01 de setembro | 2015

“A Regra do Jogo”, um novo jeito de fazer novelas

Compartilhe:

Romero Rômulo (Alexandre Nero) é um homem de muitos rostos. O ex-vereador e radialista é conhecido como defensor dos direitos dos presidiários e criminosos em geral / Tatá Barreto-RG


 

Atena (Giovanna Antonelli) não é rica, mas quer ser. Para isso, faz uso da lei do menor esforço. É uma estelionatária. Gasta na medida em que rouba / João Miguel Jr-RG


Juliano (Cauã Reymond) é um lutador de MMA, um sujeito forte e de aparência bruta, mas que tem um enorme coração / João Cotta-RG

O protagonista de “A Regra do Jogo” é Romero Rômulo, personagem que será interpretado por Alexandre Nero, ator que ganhou o papel que anteriormente destinado a Murilo Benício que, de acordo com fofocas de bastidores, foi afastado da trama após se desentender com a diretora Amora Mautner.

“A Regra do Jogo” está sendo escrita por João Emanuel Carneiro e tem a difícil missão de alavancar a audiência que “Babilônia” deixou, aliás, uma das piores dos últimos tempos.

Mas voltando à trama da nova novela, Romero Rômulo é um ex-vereador e tem uma vida menos óbvia do que aparenta ser. Ele é um herói do povo, que se apresenta desta forma e faz por onde as pessoas acreditarem nisso. Nesta lista está seu filho adotivo, Dante (Marco Pigossi), policial que dedica ao pai uma confiança incondicional. A especialidade de Romero é reintegrar à sociedade pessoas marginalizadas, especialmente ex-criminosos. Romero é um homem de vida e hábitos simples, aparentemente… Isso é o que se sabe, o que se vê. O carro não é dos melhores e o apartamento onde vive, na zona sul do Rio de Janeiro, é bem mais ou menos. É nesta região da cidade onde parte da trama acontece, onde há ricos, decadentes, honestos, deslumbrados e aqueles que, apenas, conseguem sobreviver. Atena (Giovanna Antonelli) é uma delas. Não é rica, mas quer ser. Para isso, faz uso da lei do menor esforço. É uma estelionatária. Gasta na medida em que rouba. Atena entra na vida de Romero quer ele queira ou não. Mas ela entra e fica.

O coração da novela pulsa lá no alto, no Morro da Macaca. Uma comunidade idealizada, um lugar que deu certo. Onde muita gente sente vontade de morar. Vem de lá os personagens que cruzam a vida de Romero. Ou melhor, gente que guarda em si a explicação para ele ser o que ele é. Tudo começa pela honesta e trabalhadora Tóia (Vanessa Giácomo). Os destinos dela e de Romero se encontram na delegacia. Ela, apesar de não ser criminosa, não foi presa injustamente. Ele, como não é novidade para ninguém, se apresenta como o benfeitor que garante a liberdade de Tóia. Manobra que sai caro para Djanira (Cássia Kis Magro), mãe de criação da jovem. É que Djanira é quem mais conhece Romero, talvez a única que saiba do que a sua essência é feita.

Djanira também criou Juliano (Cauã Reymond), que está envolvido até o pescoço nessas relações. Ele namora Tóia e não vê Romero com bons olhos. A indisposição entre os dois passa por questões pessoais e por Zé Maria (Tony Ramos), um homem que tem o paradeiro tão nebuloso quanto a sua ficha corrida. Foi Zé Maria quem pôs fim na amizade entre Djanira e Adisabeba (Susana Vieira), a rainha da comunidade, dona da maioria dos empreendimentos do Morro da Macaca, como a Caverna da Macaca. Trata-se da boate que ferve na noite carioca, onde o asfalto encontra o morro. O ponto de partida para o começo desta história.

Sobre “A Regra do Jogo”, o autor João Emanuel Carneiro revela: “Esta é a história de um homem, Romero Rômulo, que finge ser um herói do povo. Mas ele é o contrário do que ele aparenta ser. A novela é o percurso deste homem. A trajetória e a jornada deste personagem. E as mudanças na novela estão muito relacionadas às mudanças internas deste indivíduo. É uma história sobre índole e ética e questiona qual é o limite do perdoável”. De acordo com o autor, a novela deixará algumas perguntas no ar tais como: Existe um livre arbítrio? Podemos mudar o destino que está reservado pra gente? O que não é tolerável? Perguntas as quais os telespectadores terão as respostas durante o desenrolar da trama.

Novidades nas gravações

Há dois anos a Globo estuda o desenvolvimento de um método novo de gravar novela, com a colaboração de diferentes áreas da emissora. A ideia é que o público não ficasse mais de “fora”, que a dramaturgia se aproximasse dos realities shows na forma de captar as imagens e chegar ao telespectador. Tudo para que o público sinta que aquilo que está sendo visto pode ser real. Foi então criada a “Caixa Cênica”, que são os cenários 360 graus, com a boca de cena fechada e uma logística que permite gravar uma novela na velocidade em que ela acontece. 

"Atualmente há duas maneiras de gravar dramaturgia no mundo. Pode ser como no cinema, sem boca de cena e feito com duas câmeras e lentes fixas. Mas isso faz com que as cenas demorem para serem feitas. O método mais rápido é o de multicâmeras, com a boca de cena aberta", esclarece a diretora Amora Mautner.  A “Caixa Cênica” é uma terceira e inédita opção. Cenários fechados e adaptados para permitir que câmeras sejam integradas a eles. São mais câmeras em ação, posicionadas em diferentes e inusitados pontos do set. Há câmeras atrás de espelhos, colunas, janelas. Outras são escondidas, nem mesmo o ator em cena sabe onde está. Há ainda duas robôs, instaladas em pontos estratégicos, operadas por um profissional que fica fora do cenário. Claro, essa maneira nova de gravar não dispensa o profissional, que também está dentro do estúdio. Aliás, sobre isso também há novidade. Após meses de treinamentos e testes, oito profissionais que atuam como operadores de câmera; colocaram em prática o "Movi", uma junção entre equipamento e know-how que, resumidamente, dá mais liberdade e estabilidade aos profissionais.  

