04 de maio | 2022

Mona Lisa e Seus Mistérios

Compartilhe:

Mona Lisa e Seus Mistérios

Escritora e física Beatriz Zawislak aproveitou o tempo que morou em Paris, quando fez um intercâmbio científico no final da década de 1970 e começo de 1980, para se aprofundar nos estudos sobre a Mona Lisa. Tudo o que ela estudou sobre a cultura e na arte parisiense foi registrado no livro “Mona Lisa e Seus Mistérios”, inclusive com fotos autorais. O que desencadeou o interesse da autora por Mona Lisa foi a leitura do livro: “Roubaram a Mona Lisa”, de R. A. Scotti, que levou à pergunta: por que uma obra de arte nos fascina e, em especial, a Mona Lisa de Da Vinci? Nele, a autora apresenta fatos pouco conhecidos do público sobre a pintura mais enigmática do mundo. Beatriz faz conjecturas sobre a gênese do quadro, baseada em um conjunto de acontecimentos documentados. “Para resolver o enigma da gênese da Mona Lisa desenvolvi sete conjecturas concatenadas, que me parecem ter resolvido o enigma”, revela. Beatriz dedicou-se a escrever sobre a gênese do quadro, analisando, inicialmente, os três primeiros retratos de mulheres pintados por Da Vinci, antes de ele conceber a Lisa do Louvre. O livro é da Editora Age.

 

Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a Bordo da Varig

Uma empresa que era o símbolo brasileiro dentro do universo da aviação mundial, a Varig foi do estrelato – sem trocadilhos com a estrela que simbolizava a companha – à falência. Neste triste fim, ela levou consigo sonhos, histórias e pessoas que dedicaram a vida pela aviação. Com mais força e também simbolismo que outros funcionários, as comissárias de bordo foram as mais impactadas e, sem uma oferta de empregos em sua área à disposição, viram a classe que fora tão cultuada por muitos sofrer uma verdadeira parada cardíaca. Ao analisar essas circunstâncias, entre as quais a de sua tia Claudia Alves, a doutora em Antropologia Carolina Castellitti escreveu sua tese de doutorado que foi a base para o lançamento de “Anfitriãs do Céu: Carreira, Crise e Desilusão a Bordo da Varig”, lançado pela Editora Telha. O livro traz recortes da sociedade em formato de depoimentos de mulheres que optaram por fugir do formato de família tradicional (para elas, mãe e esposa) para criarem seus próprios “modelos” de família e histórias de vida. As conhecidas “aeromoças” viajavam pelos 5 continentes, conheciam pessoas de diferentes nacionalidades e culturas, podiam acordar em um fuso horário e irem dormir em outro, enfim. Gozavam do requinte que seu trabalho lhes garantia. Era um sem-número de oportunidades batendo à sua porta a cada jornada de trabalho. O livro trabalha de forma contundente em três pilares: a origem social da aeromoça e a trajetória social por elas percorrida até a escolha pela vida regada a jet lag e liberdade; a formação de carreira de uma comissária considerando-se as exigências de disciplina, hierarquia, etiqueta e refinamento que o posto exige; e, por fim, a reconstituição da reprodução social após o declínio da profissão juntamente com a companhia aérea símbolo do nosso país. Carolina Castellitti conduz com maestria o seu interesse na temática das carreiras femininas na direção de um enriquecimento prático e analítico sobre um drama coletivo de grande expressividade. Sua obra exemplifica a partir da carreira das comissárias de bordo o processo pelo qual as mulheres passaram – e muitas ainda passam – na reinvenção de seus papéis perante a sociedade e sempre que precisam dar grandes guinadas em suas direções. O livro tem 276 páginas.

 

Meu Nome é Selma

Há, na atualidade, poucos sobreviventes do Holocausto ainda vivos para relatar as atrocidades pelas quais passaram durante a Segunda Guerra. Poucos ainda podem nos contar com as próprias palavras, o medo que sentiram, a coragem que encontraram e as experiências de resiliência, criatividade e esperança em meio ao desespero. Selma Van de Perre é uma delas. Prestes a completar 100 anos em junho, a holandesa que vive em Londres, revela em “Meu Nome é Selma”, lançamento da Editora Seoman, como sobreviveu a um dos campos de concentração mais cruéis da história: Ravensbruck, no qual os nazistas aprisionavam somente mulheres. Nesta autobiografia aclamada internacionalmente, Selma conta a dificuldade em ser judia na Holanda, como a guerra chegou e levou toda a sua família, como assumiu uma identidade ariana falsa, entrou para a resistência como courier, além de relatar detalhes incríveis de sua luta pela sobrevivência e libertação como presa política. Nascida em 7 de junho de 1922, Selma foi combatente da Resistência holandesa-britânica até 1947, quando rumou para trabalhar na embaixada holandesa em Londres. Mas até lá, teve de sobreviver como a guerra lhe permitia. Usando o nome “Marga”, Selma fez “o que foi preciso” para combater o regime nazista até ser levada, em 1944, para o campo de concentração feminino de Ravensbrück. Foi libertada de lá no final da guerra graças a sua identidade falsa – que a fez não relevar a quase ninguém, detalhes de sua vida (nem aos amigos que fez fora e dentro do campo ao longo do conflito), por medo de ser delatada e morta. O livro tem 260 páginas.

 

Figuras da Causação

Às margens das insuficientes vagas de creches e escolas fundamentais disponibilizadas pelo poder público, há um sem- número de mães que precisam deixar seus filhos com alguém para poderem trabalhar. Esse quadro gera, em especial nas favelas, a produção de estereótipos aplicados as mulheres pobres, segundo “Figuras da Causação: As novinhas, As Mães Nervosas & Mães que Abandonam os Filhos”, entre mães chamadas como “novinhas”, as “mães nervosas” e, por fim, as “mães que abandonam os filhos”. Lançado pela Editora Telha, a obra de autoria da antropóloga Camila Fernandes mergulha nesse universo desconhecido e ignorado por muitos. A obra abre um debate sobre temas como gravidez planejada, planejamento familiar, culpabilização da mulher, sexualidade desviante e noções de cuidado e negligência. Esse “jogo de empurra” que é travado entre sociedade e políticos tenta achar um culpado (ou eleger o menos culpado) onde as mulheres acabam por serem condenadas pela pobreza em que vivem e, assim, isentam os gestores das cidades por suas péssimas administrações e fracasso na gestão de recursos financeiros, em especial aos mais necessitados. Camila conseguiu, através do acompanhamento dessas mulheres e de suas histórias, e por meio de uma descrição e análise visceral, transportar para as páginas de “Figuras da Causação” como as relações tensas em mundos marcados pela precariedade, desigualdade e expectativas de gênero se combinam com visões racistas sobre os pobres e seus territórios. O livro procura mostrar o ponto de vista de mulheres retratadas como “desviantes” das expectativas de gênero consideradas positivas em nossa sociedade, a saber: sexualidade planejada e um modelo de maternidade dócil, pacificado e compulsório. O livro tem 314 páginas.

 

 

 

 

 

 

 

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas