28 de novembro | 2016

Alcoolismo não é doença exclusiva dos homens

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Os órgãos de Saúde confirmam que tem sido observado: um número cada vez maior de mulheres que usam e se tornam dependentes do álcool. Até então, os homens bebiam mais e tinham mais chances de desenvolver doenças relacionadas ao álcool.

Pensando nisso, têm sido desenvolvidos estudos com o propósito de investigar a aproximação entre os gêneros quanto ao padrão de uso de álcool, com ênfase no "binge drinking", ou seja, beber exageradamente em uma única ocasião, e suas consequências, sendo que já foram entrevistadas cerca de 43 mil pessoas de idade superior a 18 anos.

Os pesquisadores aplicam um questionário estruturado que contém alguns critérios de diagnósticos de abuso e dependência e perguntas sobre o comportamento de beber durante o período de maior consumo de álcool na vida.

As medidas utilizadas neste estudo são, respectivamente, número máximo de doses alcoólicas consumidas em uma única ocasião; e prevalência, na vida, do comportamento de "binge drinking" frequente, ou seja, realizado uma vez por semana ou em maior frequência (medida: mais que 4 ou 5 doses de bebidas alcoólicas numa única ocasião, para mulheres e homens, respectivamente).

Com a finalidade de identificar mudanças da influência do gênero sobre o comportamento de beber ao longo dos anos, a amostra foi dividida em quatro categorias, conforme o ano de nascimento, ou seja: 1913-1932; 1933-1949; 1950-1967; 1968-1984.

Assim, conforme resultados do trabalho, os homens consomem maior número de doses de álcool/ocasião, porém a proporção de uso entre os sexos (homem/mulher) diminuiu com o passar do tempo, caindo de 2,91 (1913-1932) para 2,10 (1968-1984). Já a frequência de "binge drinking" aumentou entre homens e mulheres com o passar dos anos, porém, a proporção homem/mulher tem diminuído, passando de 10,55 (1913-1932) para 2,66 (1968-1984).

A prevalência de dependência, na vida, também aumentou para ambos os sexos com o passar dos anos, mas a proporção homem/mulher diminuiu de 5,07 (entre 1913 e 1932) para 1,97 (entre 1968 e 1984), assim como a prevalência de abuso de álcool, de 7,14 (de 1933 a 1949) para 1,63 (de 1968 a 1984). Assim como observado às demais variáveis, houve um estreitamento entre os gêneros em relação à taxa de abstinência, que sempre foi maior entre as mulheres.

Portanto, tem havido um efeito significativo da época do nascimento sobre a influência do gênero nas diferentes medidas de consumo de álcool e desordens relacionadas. Embora a participação dos homens tenha sido mais prevalente em todos os comportamentos e transtornos, tem-se testemunhado uma convergência entre os gêneros, das épocas mais antigas às mais recentes. Mecanismos sociais e biológicos que possam explicar essas diferenças devem ser considerados, como, por exemplo, a maior aceitação social do uso de álcool pela mulher atualmente.

Outro resultado que merece atenção é que o comportamento de "binge drinking", que diminuiu entre os homens, tem aumentado entre as mulheres, apontando à necessidade de desenvolver medidas de prevenção e tratamento específicos.

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