Depois de pronta, a Caixa Cênica traz como resultado uma redução considerável no tempo de gravação e uma organicidade especial que faz a diferença no final das contas. Isso tudo com um tipo de iluminação especial, que lança mão de grandes quimeras espalhadas pelos cenários. Além de um cabeamento feito para ser integrado ao set. A edição das cenas acontece quase em tempo real, a exemplo do formato usado em Fórmula 1. O diretor escolhe o que tem de melhor para ajudar a contar a história. É um processo ágil e inovador.

Foram anos de trabalho, estudo, testes e treinamento dentro do estúdio para fazer a Caixa Cênica se tornar realidade. E a cenografia não trabalhou sozinha. Segundo o cenógrafo, João Irênio, o grande ganho deste projeto foi a comunicação maior com outros departamentos. Todos andaram integrados: engenharia, elétrica, direção, produção, cenografia. Isso ajudou a driblar desafios como o cabeamento e a iluminação. “Começamos a trabalhar muito mais cedo. Eu estou neste projeto desde o final do ano passado”, relata João Irênio.

Para conferir as novidades, só assistindo “A Regra do Jogo”, novela na qual a Globo está apostando todas as suas fichas para reconquistar os preciosos pontos na guerra da audiência, perdidos com a malsucedida “Babilônia”.

 

Quem é quem?!

Romero Rômulo (Alexandre Nero) – Um homem de muitos rostos. O ex-vereador e radialista é conhecido como defensor dos direitos dos presidiários e criminosos em geral, segundo ele “excluídos do sistema que não tiveram chance na nossa sociedade”.

 

Atena (Giovanna Antonelli) – Uma mulher amoral. Mas também a sobrevivente de um passado miserável nos arredores de Brasília. Batizada com o nome de Francineide dos Santos, Atena é uma estelionatária, que se iniciou neste “ofício” clonando cartões de crédito e falsificando assinaturas.

 

Ascânio (Tonico Pereira) – É o homem que criou Romero (Alexandre Nero). É a pessoa mais próxima dele no começo da história.

 

Paty (Letícia Colin) – Namorada de Romero (Alexandre Nero), mas que não consegue manter o relacionamento com ele por muito tempo. É a típica mulher “chatinha”.

 

Victor (Joao Baldasserini) – Cúmplice e algoz de Atena (Giovanna Antonelli).

 

Sueli (Paula Burlamaqui) – Dona da pensão onde Atena (Giovanna Antonelli) se abriga quando não está aplicando golpes.

 

Tóia (Vanessa Giácomo) – Maria Vitória Noronha, a Tóia, é extrovertida, “esquentada” e dona de forte personalidade. Ela é capaz de fazer amigos ou inimigos com a mesma facilidade. Nunca teve dúvidas sobre o que queria fazer da vida: lidar com festas, que desde sempre foram seu ambiente natural. 

 

Juliano (Cauã Reymond) – Forte, justo e cabeça dura. Quem vê Juliano de fora, imagina que o lutador de MMA é um sujeito bruto. Mas quem o conhece de perto sabe que ele tem um enorme coração.

 

Zé Maria (Tony Ramos) – Existem duas versões diferentes a respeito desse mítico bandido foragido, procurado pela polícia há décadas. Numa delas ele é um facínora sanguinário responsável pelo famoso massacre de Seropédica na década de 90, além de carregar muitas outras mortes nas costas. Na segunda versão dos fatos, Zé Maria, que já foi mecânico do Morro da Macaca, é um homem de bem, um injustiçado que foi usado como bode expiatório por um grupo de bandidos.

 

Djanira (Cássia Kis) – Alegre, divertida e durona. Uma adorável mãe que guarda inquietantes segredos. É uma exemplar mãe de criação de duas crianças. A primeira delas é Juliano (Cauã Reymond), filho do ex-namorado, Zé Maria (Tony Ramos). A segunda filha de criação de Djanira é Tóia (Vanessa Giácomo), que caiu em seu colo quando ela menos esperava. 

 

Adisabeba (Susana Vieira) – Dona de personalidade fortíssima, ela é ambiciosa e passional. É boa mãe e uma sobrevivente, uma força da natureza. Adisabeba veio adolescente para o Rio de Janeiro onde começou a trabalhar como prostituta. Obcecada com a ideia de vencer da vida, acumulou dinheiro para comprar seu primeiro “imóvel” no morro, que revendeu com lucro dois meses depois. A partir daí, foi comprando e vendendo outras casas até abandonar de vez a prostituição e se transformar numa verdadeira latifundiária urbana na comunidade. 

 

Merlô (Juliano Cazarré) – Mario Sérgio dos Santos, o Mc Merlô, é talentoso e bom caráter. Figura emblemática no Morro da Macaca, já que nunca saiu da comunidade onde nasceu. 

 

Ninfa (Roberta Rodrigues) – Genivalda de Morares, a Ninfa, é uma beldade do morro, semideusa do funk. Ela tem bom caráter, é emotiva e destrambelhada. 

 

Orlando (Du Moscovis) – Frio e calculista. Oriundo de uma família de classe média baixa é amigo de adolescência de Romero (Alexandre Nero).

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas