05 de outubro | 2020

A obesidade é uma importante questão de saúde e não da estética

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A necessidade de isolamento social devido à pandemia trouxe o que podemos chamar de mais uma consequência: o aumento de peso. Não é difícil encontrar pessoas que relatam o aumento de peso durante esse tempo em que ficamos mais em casa. No entanto, a obesidade, principalmente entre as crianças, é um tema que sempre preocupou as autoridades em Saúde, muito antes da pandemia.

Geralmente quando se fala em obesidade, a primeira coisa que se pensa é na estética, ou seja, o que a moda diz a respeito de obesos e obesas, quando o que deveria prevalecer é que obesidade é uma doença que provoca outras doenças.

A obesidade é uma realidade no Brasil, atingindo 38 milhões de adultos com mais de 20 anos. A causa é a mudanças de hábitos alimentares, com aumento no consumo de alimentos industrializados e um estilo de vida mais sedentária. O aumento de peso das crianças aumenta o risco de uma população adulta obesa e o aparecimento de doenças crônicas não transmissíveis.

A obesidade é mais grave nas áreas urbanas do que na rural e mais evidente nas Regiões Sul e Sudeste, onde atinge 23,6% e 22,0% dos adolescentes, respectivamente. O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcares, como chocolates, balas e chicletes pode ainda prejudicar os dentes das crianças.

No Brasil, pesquisas mostram que a prevalência de obesidade em com menos de 5 anos é de 2,5% entre as crianças de menor categoria de renda a 10,6% no grupo economicamente mais favorecido. A causa é multifatorial, estando envolvidos fatores genéticos e ambientais como maior consumo energético e menor atividade física. Há relatos, que na América Latina, a obesidade infantil tende a ser maior nas áreas urbanas e em famílias com nível socioeconômico e escolaridade materna mais elevados. Cerca de 1/3 dos pré-escolares e metade dos escolares obesos tornam-se adultos obesos.

As principais consequências da obesidade infantil são as desordens ortopédicas, os distúrbios respiratórios, o diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias. Sem falar nos transtornos psicossociais.  Em longo prazo, verifica-se o aumento da mortalidade por doença coronariana nos adultos que foram obesos na infância e na adolescência.

Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) mostram que a obesidade infantil atinge hoje mais de 5 milhões de crianças. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em apenas 30 anos, aumentou de 4% para 18% as crianças e adolescentes do sexo masculino acima do peso. Já as meninas o aumento foi de 7,5% para 15,5%. Dados alarmantes, pois as doenças decorrentes da obesidade provocarão um grande problema na rede pública de saúde do País.

A saída é a reeducação alimentar de pais e filhos que deve começar no próprio lar. Deve-se priorizar o consumo de alimentos naturais, preferindo verduras e legumes acompanhados do bom e velho arroz e feijão, tido como a combinação perfeita na alimentação. Depois vêm as carnes magras, o leite e seus derivados, procurando consumir em doses proporcionais.

Os filhos devem ser estimulados desde pequenos a comer coisas saudáveis. Isso pode ser um verdadeiro desafio, mas é preciso enfrentá-lo se quisermos garantir uma geração mais sadia. Além da alimentação, deve-se atentar para a questão do sedentarismo, outro ingrediente poderoso que agrava a obesidade.

Talvez essa permanência obrigatória em casa devido à pandemia possa ter proporcionado uma mudança de hábitos, já que cozinhamos em casa com mais frequência; seria muito saudável se o feijão e arroz tivessem voltado a ser o principal no prato.

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