18 de setembro | 2017

Como começou o famoso “jeitinho brasileiro”

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Ambientada em 1822, após a independência do Brasil, “Filhos da Pátria” promete divertir o público com a história de Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero), um funcionário público do Paço Imperial, que estará imerso em um ambiente corrupto e, com isso, será influenciado a tomar atitudes desonestas em seu trabalho / Maurício Fidalgo-RG

No decorrer da trama, Maria Teresa (Fernanda Torres) e Geraldo (Alexandre Nero) ficam ricos devido às falcatruas de Geraldo e começam a exibir uma fina estampa / João Miguel Jr-RG

 

 

Depois de ser lançada na Internet, agora chegou a vez dos telespectadores da Globo conferir a comédia “Filhos da Pátria”, que estreia na noite desta terça-feira e promete conquistar o a audiência  já em seu primeiro episódio.

A trama da série se passa em 1822, no Rio de Janeiro. Muitas coisas mudaram em 195 anos, mas tantas outras continuam da mesma forma e ainda se sofisticaram com o passar dos tempos. O famoso e singular “jeitinho brasileiro” é uma delas. Sua origem será mostrada na atração, uma crônica cotidiana do Brasil do Século XIX, sob a ótica dos Bulhosa, uma típica família de classe média da época. Com criação e redação final de Bruno Mazzeo e direção artística de Mauricio Farias, “Filhos da Pátria” acompanha a formação da essência brasileira e faz uma interpretação, com humor e crítica, de como tudo o que vivemos e passamos atualmente teve início.

A história começa no dia 08 de setembro de 1822, logo após a proclamação da Independência. Em meio ao bucólico cenário carioca, está a família Bulhosa, que mora no Centro do Rio de Janeiro e precisa aprender a viver num país em processo de transição administrativa, onde as mais adversas situações os incitam a hilárias armações e aventuras, pondo constantemente à prova a retidão moral de cada um.

A família é composta pelo ingênuo português Geraldo (Alexandre Nero), sua esposa materialista, a brasileira Maria Teresa (Fernanda Torres), pelo primogênito sem-noção, Geraldinho (Johnny Massaro), e pela caçula feminista e sonhadora, Catarina (Lara Tremouroux). Além deles, a escrava à frente de seu tempo, Lucélia (Jéssica Ellen), e o escravo observador e “apastelado”, Domingos (Serjão Loroza). É a partir deles que as principais tramas de “Filhos da Pátria” se desenrolam. “Contamos como a Independência repercutiu no povo brasileiro e como começamos a formar esse DNA de querer levar vantagem em tudo. Apesar do contexto histórico, o olhar está sobre os Bulhosa, uma família comum, anônima, que sente as mudanças provocadas por esse momento da história”, explica o autor, Bruno Mazzeo. “Em ‘Filhos da Pátria’, fazemos um paralelo divertido entre a Independência e o atual momento brasileiro. Foi um período de grandes mudanças, com a opinião da população dividida entre brasileiros e portugueses, onde a vida foi modificada de maneira abrupta pela política. Mostramos, em tom de comédia, como a sociedade no Rio de Janeiro do princípio do Século XIX começou a se organizar e como a política provavelmente afetou o cotidiano das pessoas”, explica o diretor, Mauricio Farias.

O personagem protagonista, Geraldo Bulhosa nasceu em Portugal, é um homem de bem, solícito, prestativo por natureza, e trabalha no governo intermediando as relações entre Brasil e Portugal. Imediatamente após a Independência, ele começa a se sentir ameaçado de perder o cargo oficial que ocupa por ter nascido em terras lusas. Aos poucos, vai perdendo prestígio e precisará lidar com os “novos esquemas” que tomam conta do ambiente de trabalho.

Maria Teresa é a esposa de Geraldo, uma mulher classista, materialista e alpinista social confessa. Ela sempre imaginou que desfrutaria de prestígio social e boa situação econômica pelo fato de ter se casado com um europeu. Fruto de seu tempo, Maria Teresa é obcecada pelos modos e tradições da alta sociedade. No fundo, Maria Teresa sente inveja da irmã, Leonor (Leticia Isnard), que se casou com o industrial Murilo (Felipe Rocha) e pode ostentar joias e charretes.

