09 de maio | 2023

“Extermínio” é uma obra de difusão científica, para todos que querem entender as origens do ódio e violência que assolam o país

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Em Busca da Coroa

Para o jovem Rubyo Hant, ser chamado de rei soava mais como uma piada do que uma demonstração de respeito, afinal, ele não passava de um bastardo pobre. Apesar de ser o único herdeiro do reino de Minalkar, cresceu refugiado em um reino inimigo, junto do povo que sobreviveu ao ataque dos orcs, que culminou na morte de seu pai, o Rei Edmund VI. Embora o garoto acreditasse que nunca carregaria o maior título da nobreza, era nele que os minalkarianos depositavam todas as esperanças de recuperar o que um dia foi deles. No livro “Em Busca da Coroa”, de Reyves L. B., o rei sem reino fará o possível e o impossível para devolver as terras de sua nação. Com o objetivo de encontrar o anel que provaria a legitimidade de sua coroação, o protagonista segue em uma missão rumo ao lugar onde nasceu, mas é capturado por tropas inimigas. Para se livrar de tal situação, ele precisa enfrentar o rei dos orcs e algoz de seu pai, Inak Trodar. Em um jogo de manipulações, o personagem é traído por um espião, infiltrado entre seus amigos e se torna prisioneiro da rainha de Alferius, ex-madrasta de Rubyo, que vê no garoto o símbolo da maior vergonha de sua vida, a traição do marido. Depois de anos vivendo atrás das grades, recebe a visita de um antigo mestre com um plano para recuperar o reino que deveria pertencer a ele. Para isso, ele enfrenta uma batalha contra outros condenados e embarca rumo à um novo continente. Será que o amor pelo povo e pela família fará o jovem se tornar rei de verdade? Nesta obra de alta ficção, primeiro volume da trilogia “O Jogo do Rei”, Reyves L. B. enriquece a experiência literária com mapa e ilustrações. Por meio das redes sociais, o autor também divulga imagens detalhadas dos personagens, além de situar o leitor sobre como cada um potencializa a história de um rei “Em Busca da Coroa”. Com 404 páginas, o livro é da Editora Flyve.

 

Extermínio

“Extermínio”, publicado pela Editora Planeta, é uma verdadeira imersão no passado violento que corre no sangue de cada brasileiro. Cientista social e mestre em Ciência Política, Viviane Gouvêa apresenta evidências de que a violência hoje incutida no Brasil não surgiu sem motivo, e a origem desta sociedade hostil e institucionalizada é histórica. Por isso, o protagonista desta obra é o Estado, aquele que deveria proteger os cidadãos, mas tem uma tendência a equacionar conflitos com o uso da força, do tiro e da tortura. Passados os duzentos anos da Independência, a escritora se utiliza de uma linguagem acessível para expor partes macabras do passado, e revelar feridas que hoje refletem na sociabilidade nacional. Viviane Gouvêa explica que, apesar de contemplar os períodos ditatoriais, concentrou a pesquisa em episódios do regime democrático “raramente debatidos, à luz das limitações inerentes a uma democracia de fachada, sempre válida para poucos”. A obra é dividida em oito capítulos-chave com casos em que o Estado agiu para manter em silêncio os que o desafiavam: do sistema escravagista e genocídio indígena à Cabanagem e assassinatos de trabalhadores rurais – a exemplo do massacre de Carajás em 1996. Para ela, casos como estes sempre objetivaram defender interesses privados e manter uma ordem excludente, por isso reforça a importância de entender as origens do ódio e violência para que possam ser superados. Para ilustrar cada caso, Viviane reúne registros públicos e privados, encontrados em órgãos como Funai, Biblioteca Nacional e também no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde atua como pesquisadora há mais de 15 anos. “Extermínio” é uma obra de difusão científica, sem cunho acadêmico, uma leitura para estudantes e todos que querem entender as origens do ódio e violência que assolam o país. Tem 255 páginas.

