existiria de sigiloso em um processo que tem quebra de sigilos telefônico, bancário e das redes sociais concedidas há mais de três meses e que até agora não chegou nenhum dado para ser analisado pelo delegado de polícia; Que teve sentença negando prisão preventiva por descumprimento de medida protetiva que não estava em vigor; e cujas investigações já duram cinco meses indo do nada para lugar nenhum.

Concluindo, o jornalista filosofa: “Não tenho medo nem vergonha de garantir pra vocês, inclusive, que jamais o Arantes passou qualquer informação sigilosa pra ele mesmo”.

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