26 de setembro | 2022
Todos os filhos de escravos nascerão livres
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Manuel Ferraz de Campos Salles, cafeicultor que considerava a abolição inevitável, viu nela bom pretexto para exigir incentivos para a agricultura / GB Imagem
Todos os filhos de escravos nascerão livres
É sabido que a abolição da escravatura no Brasil era um sonho muito antigo. Chegou a constar do programa da Conjuração Mineira de 1789.
No entanto, a concretização deste sonho somente chegaria quase cem anos depois e ainda enfrentando um forte grupo de oposição que acabou depondo o Imperador D. Pedro II e proclamando a República.
Manuel Ferraz de Campos Salles, cafeicultor que considerava a abolição inevitável, viu nela bom pretexto para exigir incentivos para a agricultura. No final do Século XIX tornou-se governador da então província de São Paulo e ajudou a instalar Núcleos Coloniais destinados a receber os imigrantes europeus que vieram substituir a mão-de-obra escrava na lavoura brasileira.
A abolição definitiva da escravatura não chegou de maneira direta, passou por algumas etapas que, teoricamente, serviram para melhorar as condições dos escravos.
No dia 28 de setembro de 1871, o Visconde do Rio Branco, na presidência do Conselho de Ministros, obteve a aprovação de uma lei que tornava livres os filhos de escravos nascidos daquela data em diante.
Este foi o primeiro passo, mas nem de longe resolvia a questão. No ano de 1885, foi sancionada a Lei do Sexagenário, que libertava os escravos com mais de 60 anos, mas o benefício levantou outra questão: para onde iriam os velhos escravos que agora tinham direito à liberdade? Muitos deles viviam na mesma fazenda desde que nasceram e por isso uma grande maioria preferiu, ou se viu obrigada, a permanecer no mesmo lugar por absoluta falta de condições de sobreviver fora das casas onde foram escravos. Assim, apesar de ter sido um avanço, a lei não ajudou muito.
A abolição definitiva veio somente em 1888. Os negros se viram livres da escravatura, mas tinham um enorme desafio pela frente, ou seja, inserirem-se no mercado de trabalho para garantir sua sobrevivência e enfrentar o preconceito contra sua cor e condição de ex-escravo.
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