19 de abril | 2021

Uma estrela chamada Fernanda

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A história desta “grande dama do teatro” é extensa e digna de nota. Ela foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro participando de cerca de 80 peças na emissora.

 

Fernanda Montenegro casou-se com o também ator Fernando Torres em 1953 e eles tiveram dois filhos, a atriz Fernanda Torres, que aparece com ela na foto, e o cineasta Cláudio Torres. O marido da atriz morreu em 2008.

 

A última atuação da atriz foi justamente ao lado da Filha, Fernanda Torres, no final do ano passado, quando protagonizaram dos episódios de “Amor e Sorte” e o especial de Natal “Gilda, Lúcia e o Bode”.

 

Fernanda Montenegro tem uma bonita trajetória no cenário artístico brasileiro. No ano de 1999, recebeu do Presidente da República a comenda Ordem Nacional do Mérito Gran Cruz, em reconhecimento por seu trabalho nas artes cênicas brasileiras.

 

05- Fernanda Montenegro foi a primeira atriz brasileira a vencer o “Emmy” e a única já indicada ao Oscar.

 

Uma estrela chamada Fernanda

Fernanda Montenegro é, sem dúvida, uma das maiores atrizes do cenário artístico brasileiro

 

Ela é reconhecida como a grande dama do teatro brasileiro. Mas construiu uma carreira brilhante também no rádio, na televisão e no cinema e se mantém ativa aos 91 anos. Em 2021 a televisão celebra 71 anos no Brasil e Fernanda Montenegro comemora seus 71 anos na televisão e 77 de carreira artística. Sobre trabalhar todos esses anos e ainda contar com uma disposição invejável, a atriz destaca: “Desde que você esteja, em primeiro lugar,  fazendo o que você ama fazer, é como um esporte: requer seu físico. Tem uma hora em que a disponibilidade do fazer te domina, é como o barato de uma droga”.

Esperançosa em dias melhores, Fernanda Montenegro já está imunizada com as duas doses da vacina contra a Covid-19. A atriz nasceu em 1929, na cidade do Rio de Janeiro, numa casa de portugueses e italianos e foi batizada com o nome de Arlette Pinheiro Esteves da Silva. Ela enveredou-se no meio artístico aos 15 anos de idade quando participou de um concurso da Rádio MEC que selecionou redatores, locutores e atores de rádio. A estreia no teatro foi em 1950, na peça “3.200 Metros de Altitude”, ao lado de Fernando Torres. A história desta “grande dama do teatro” é extensa e digna de nota. Ela foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro e ficou na emissora entre até 1953, participando de cerca de 80 peças.

No ano de 1952 ganhou o prêmio de Melhor Atriz Revelação da Associação Brasileira dos Críticos Teatrais por seu trabalho em dois espetáculos. Nesta mesma época fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia. Ao lado do marido, Fernando Torres, montou a Companhia dos Sete congregando na época os atores Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Giani Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto. Desde então, recebeu vários outros prêmios por seu trabalho. Em 1970 afastou-se da televisão durante nove anos. A sua volta deu-se em 1979 quando participou de “Cara a Cara”, novela de Vicente Sesso exibida pela TV Bandeirantes. 

A sua estreia na Globo foi em 1981 em “Baila Comigo” interpretando Sílvia Toledo Fernandes e logo depois apareceu em “Brilhante” na pele da milionária Chica Newman. Inesquecíveis mesmo são suas cenas ao lado do saudoso Paulo Autran, na primeira versão de “Guerra dos Sexos”, de Sílvio de Abreu, na qual eles viveram os primos Charlô e Otávio. No ano de 1986, em “Cambalacho”, novamente numa história de Sílvio de Abreu, ela protagonizou situações hilárias na pele de Naná, ao lado de Gegê, personagem do também grandioso e saudoso Gianfrancesco Guarnieri. 

Os personagens marcantes são inúmeros. Tem a Vó Manuela, de “Riacho Doce”; Salomé, em “A Rainha da Sucata”; Olga Portella, em “O Dono do Mundo”; Jacutinga, na primeira fase de “Renascer”; Madalena Moraes, em “O Mapa da Mina”; Quitéria Campolargo, no memorável “Incidente em Antares”; Zazá, personagem título da novela; Nossa Senhora, no “O Auto da Compadecida”; Lulu de Luxemburgo, em “As Filhas da Mãe”; a italiana Luiza, em “Esperança”; a Madrasta e Dona Cabeça, em “Hoje É Dia de Maria”; a ardilosa Bia Falcão, em “Belíssima”; Iraci, em “Queridos Amigos” e Bete Gouveia, em “Passione” e muito outros.

O reconhecimento também veio através do convite feito pelo então Presidente José Sarney que gostaria de ter Fernanda Montenegro como Ministra da Cultura, mas atriz recusou. No ano de 1999 foi condecorada com a maior comenda – a Ordem Nacional do Mérito Gran Cruz.

A atriz tem seu nome ligado ao cinema brasileiro e em 2004 recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova York. Entre suas atuações no cinema nacional, destacam-se “A Falecida” (1964) e “Eles Não Usam Black-Tie” (1980), ambos de Leon Hirszman; “Olga”, de Jayme Monjardim, no qual interpretou Leocádia Prestes, mãe do líder comunista Luís Carlos Prestes; ”Redentor” (2004), dirigido por seu filho, Cláudio Torres; “Casa de Areia” (2005), filme dirigido pelo genro Andrucha Waddington, e “O Amor nos Tempos do Cólera” (Love in The Time of Cholera), de Mike Newell, lançado em 2007, no qual  fez a personagem Tránsito Ariza, mãe do personagem do ator espanhol Javier Bardem. A sua atuação mais recente no cinema brasileiro foi no filme “Piedade”.

E vale lembrar ainda o “Central do Brasil”, de Walter Salles que foi indicado ao Oscar por sua atuação. A atriz ganhou o prêmio Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim por este trabalho.

Mas o maior prêmio que Fernanda Montenegro conquistou em sua carreira, veio quando ela foi premiada durante a 41ª edição do “International Emmy Awards”, na cerimônia de gala que aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos, Fernanda venceu na categoria Melhor Atriz por Dona Picucha. Ela foi a primeira atriz brasileira a vencer o “Emmy” e a única já indicada ao Oscar, Fernanda recebeu a estatueta no palco das mãos do ator americano Steve Guttenberg.  

Vale a pena relembrar a Dona Picucha, da série “Doce de Mãe” que foi exibida pela primeira vez como especial de final de ano em 2012; fez tanto sucesso que acabou virando uma série contando as peripécias de uma velhinha muito simpática e com o dom de enlouquecer seus filhos.

Fernanda Montenegro casou-se com o também ator Fernando Torres em 1953 e eles tiveram dois filhos, a atriz Fernanda Torres e o cineasta Cláudio Torres. O marido da atriz morreu em 2008.

A última atuação da atriz foi justamente ao lado da filha, Fernanda Torres, no final do ano passado, quando protagonizaram dos episódios de “Amor e Sorte” e o especial de Natal “Gilda, Lúcia e o Bode”. Sobre contracenar com sua própria filha, Fernanda reflete: “Acho que nós esquecemos que somos mãe e filha. É o trabalho de uma profissional, de uma artista, com quem eu estou contracenando”.

Apesar da fama, a família de Fernanda Montenegro sempre foi muito discreta e não é dada a badalações.

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