 

Laços de Sangue – A História Secreta do PCC

Rebeliões, assaltos, sequestros, assassinatos, narcotráfico. O rol de crimes arquitetados pelo PCC – Primeiro Comando da Capital – é tão grande quanto sua estrutura. Soma-se a essa lista as recentes descobertas de um plano para atacar servidores públicos e autoridades, incluindo o senador Sergio Moro e o promotor Lincoln Gakiya. Mas qual a motivação por trás de atentados contra figuras públicas? Como, apesar dos esforços de segurança pública, a maior organização criminosa do Brasil segue em franca atividade? Quais são as origens desse grupo aparentemente invencível? As respostas para estes questionamentos são reveladas no livro “Laços de Sangue – A História Secreta do PCC”, assinado pelo procurador Marcio Sergio Christino, uma das maiores autoridades brasileiras no combate ao crime organizado, em parceria com o jornalista investigativo Claudio Tognolli. Publicada pela Matrix Editora, a obra reúne os bastidores do nascimento e ascensão da organização a partir de depoimentos colhidos diretamente de integrantes da facção. Christino e Tognolli mostram como o PCC foi criado por oito detentos dentro do sistema penitenciário, na Casa de Custódia de Taubaté (SP), no que deveria ter sido um simples torneio de futebol entre os presos. Eles detalham os caminhos que permitiram a extensão dos tentáculos da organização para fora dos muros das prisões e hoje atemorizam, além dos brasileiros e suas instituições, até mesmo países vizinhos como Paraguai, Bolívia, Colômbia e Venezuela. A obra reúne também as estratégias de investigação utilizadas pelas autoridades, a ascensão de Marcola a partir da morte de quase todos os fundadores da facção, alguns dos bárbaros crimes executados pelos bandidos e até as reclamações curiosas feitas pelos advogados dos criminosos, frente à delação premiada do último fundador do PCC falecido recentemente. Uma verdadeira enciclopédia sobre a trajetória do Primeiro Comando da Capital.

 

Elogio da Loucura

Originalmente publicado em 1511, em Paris, “Elogio da Loucura”, de Erasmo de Rotterdam, foi capaz de abalar as estruturas do racionalismo secular e da escolástica cristã do Século XVI. Até os dias atuais o livro mantém seu frescor, principalmente pelos apreciadores das ciências políticas e sociais. A obra, que formou uma das bases intelectuais da filosofia humanista do Renascimento, ganha uma nova edição pelo Grupo Editorial Edipro. No ensaio satírico, o filósofo e teólogo holandês faz uma homenagem à “Utopia”, de seu grande amigo Thomas More. Erasmo de Rotterdam critica os costumes dos homens daquela época, sem se direcionar a alguém específico. Quem fala em nome do autor é a própria “Loucura”. As ideias de Erasmo abriram espaço para que intelectuais como Lutero ficassem contra o Papa e lançassem as bases da Reforma Protestante, que aconteceria anos depois. Ao longo das páginas, a “Loucura” elogia a si mesma como a verdadeira imperatriz da humanidade. Desta forma, o autor enaltece a natureza humana e oferece um espelho para que a sociedade possa se divertir e até mesmo rir de si própria. Segundo aponta Fabrina Magalhães Pinto, Doutora em História Social da Cultura e quem assina a apresentação desta edição de Elogio da Loucura, os adversários do autor “não o entenderam ou não admitiram a pilhéria erasmiana sobre temas religiosos tão controversos. Este passatempo de viagem, no entanto, teve imensa difusão, agitando as multidões, abalando a Igreja, e contribuindo para incitar vários estados alemães a ouvir os reformadores. A carta que recebera de Martin Dorpius, em 1515, é um bom exemplo da recepção negativa do texto entre os teólogos”. Mesmo assim, a narrativa de Erasmo, armado com a zombaria, consegue atacar questões sérias de sua época. Temas morais como a intolerância e a ingratidão não escapam ao tom humorístico da “Loucura”. Dos reformistas protestantes liderados por Lutero aos ortodoxos cristãos seguidores do Papa, todos são alvos da ironia desta obra. “Elogio da Loucura”, regado com piadas de Erasmo de Rotterdam, vai contra as morais católica e protestante e mesmo em desfavor do racionalismo exacerbado. Uma defesa aberta à tolerância, à liberdade de pensamento, ao mesmo tempo em que o autor constrói uma das maiores expressões do humanismo, base ideológica do Renascimento. O livro tem 160 páginas.

 

 

 

 

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