17 de junho | 2012

Grande sucesso dos anos 70 de volta na tela da Globo

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Gabriela (Juliana Paes) nasceu no sertão nordestino. Gabriela é um espírito livre. Representa a mudança dos tempos, a evolução político-social do mundo. Ao chegar a Ilhéus é contratada por Nacib (Humberto Martins), dono do Bar Vesúvio, com quem viverá um romance. É uma exímia cozinheira. Será a mulher mais desejada da cidade / Estevam Avellar-RG

Nacib (Humberto Martins) é proprietário do Bar Vesúvio. Solteiro, é frequentador do cabaré Bataclan, onde tem um chamego com Zarolha (Leona Cavalli). Contrata Gabriela (Juliana Paes) e se apaixona por ela. Decide se casar com a cozinheira, porém, Gabriela não se adapta a vida de mulher casada / Raphael Dias-RG

 

 

Apostando no sucesso que “Gabriela” fez em 1975, com Sônia Braga interpretando a baiana mais famosa de Jorge Amado, a Rede Globo estreia nesta terça, dia 19, o remake da trama, abrindo mais um horário para a teledramaturgia, às 23 horas assim como aconteceu com “O Astro”, exibida no ano passado.

Juliana Paes tirou a sorte grande e foi a escolhida para ser a protagonista da trama. “Gabriela” se passa no começo do Século XX, no interior da Bahia. Nesses tempos, moça boa era moça de família, com destino certo traçado pelo pai. E Gabriela não se enquadra na premissa. Mas é ela, alheia aos costumes da época, que provoca e põe à prova tudo quanto é sentimento humano e questionamento moral: o desejo, o amor, o preconceito, a traição, o ódio, o rancor, o perdão. Inspirada na obra de Jorge Amado, “Gabriela Gravo e Canela”, o remake está sendo escrito por Walcyr Carrasco, e tem direção de núcleo de Roberto Talma e direção geral de Mauro Mendonça Filho.

Ilhéus, 1925. Os coronéis são os grandes mandantes do lugar. Ninguém ousa dar um passo em falso sem ter aprovação de algum deles, mais especificamente, de um deles: Coronel Ramiro Bastos (Antonio Fagundes). Dono de arrobas e arrobas de cacau; é o intendente da cidade, mais conhecido como Ramiro Bastos, o jardineiro. A democracia já está em vigor no Brasil, contudo, em Ilhéus, nenhuma pessoa tem coragem de dizer não ao voto para o coronel. O respeito foi conquistado à força, sem dó. Todos acatam o que ele diz , caso contrário, sabe-se que não terá futuro por ali. Ao lado dele, cuidando da moral de Ilhéus, mais coronéis compartilham de seu poder. Um deles é Melk Tavares (Chico Diaz), seu fiel escudeiro, desde o dia da batalha final pela conquista de Ilhéus, até os dias de hoje. Outros como Jesuíno (José Wilker), Amâncio (Genézio de Barros), Coriolano (Ary Fontoura), Altino (Nelson Xavier), Manuel das Onças (Mauro Mendonça), Eustáquio (Lúcio Mauro) e Ribeirinho (Harildo Deda) também compartilham, não só da violência dos mandos, como na opinião irredutível: está bom como está, não tem precisão de mudar.

 Mas o tempo altera o rumo das coisas, e mesmo a mais dura rocha, um dia sofre com a erosão. Os ventos trazem transformações, e com Ilhéus não será diferente. E, se é pelo mar que as tempestades costumam chegar por lá, é um navio que aporta em Ilhéus que traz a carga mais perigosa contra o conservadorismo que impera  na região: Mundinho Falcão (Mateus Solano). Jovem descendente de uma forte família política em São Paulo, empreendedor milionário, chega do Rio de Janeiro com um propósito malquisto na cidade dos coronéis: o progresso.

Ganha rapidamente o posto de maior exportador de cacau da região e, tão veloz quanto sua fama, se torna o mais gigante oponente que Ramiro Bastos já teve em vida. Um ardiloso comerciante, orador nato, bonito por natureza, dono de elegância que vem de berço. E solteiro. Até as sinhazinhas já prometidas suspiram quando ele caminha com seus passos cuidadosos. A época das grandes emboscadas está por um fio com a presença galante de Mundinho. Ramiro terá que usar de outras armas para ganhar essa batalha contra a “imoralidade” trazida por esse “um” da capital. Mas não será fácil. Mundinho é um sedutor nato.

O símbolo mais emblemático da luta entre o conservadorismo de Coronel Ramiro Bastos e o progresso de Mundinho Falcão é a promessa da grande obra no porto de Ilhéus. Lá, os navios encalham, o que faz com que a exportação do cacau esteja totalmente nas mãos dos governantes da Bahia, a capital hoje conhecida por Salvador. Mundinho quer ver a economia de Ilhéus livre, e Ramiro, como intendente da cidade, deve muito ao governo baiano, e se opõe veementemente contra mais essa “liberdade”. Mundinho então decide não negar seu sangue e entra de vez para política. Será “a” oposição ao forte coronelismo local. Um briga de foice, instigada ainda mais pelo nascer de seu amor por Jerusa (Luiza Valdetaro), a neta preciosa de Ramiro Bastos.

Enquanto trancam suas mulheres em casa, os coronéis se esbaldam no cabaré mais agitado de Ilhéus, o famoso Bataclan, regido pelas mãos de ferro – e de unhas carmim – de Maria Machadão (Ivete Sangalo). É por lá que a moda entra, que os anos 20 brilham. Muita música, muita risada e muito prazer. As mulheres-damas, como são chamadas as trabalhadoras locais, são moças lindas, vindas de todos os lugares, até do estrangeiro. E lá impera uma lei. Uma vez que uma das moças é chamada para sentar à mesa com um coronel, passa a ser “propriedade” dele. Ninguém mexe. E há o “chamego”, a moça de um só coronel ou homem abastado. Um costume da época.

É lá que Nacib (Humberto Martins) encontra Zarolha (Leona Cavalli), uma fogosa sergipana, seu afago certo, seu chamego. Mulher de gênio forte, com vontades próprias, e fiel a seu turquinho – como se refere a Nacib. Zarolha é quem vai liderar uma revolta contra as beatas da cidade. Ao saber da procissão organizada pela igreja para que as chuvas voltem a regar os campos de cacau, a sergipana começa a bordar um manto para sua santa de devoção, Maria Madalena. E quer sair nas ruas a ostentar o trabalho tão bem feito por ela e suas colegas. O que vai criar uma imensa confusão.

E o coronel que não tivesse seu chamego no Bataclan, sustentava uma “teúda e manteúda” em algum lugar. Coronel Coriolano (Ary Fontoura) é conhecido por seus casos extraconjugais. Dizem que já até fez justiça com uma dessas moças que sustentava quando soube que ela tinha outro rapaz. E assim, todos têm medo de Coriolano, ninguém é capaz de olhar para moça que ele sustente.

Mas quem vai mesmo mexer com o coração de vários personagens da trama é a fogosa Gabriela. Quem já viu as cenas garantem que Juliana Paes está fazendo “a lição de casa” direitinho e não deverá deixar nada à dever a Sônia Braga sua antecessora da primeira versão da década de 70. Para ver o desempenho da atriz e também de todo o elenco, basta acompanhar os capítulos e ver se a audiência vai agradar!

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