23 de agosto | 2024
“Amor-Próprio na Prática” – Qual o real significado de amor-próprio?
República Surda
Na fictícia cidade de Vasenka, uma estranha guerra tem início depois que um garoto surdo é assassinado por soldados. O som dos conflitos – gritos de ordem, tiros, sirenes e bombas – não chega mais aos ouvidos dos habitantes, que passam a conviver com um silêncio ensurdecedor. Nesse cenário, regido pelo autoritarismo e pela crueldade, as palavras perdem o sentido, e o silêncio dá espaço à outra forma de comunicação. Finalista do National Book Award e vencedor do National Jewish Book Award e do Los Angeles Times Book Prize, “República Surda” foi eleito o livro do ano pelo New York Times em 2019 e se tornou um fenômeno editorial. Misto de ficção, peça teatral e coletânea de poemas, este livro que foge das classificações fáceis tem como pano de fundo um país que, ocupado pelas Forças Armadas, é obrigado a conviver com os desmandos do poder ao mesmo tempo em que vê surgirem novos elos afetivos. De Ilya Kaminky, o livro tem 168 páginas e é da Editora Companhia das Letras.
Saber de Mim
índice de suicídio entre jovens negros é 45% maior do que entre brancos, segundo levantamento do Ministério da Saúde. Na faixa etária de 10 a 29 anos, a probabilidade chega a 50%. Este dado alarmante é apenas um dos indicativos de que a população preta está mais vulnerável aos sofrimentos psicoemocionais. Como então oferecer ferramentas para entender as origens e lidar com essas angústias que representam o limiar entre a vida e a morte de muitos? Para as pesquisadoras na área de saúde mental de pessoas negras e criadoras dos projetos “Pra Preto Ler” e “Pra Preto Psi”, Bárbara Borges e Francinai Gomes, a resposta para tratar do problema está na adoção de estratégias de promoção de autoconhecimento e do fortalecimento do senso de comunidade. Elas discorrem sobre esta busca pelo bem-estar no livro “Saber de Mim”, lançamento da editora Almedina Brasi. Ao adotarem a “escrevivência”, técnica cunhada pela escritora e linguista Conceição Evaristo para definir um estilo de escrita diretamente relacionado às vivências de quem escreve, as autoras conquistam proximidade com o leitor. Essa conexão aparece especialmente quando exploram temas densos que escancaram as feridas causadas pelas inúmeras formas de perpetuação do racismo. A obra tem como ponto de partida a discussão sobre os prejuízos causados pela alienação racial, estabelecida quando o negro não se reconhece como tal para evitar cargas negativas relacionadas às experiências de ser uma pessoa de cor no Brasil. Segundo Bárbara e Francinai, esse processo alienante é incentivado principalmente pela exaltação da política de democracia racial, falsamente difundida no país. As pesquisadoras destacam também o dilema da fraternidade entre negros, que costuma se dar apenas pela dor e sofrimento causados pelos episódios de preconceito que praticamente todos enfrentam. Para elas, é preciso encontrar outros pontos de conexão que permitam criar uma comunidade que experimente a esperança, coragem e união ao invés da humilhação, vergonha e tristeza. O livro tem 202 páginas.
Amor-Próprio na Prática
Qual o real significado de amor-próprio? Como viver no mundo atual e ser gentil consigo? Baseada em evidências científicas, a psicóloga Zoë Crook montou um guia prático para que as pessoas cultivem cada vez mais a autocompaixão. A proposta trazida no livro “Amor-Próprio na Prática”, lançamento que chega ao Brasil pela Editora Latitude, é que o leitor parta de uma análise das ações passadas e prepare-se para o futuro ao viver melhor o momento presente. Ouvir a voz interior, manter o corpo e mente em sintonia integrados estão entre os conselhos da especialista para uma vida melhor, em todos os sentidos. Este livro apresenta práticas para que as pessoas consigam estabelecer limites, assumam as próprias escolhas e pratiquem o amor-próprio de forma mais consciente. Ao longo das páginas, os leitores poderão compreender que simples atitudes despertam a consciência e tornam possível realizar uma mudança profunda a partir de um amor que flui de dentro para fora. A obra reforça ainda o que muitos estudos já validaram: amar a si mesmo é fundamental para uma boa saúde mental. Nesta narrativa, cada pessoa será convidada a cultivar a autocompaixão e o autorrespeito em todas as áreas da vida, de modo que desenvolvam estratégias proativas para se redirecionarem rumo ao seu “eu” de verdade. “Amor-Próprio na Prática” explica como ações diárias e pequenos rituais conseguem dar clareza àquilo que não está intrínseco ao leitor. No final deste livro, Zoë deixa notas de amor e frases para que cada pessoa possa reafirmar para si mesma diariamente. O livro tem 184 páginas.
Voyeur – Omissão Fatal
Passar horas distraído com a última fofoca do mundo das celebridades. Discutir com amigos sobre os mais novos acontecimentos do “Big Brother” ou de um reality show da Netflix. Quem nunca? Ainda mais no Brasil, onde mais de 70% da população está nas redes sociais. O país também tem o maior número de influenciadores do mundo, alcançando a marca de 500 mil, segundo a Nielsen. Enquanto pesquisadores e acadêmicos analisam o cenário nacional, o escritor Luiz Estevam Gonzalez adapta essa conjuntura para a ficção por meio da trilogia “Voyeur”, que chega ao segundo volume com o lançamento de “Omissão Fatal”. Nesta saga, o autor conta a história de um homem que sente atração ao observar a intimidade alheia com objetivo de questionar se a sociedade está mesmo distante das práticas do voyeurismo. O próprio protagonista Celso Henrique atesta que todos são voyeuristas, o que muda é a intensidade. No enredo, o personagem principal é um jovem rico que fundou o CH Motel para assistir à vida de seus clientes. Essa violação também está próxima do cotidiano: recentes casos de câmeras escondidas em hospedagens foram investigados no Brasil; já na Coreia do Sul, 6 mil ocorrências de gravações não autorizadas são registradas anualmente segundo levantamento da ONG Human Rights Watch (HRW). Com “Voyeur – Omissão Fatal”, o autor lança um olhar para situações que se escondem por trás da esfera íntima, mas que podem prejudicar milhares de pessoas. Ao tratar da história fictícia, ele problematiza o debate ao inserir na trama um homem envolvido em uma série de crimes e que precisará combater o tráfico de crianças. Luiz Estevam Gonzalez coloca lentes de aumento em circunstâncias que os leitores poderiam preferir acreditar que não existem, como a invasão de privacidade e a exploração sexual infantil.
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