09 de setembro | 2012

Uma história de amor e amizade ambientada em fatos reais

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Thiago Fragoso volta à cena interpretando Edgar, na novela “Lado a Lado”.  O personagem é um rapaz de excelentes intenções, mas terá que administrar as canalhices do pai / Alex Carvalho-RG

 

 

Marjorie Estiano é uma das protagonistas em “Lado a Lado” interpretando Laura, uma jovem com ideias muito avançadas para sua época / João Cotta-RG

 

 

A Globo prepara mais uma história de época para ser mostrada na faixa das seis da tarde. E promete sucesso.

A trama de “Lado a Lado” está sendo escrita por João Ximenes Braga e Claudia Lage e mostrará o Rio de Janeiro do início do Século XX. A cidade respira as influências vindas da Europa, época de transformações embaladas pelo charme da Belle Époque: as grandes confeitarias, os cafés e o nascimento de uma nova era de modernidade na qual as mulheres começam a lutar por liberdade individual e, os afrodescendentes, a criar o samba e, em torno dele, toda uma nova cultura. De um lado, o luxo, o poder, a exuberância e a riqueza dos grandes casarões aristocráticos. De outro, um mundo à parte: o nascimento da primeira favela no Rio de Janeiro e a luta pela dignidade.

A noite cai na Pedra do Sal, na Saúde o som dos tambores ecoa. Isabel (Camila Pitanga) se solta, roda, samba. O calor é forte, o suor escorre por seu corpo. Criada em um cortiço, pobre, filha de ex-escravo, cresceu vendo o pai, seu Afonso (Milton Gonçalves) trabalhar duro para educá-la da melhor maneira. Mas, nada é capaz de tirar o brilho de seus olhos, a sua vontade de vencer e de conquistar a sua liberdade. A chegada da República traz para ela e os seus um novo sopro de esperança, mais um passo para deixar para trás as marcas ainda recentes que a escravidão deixou no país. 

E é em um dia de samba, transbordando alegria, que Isabel esbarra pela primeira vez em  Zé Maria (Lázaro Ramos). Ele é um rapaz simples, mas guarda um segredo: também conhecido como Zé Navalha, é capoeirista, e dos mais habilidosos. Considerada uma arma com a marca da marginalidade, a capoeira é proibida por lei e, consequentemente, quem a pratica é bandido. 

Outro lado da cidade, na casa de Laura (Marjorie Estiano), a noite também é quente. E silenciosa. Nenhum sinal de música. Mas há a mesma vontade de ser livre, os mesmos sonhos de igualdade. Os livros na estante refletem os desejos de Laura: estudar e trabalhar para ser independente e, um dia, tornar-se escritora. Desejos que não correspondem ao papel imposto para as mulheres na época e incompreendidos pela sociedade.

Nascida em família rica, Laura teve do bom e do melhor. Mora com os pais, os ex-barões do café Assunção (Werner Schünemann), Constância (Patrícia Pillar) e o irmão Albertinho (Rafael Cardoso) em um belo casarão. Ela quer muito mais do que as jovens de sua idade, cujo único destino apontado no horizonte é a realização de um bom casamento. Neste sentido, a moça tem o seu destino traçado, está noiva de Edgard (Thiago Fragoso) e o enlace acontecerá assim que ele voltar de Portugal.

Na volta dele, um imprevisto acontece. O navio demorou a chegar ao Brasil e Edgar voltou de Portugal exatamente no dia do casório. Já não havia mais tempo para conversas. Os dois namoraram na adolescência, antes de ele embarcar para Europa para estudar Direito e, naquela época ele a pediu em casamento.

O enredo ganhará mais força a partir do encontro de Laura e Isabel. Elas se conhecem na igreja, no dia do casamento de ambas. Isabel, iluminada pela paixão, está à espera de seu grande amor. Moça pobre, moradora de cortiço, casar-se ali é, de fato, a realização de um grande sonho. Mas se para Isabel o sentimento que nutre por Zé Maria (Lázaro Ramos) é uma grande certeza em sua vida, para Laura, viver ao lado de Edgar (Thiago Fragoso) é uma imensa dúvida. Longe do noivo por quatro anos, ela já não sabe se quer esse casamento.

Diferenças sociais seriam suficientes para os caminhos de Laura e Isabel nunca se cruzarem, mas a vida se encarrega de aproximá-las. Duas mulheres românticas com os mesmos sonhos: a conquista do amor e da liberdade.

Isabel, que antes era o símbolo da felicidade, é tomada pela tristeza quando Zé Maria, seu noivo, se atrasa para o casamento. Isabel está desolada. Laura, por sua vez, angustiada com a eminente chegada de Edgar. O momento, visto como trágico pelas duas, no entanto, dá espaço à solidariedade. Não há mais desigualdade, só sentimentos. Na sacristia, elas trocam palavras de esperança, de afeto. E nasce ali uma sólida amizade que nem mesmo a força reacionária de Constância (Patrícia Pillar)  será capaz de destruir.

Casada com Assunção, a ex Baronesa é mãe dominadora que sufoca Laura e mima Albertinho. Tudo o que faz, a seu ver, é para o bem de sua família, mesmo que para isso seja preciso passar por cima de uns e outros. Sempre contando com a cumplicidade e companhia de suas irmãs, Celinha (Isabela Garcia) e Carlota (Christiana Guinle). O casamento de Laura com Edgar, um rapaz rico, filho de Senador da República, pode significar a nova ascensão social de sua família. Para Constância, os Assunção precisam fazer parte da vida política do país e ela fará o possível para que isso aconteça.

Enquanto isso, Isabel não perdeu somente o seu grande amor. O cortiço onde mora foi invadido e derrubado justamente no dia de seu casamento. Em seu lugar será aberta uma grande avenida. Ela e todos os moradores perderam suas casas e quase tudo o que construíram ao longo de uma vida. Mas onde estaria Zé Maria?  O que teria acontecido com o capoeirista?

A República traz o progresso para a cidade do Rio de Janeiro. A Belle Époque marca um período de sonhos, de luxo. O Rio segue os moldes de Paris. E para isso é necessário que se abram grandes avenidas, com cafés, confeitarias e magazines.

No Rio de Janeiro que está nascendo, porém, não há lugar para os ares insalubres das moradias coletivas. Os cortiços – e os que nele habitam – precisam ser afastados para dar espaço a estabelecimentos de uma verdadeira cidade cosmopolita. Felicidade para uns, desespero para muitos. Negros e pobres, em sua maioria, de uma hora para outra, se veem sem moradia. Mas o que parecia ser o fim torna-se o começo. Sem ter para onde ir, Isabel e o pai, Seu Afonso, Jurema (Zezeh Barbosa), Berenice (Sheron Menezzes), Caniço (Marcello Melo Jr), o próprio Zé Maria  se unem para construir um futuro. E é no Morro da Providência, a  primeira favela a se formar na cidade, que decidem ter sua casa, sua dignidade e sua alegria de volta.

Este será o pano de fundo de “Lado a Lado”. Os autores misturam a realidade à ficção através de suas personagens, mostrando ao telespectador fatos reais ocorridos na história do Brasil e como eles afetaram a sociedade na época. O argumento da trama é interessante e o elenco, de primeira. Agora, só mesmo acompanhando a novela para conferir. 

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