Geraldinho e Catarina são os herdeiros da família Bulhosa. O rapaz é inconsequente e analfabeto, ele é um amante da subversão ideológica e acredita piamente em suas ideias revolucionárias, mas mal sabe cuidar do próprio nariz. Sua irmã é praticamente o oposto. Nem parece que vieram da mesma família. Catarina é idealista, feminista, sonhadora e deseja ser dona do próprio sustento e da própria vida numa época em que ninguém vislumbrava essa realidade para as mulheres.

Lucélia (Jéssica Ellen) e Domingos (Serjão Loroza) são as mentes mais racionais dentro da casa dos Bulhosa e peças fundamentais para o bom funcionamento do lar. Sagaz, Lucélia aproveita as aulas particulares dadas a Geraldinho para aprender a ler e escrever. Conformada com o sistema escravocrata, ela não repudia os senhores.

Já Domingos é o antigo escravo da família. Extremamente observador, vive sendo alvo de piadas e comentários insensíveis de Maria Teresa. Obedece às ordens que recebe sem muito questionamento, frequentemente tornando óbvias as sandices dos senhores.

“Filhos da Pátria” é uma crônica de época com pitadas de humor, drama, romance e crítica. A premissa da caracterização, assinada por Mary Help, é de trazer a essência dos personagens. “O humor está muito presente no texto e na atuação dos atores. Optamos por uma caracterização nada caricata e tentamos trazer o máximo de veracidade. Temos muita referência nas pinturas de Debret, que descreveu o dia a dia desse povo”, explica.

“O que acontece hoje em dia é reflexo do que teve início lá atrás e sabemos pouco acerca da nossa história. Apesar do contexto histórico, o olhar está sobre os Bulhosa, uma família comum, anônima, que sente as mudanças provocadas pela independência do país", conclui Bruno Mazzeo, sobre esta série que tem tudo para fazer sucesso também na tela da Globo.

 

Quem é quem?!

 

Geraldo (Alexandre Nero) – Patriarca dos Bulhosa, Geraldo é um homem de bem e solícito. Sente-se ameaçado de perder o emprego no Paço Imperial pós- Independência do Brasil por ter nascido em Portugal. Face às incertezas econômicas que ameaçam a estabilidade da família, ele é incapaz de resistir às pressões de nobres e colegas por favores burocráticos que, pouco a pouco, corroem o país, mas que o mantém em posição de prestígio e dão origem a incontáveis e hilárias saias-justas.

 

Maria Teresa (Fernanda Torres) – Materialista, classista e alpinista social, Maria Teresa é apaixonada pelo marido, Geraldo (Alexandre Nero), mas sonha com o dia em que ele vai se impor profissional e socialmente.

 

Catarina (Lara Tremouroux) – Idealista, feminista e sonhadora, Catarina deseja ser dona do próprio sustento e da própria vida.

 

Geraldinho (Johnny Massaro) – Sem-noção, inconsequente e analfabeto, Geraldinho é amante da subversão ideológica e espertinho por natureza.

 

Lucélia (Jéssica Ellen) – Escrava doméstica dos Bulhosa, Lucélia é a espinha moral da família.

 

Domingos (Serjão Loroza) – Velho escravo da família Bulhosa. Divide as funções da casa com Lucélia (Jéssica Ellen).

 

Zé Gomes (Flávio Bauraqui) – Alforriado por “invalidez” e irmão de Lucélia (Jéssica Ellen).

Padre Toledo (Marcos Caruso) – Padre da Igreja da cidade. Acaba se envolvendo nos mesmos esquemas de Geraldo (Alexandre Nero).

 

Pacheco (Matheus Nachtergaele) – Trabalha com Geraldo (Alexandre Nero) no Paço Imperial. Conduz o amigo aos esquemas que tomam conta do ambiente de trabalho.

 

Seu Vasco (Luiz Magnelli) –  Dono da taberna local, o português é anfitrião das rodas de conversa dos homens da classe média carioca e sempre tem informações quentes sobre a comunidade.

 

Dechiré (Karine Teles) – Madame francesa, dona de um brechó e do bordel da cidade.

 

Leonor (Letícia Isnard) – Irmã de Maria Teresa (Fernanda Torres), é esnobe, rica e casada com Murilo (Felipe Rocha).

 

Murilo (Felipe Rocha)  – Industrial, é marido de Leonor (Letícia Isnard).

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